sexta-feira, 19 de abril de 2019

Das rosas e da Paixão



Não são as rosas as flores da Paixão,
nem a sua cor é delas natural.
Abrem sorrisos e caminhos de amor.
Carrega volúpia, o perfume,
nos dedos que afagam pétalas
ou as desfolham em leitos brancos.
Coincide o seu esplendor com o tempo
da Paixão - a do Senhor dos Passos,
os passos da dolorosa subida…

Que digo eu das rosas, sacrílega?
Apenas esquissos, olhares de soslaio,
ignorando a base. E as hastes! E os espinhos!
A metáfora redonda
- não há rosas sem espinhos -
Os espinhos que Ele levava.
O sangue de vida - eterna -
O sentido do tempo da paixão…

Mas volto às minhas rosas.
E ao arco que as suporta.
E apreendo todo o tempo
- o da passagem -
e o da memória de todo o tempo-vida.

Odete Costa Ferreira 17-04-19
Direitos Reservados
Foto de Odete Costa Ferreira.


Agradeço, enternecida,  as visitas e o carinho manifestado nos comentários, que fazem o favor de deixar, apesar de não os poder retribuir por motivos ligados, essencialmente, ao cumprimento de funções na direção da Academia de Letras de Trás-os-Montes, como bem sabe quem que acompanha há algum tempo. Abraço-vos.