terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Em verde de esperança. Em vermelho de vida.


Não, não sou indiferente aos eventos mundiais e nacionais, na exata medida do meu tempo e interesse que me suscitam. Também às minudências e, sobretudo, às reações inflamadas que leio ou assisto, em direto ou diferido. Dou crédito às análises sustentadas em factos credíveis, apesar do pântano noticioso e pernicioso. Sei que nada é inocente e que há (quase) sempre interesses e aproveitamentos por detrás de ações, ainda que nasçam de gestos espontâneos. É época do vídeo viral, do voyeurismo mediático e de palcos mirabolantes para diletantismos bacocos.
E não há sossego. Até o respiro soa desalinhado da sua natural cadência.

E, depois, para que serve este arrazoado, este efémero escrito, perguntará, porventura, quem se interessar na sua leitura.
Clarifico: apetece-me, frequentemente, tomar posição sobre algo mais mediático, sobretudo quando, de ânimo levíssimo, se atenta contra o carácter das pessoas, contra as suas diferenças e quando a indiferença, a roçar o ódio, vem disfarçado numa espécie de opinião e, se feito algo reparo, os ditos venham com aquela frase batida, de ter direito à liberdade de expressão.
Depois, precisamente para dar aso a que o meu respiro se alinhe pelo bom senso, deixo a arena para os digladiadores, sendo que, em muitos, delego o ato de defesa da honra, da minha e de todos os que creem fazer sentido remar em contraciclo, em conceder-nos o tempo de gestos vagarosos pausados em instantes de eternidade. Que fazem o meu sentido, no todo do dizer e do fazer, ramificando-me para o lado de lá, numa ânsia de crescimento que acontece sempre que se desafia a altura dos muros.

Como este meu arbusto: nascido à minha revelia, em terra vaga, glorifica-se, em todo o seu esplendor, apenas do lado de lá. Em verde de esperança. Em vermelho de vida.



Odete Costa Ferreira, texto e foto, em 22-12-19
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Nota: quem me acompanha sabe das razões deste meu espaço estar cada vez mais minguado, em termos de publicações. A escrita, essa, embora mais esparsa, continua  a ser produzida. Vou tentar passar nas vossas casas, por estes dias. Entretanto, deixo os meus votos de uma excelente quadra natalícia e notícias, em fotos,  do meu Ivo, que fará três anos no dia 2 de janeiro de 2020.





O primeiro trabalho (e presente) do Ivo, desenho e recorte.