segunda-feira, 30 de abril de 2012

Bom dia, manhã menina!


Volto a um domingo de reflexão. À prosa. À introspeção do tempo vazio no sentido em que este tempo o sinto por demais preenchido no ciclo da natureza. Ouço-te passarinho risonho, no teu chilreio primaveril, suponho, cantando loas à liberdade do teu querer: pousado no ramo de um pinheiro, espreguiçando no beiral de um telhado ou namoriscando as flores que parecem renascer mais belas que nunca.
Corto este divagar: um menino de quatro anos, perguntei um pouco mais adiante, senta-se à minha mesa, na esplanada quente sobranceira a vivendas e avizinhada por uma fileira de pinheiros que ladeiam um lar de uma IPSS. Com naturalidade, cumprimenta-me com um olá. Trocámos aquelas perguntas/respostas de contato “Sou filho de __, trabalha no __”. “Sabes, vou apanhar um pássaro”. “Para quê?” “Porque quero um pássaro”. “Mas não será melhor ouvi-los como o faço agora?”. “Sim, mas quero um pássaro”. A mãe chama-o e o interlúdio - que prometia -  terminou tão rápido como começara.
Vês, passarinho, como és desejado? Foge, refugia-te, não te queiras engaiolado!
(Um aparte: a não ser uns gatitos que andam em liberdade pelo jardim, nunca fui adepta de animais enclausurados.)
Também sou animal, racional, acrescenta-se e viramos feras se nos sentimos privados da dita, e, mesmo nessa situação, dispomos de uma fabulosa fortuna: o pensamento que só se deixa agrilhoar quando, por circunstâncias de alguma espécie de demência, padecemos.
Hoje foste tu, passarinho – entidade metafórica do meu eu, prenhe de saudade. Em breve, creio, do teu seio nascerá um rebento de esperança.
Bom dia, manhã menina sonhadora!
Boa tarde, sol quente que me pões doente…

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Revolução (em retração)


 Florinhas em bicos de pés
espreitam a sala vazia.
Na mesa, a caixa de rapé,
no sofá a almofada de fantasia.

Lareira apagada,
casa desabitada,
donos em debandada,
crise instalada.

O 25 de abril dos cravos,
cantado anos atrás,
parece ter-se evaporado
e o sorriso emudecido.
O olhar entristecido
vagueia ao acaso,
indiferente ao tempo fugaz.

Revolução.
Evolução do princípio do desenvolvimento.
Expulsão de sentires de natural sentimento.
Devolução de silenciados genes da mente.
Quem contraditar, mente!

OF 24-04-12
Foto – Autor desconhecido

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Entre mundos, estamos.


É banal falar-se em mundos ou vidas. Pluraliza-se não se singulariza.
Reais, naquilo que se traduz num quotidiano, conhecidos e/ou vividos. Diferidos no que aquilo que nos é dado a conhecer ou percecionamos nas entrelinhas. Inventados, quando se quer mostrar uma realidade camuflada. Imaginados e fantasiados, frequentemente, quando no íntimo os desejamos ou mero exercício mental literário.
Ou uma mescla de tudo isto como pedaços de estilhaços na explosão de emoções tal como o rebentamento das ondas na areia, grãos movediços do nosso ser. Por vezes calmos, outras tumultuosos, conforme estados de alma. Mas sempre Mundos, que acrescentam algo mais ao meu próprio, tomando consciência de que, afinal, o meu saber é ainda parco para entender o processo construtivista de um qualquer mundo ou vida.
Consequentemente e em coerência, apenas poderei ter uma única atitude. Respeitar! Não julgar! No fundo, somos apenas seres humanos unidos numa única necessidade: amar e ser amado…
As outras (necessidades), apêndices, nada mais!

Odete Ferreira 27-01-12

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Lançamento de mais um livro da Ana Bárbara de Santo António

Mais uma tarde poética... Aqui fica o convite... Convidativo! A não perder...


O EVENTO...




Adenda: em vez de nova postagem decidi ilustrar o evento com algumas fotos. Apenas acrescento que foi um evento riquíssimo e com casa lotada: uma boa análise da obra, momentos musicais excelentes, com uma voz de arrepiar, declamação de poemas e algum convívio entre amig@s das letras que, pouco a pouco, se vão conhecendo na vida real. O espaço, encantador! As fotos que tirei servir-me-ão para acrescentar beleza a muitos dos meus poemas...
Aguço aqui o apetite!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ensopado humorado

Mesa de sete
(pessoas)
duas, poetas
cinco, de conversas
comidas poéticas
vinho de tertúlias
riso de misturas…
Pratos saboreados
 - a rigor –
 rapados…
Grelhados
de aprimorado sabor.
Ensopados
(bem) temperados
poesia de amor
em soluço de riso dita
Apolónia de nome
espaço de emoção
em afeto poético
partilhado…
Paisagem de cenário
Palha, o mar
barquinhos de brincar
peixe (100) espinhas
a veranear
fotos do momento
gasolina do pensamento
wc de fantasia
– saiu poesia…
1 de abril
águas mil
tanto riso
muito siso
em escorregadio piso…
Antologia inverno
foi (pre)texto…
Recortes poéticos
ensopado bem humorado
estampado
nos comensais
olhar lambuzado
nos doces divinais…
Sei. Voltarei incógnita
colorindo brancos areais…

Foto – Odete Ferreira

Este poema foi escrito tendo por pano de fundo a ida ao "100 Espinhas"  (lembram-se de ter divulgado o prémio de um voucher de 30 euros num concurso?   http://portate-mal.blogspot.pt/2012/02/o-premio-poema-amor-sente-se-no-verso.html )  e  uma  tarde bem passada em boas companhias, para a zona da Moita e Barreiro. No dia anterior, havia estado presente no lançamento da Antologia Inverno, evento ao qual já fiz referência.)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Para pessoas (im)pacientes! ZEITGEIST - Moving Forward (Legendado PT) 2011

Este documentário não pode ser visto por quem tem pouco tempo mas vale a pena vê-lo. Por partes, por exemplo, devido ao tempo de duração. Reflexão, atordoamento, confusão, são processos que podem baralhar dados que (nos) estejam  incutidos. Claro que há outros que que exercem o contraditório. Mas para isso é que somos seres pensantes!
Para os outros da série deixo um link. Depois é só procurar os que estão legendados em português....

sábado, 7 de abril de 2012

Neste tempo de Páscoa, um poema... Páscoa da irmandade

Páscoa da irmandade

Tanta urze, tanta alfazema
coabitam, mão entrelaçada,
aspiram o odor partilhado
oferecem da sua ninhada.
Aceito, de bom grado,
faço um ramo de Ramos
para domingo de Páscoa.

Escuto melodioso sussurro,
cidade  jardim mágica,
oliveiras etiquetadas
disputam meu colo desnudo.

Sinto um olhar reprovador.
Tecem uma coroa original.
Apronto um chamamento sedutor,
ofereço-me(te) em verso floral.

Evoco Madalena arrependida,
na condição de mulher, perdida.
Serva do seu amor, Senhor!
Símbolo de Ser pecador.

Ah, quantas mentais violações
nos perfuram as tradições!
Respeito a essência da religiosidade.
Acredito na simbologia da época.
Espiritual, (re)nasço em irmandade
e escarneço do sacrifício hipócrito.

Páscoa,
em ancestral tempo histórico
ecoa o eco do sino, melancólio…

OF 31-03-12 

(A minha forma de desejar a quem me visita neste espaço doces dias de Páscoa...) 
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/p%C3%A1scoa-da-irmandade 

Lançamento da Antologia Inverno


Chegara o ansiado momento, 31 de março, 18:30. Rumo a Lisboa na companhia da Ana Bárbara Santo António. Antes ainda demos um abraço a amig@s cuja Antologia também iria ser lançada num hotel de Lisboa, pelas 18H. A nossa (a Ana também participa com um poema) ocorreria na fábrica Braço de Prata, um espaço renovado, multifacetado onde só se inala arte... Saboreámos uns deliciosos pastéis de nata, vimos o funcionamento do DVB, partilhámos emoções poéticas, conhecemo-nos (os autores que estavam presentes), trocámos dedicatórias...Foi mais um alargamento da minha rede de gente que escreve com a alma e o coração nos dedos... Obrigada,Teresa Maria Queiroz e Pastelaria Studios Editora! Eis algumas fotos do evento. Façam voar a vossa imaginação até ao local...Ah, acrescento que no blogue da Pastelaria Studios há mais fotos, assim como numa das minhas páginas "Clube de Fãs Odete Ferreira"...

Atividades culturais

Prometi que (vos) daria conta da riqueza cultural das atividades culturais/literárias em que fui interveniente ou em que estive presente. Fiz um esforço mas o tempo , se por vezes é um aliado de que não podemos prescindir, acompanhando o nosso ritmo e sendo como que uma segunda cabeça pensante, outras só lhe apetece correr a maratona e, confesso, deixo-o ganhar. Tenho mesmo adiado postagens de textos, já divulgados em outros espaços, e este MEU cantinho não merece que a dona o ignore. Na sequência, decidi ficar-me por um resumo (por ordem cronológica) postando algumas fotos que ilustrarão os momentos.

Foi com muito agrado que assisti ao lançamento da obra "O Segredo de João Pestana" de Nathalie Lopes (os meus alunos já o andam a ler), no Museu Armindo Teixeira Lopes, em 03-03, Mirandela. Público atento, obra bem apresentada. A Nathalie a ver que afinal se vão cumprindo sonhos literários em meio adverso.                            No dia   10-03-12, no Auditório Municipal de Mirandela, foi a vez do jovem Duarte Luz ver o seu livro de poesia  "Sentimentos" apresentado a um público diverso, contando com um momento musical único: um adolescente que nos presenteou com a sua maestria no piano… Ah e a reportagem fotográfica a cargo de um aluno querido de há uns anos atrás, o Tiago. Só bons momentos…

 No dia 21-03  foi a vez do Sarau multicultural das escolas da cidade, do qual fiz parte com a leitura de três poemas. Um evento a não ser deixado cair no esquecimento pela riqueza humana que se sente quase palpável. A foto que aqui deixarei, escolhida aleatoriamente, poderá dar uma ideia da sua qualidade.
 
No dia seguinte, pelas 18:30, também houve lugar à leitura de um poema na atividade “Chá com Letras”, realizada na minha escola.

 
No dia 23-03, fiz parte da I Tertúlia, promovida pela NERBA, juntamente com mais dois “colegas” da arte de escrevinhar. O “testemunho” que escrevi a pedido de uma formadora do CNO dirá de sua justiça…

Recebi o honroso convite para ser interveniente na I Tertúlia, promovida pelo NERBA de Bragrança, realizada no dia 23 de março pelas 20:30. Não sendo a primeira vez que estaria numa atividade dinamizada por um CNO, sabia, de antemão, que este género de atividades só enriquece quem nelas está, contribuindo para um sentir de encantamento pessoal nos adultos que aderem, espontaneamente, aos desafios que os seus formadores lhes sugerem.
Senti-me em casa. O ambiente de sã partilha de testemunhos, assim como o interesse, quer dos intervenientes, quer do público presente, à volta do processo criativo e outro género de questões que revelam a natural curiosidade pela pessoa que é quem escreve, transformou-se no cenário ideal para que, cada um dos presentes, se sentisse um ator com um papel cultural bem definido.
Na sequência só posso dar os parabéns a todos os que estiveram envolvidos na atividade e que outras surjam, incentivando-os, da minha parte, a ir sempre cada vez mais longe, pois a aposta no capital humano está sempre ganha!
  Odete Ferreira