Penduravas
nas cordas a íntima roupa,
como
oferenda a um deus redentor.
Ia-se o
lamento na levada do sol. Uma benção!
Tal
como os frutos dados ao sequeiro,
para
mitigar as fomes do longo inverno;
o
inverno que te caiava o rosto,
fazia
tempo; o tempo que te ressecara o viço,
te
revirgindara no preto da íntima pele.
Culpavas
o fumo do lacrimejamento
que te
inflamava os olhos verdes,
já
apequenados e secos de gente.
E era
fumeiro, em pleno verão;
do
bulício do regato fizeste retratos imprecisos.
Que
mastigas, chamando
a
saliva que te desfaz o carolo de pão.
No teu
rosto, mulher-dor, só vejo camas de espera.
Onde te
deitas. Há muito, só!
Odete
Costa Ferreira, 11-10-17
Obra Edvard
Munch