sábado, 26 de junho de 2021

(A propósito do tempo imaterial | Ivo em Mirandela | 10 e 13 de junho 21)

 (A propósito do tempo imaterial | Ivo em Mirandela | 10 e 13 de junho)

E ao terceiro dia, renasci! A segunda dose da Moderna (dada no dia 12) fez mossa e o ansiado passeio com o Ivo e a Maria fora adiado. Como precioso é o tempo real, em discurso direto, sem distratores digitais, apenas as vozes e as circunstâncias naturais, todos os passos se fizeram em vagares fluidos, como águas mansas e correntes, não fosse o nosso Tua reclamar de desatenção, imprópria aos seus nativos.

Pretexto o passeio, o texto escreve-se sem guião, com o improviso da inocência - Avó, quando calças estas sandálias? Por que é que não há lixo (o recipiente) lá em cima? Os peixes não gostam de papel! -, e a diegese provocada em questionamento subtil e deslumbre de intensíssimos momentos.

“Eu acho que é o pai, a mãe e o filho”, disse a propósito da instalação, dedicada à Festa da Geografia. Há seis meses era uma tartaruga.

“Já vejo as luzes da cidade. Aqui não havia tantas.” - passávamos pela Central de Camionagem requalificada.

“Quando estou em Mirandela, é como um sonho na cama”, disse, já no Parque do Império, parando e olhando-me com o sorriso de covinhas iluminado e eu mirando-o, expectante e presa à sua expressividade facial e frásica.

“Olha ali os teus ténis”, notou mal paramos na montra de uma sapataria inundada de sandálias, havendo apenas três pares dos ditos, que raramente uso, relembrando-me quão atento e minucioso é.

“Olha ali os teus fones”, disse a mana, mais adiante, noutra montra., “os meus não têm…(não percebi), “quer dizer, …”, dizia o Ivo em solilóquio, concentrado e atentando nos detalhes.

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“Ah, quando vieres”(https://www.facebook.com/photo?fbid=4281173311903210&set=a.140114826009100), o poema que escrevera uns dias antes, antecipava já este alumbramento linguístico, esta efervescência de sentir a pessoa a sobrepor-se à criança-que-cresce-fisica e naturalmente.

“Avó, onde estou eu, aqui?”. Era uma foto do meu casamento, a preto e branco, com todos os primos, alguns na casa dos seis, sete anos. “Aqui, não estás”. E tentei explicar, mas nem deu tempo. “Eu tenho de estar aqui, algures…”.

Claro que estás, Ivo! Como podias não estar! O cordão umbilical começou aí!!!

Odete Costa Ferreira 16-06-21 - ©Direitos Reservados


O poema do olhar e do sorriso das covinhas - 4 anos e 5 meses


Só dá por concluída a tarefa quando estiver "perfeitinho", ainda que o tentem apressar


O momento dos desenhos animados


O chão da terra dos avós paternos tem outro sabor!


Há seis meses dizia que era uma tartaruga!


Um dos poucos registos, destes dias, ainda adoentada

(Há seis meses que não privava com o Ivo. Rumaram a sul e a pandemia tem sido castradora de afetos.)

7 comentários:

  1. 🌟
    Querida amiga, gostei de ver o Ivo. Está realmente um menino lindo e simpático.

    Desejo-te um verão agradável e feliz, em saúde e esperança. Tudo vai melhorar.
    Abraço grande.
    ~~~

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  2. Ah, Odete, que lindo que está o Ivo!

    Gostei imenso de o ver e de conhecer a
    sua evolução frásica e raciocínio.

    “Quando estou em Mirandela, é como um sonho na cama”

    Muito obrigada, minha amiga.
    Beijinhos
    Olinda

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  3. Querida Odete

    Adorei a tua ida ao "Xaile de Seda",
    as tuas palavras e o teu gesto de nos
    trazer o Ivo, que vimos ainda pequenino,
    e tomar contacto com a sua evolução.

    Desejo-te tudo de bom e sucesso nas
    funções que ora desempenhas.

    Beijinhos
    Olinda

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  4. Olá amiga, vim ver como está com a escrita e deparei-me com essa cara linda e esse sorriso mais enternecedor. Ele está enorme. Beijinhos amiga e tudo a correr pelo melhor

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  5. UM BOM NATAL PARA SI, IVO E TODA FAMÍLIA. ABRAÇO ESPECIAL.
    ~~~~~~~~~

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  6. Estamos sempre nalgum sítio. Bjs

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  7. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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