sábado, 30 de março de 2013

Por aí nasceriam poetas

E se houvesse espaço consagrado
para a poeticidade esvoaçar
e  mortiças almas abrilhantar
com pequenos nadas de que é feita a vida?

Talvez víssemos miragens
nos desertos soturnos de pessoas mumificadas,
nos cinzentos que envolvem paisagens
que choram nos silêncios ignorados
definhando na solidão…

E se houvesse poetas honorários
a cada esquina da cidade envergonhada
onde caras chupadas, inertes e salgadas
deambulam embrulhadas nos seus fantasmas?

Talvez fizessemos outro mundo nascer
desacorrentado de dogmas impositivos,
despojado de touros enraivecidos
semeado de fontes incansáveis
secando o cancro da podridão…

Se e Talvez…
Por que não acasalar
a possibilidade e a dúvida
e daí nascer a certeza
que no mundo das palavras,
a fantasia mais imperfeita
seria música eleita
no poema da nossa vida!

OF (Neste poema seguem o meus votos de uma quadra pascal em harmonia)

quinta-feira, 28 de março de 2013

Para (me) alegrar...

Parecia que andava a adivinhar. Depois de semanas de intenso trabalho, já não me andava a sentir muito bem. Contudo, o descanso far-me-ia recuperar e poderia ter alguns dias para me dedicar a pôr em ordem os escritos - os meus -  e ler os de amig@s nos seus cantinhos. Tal não aconteceu. Já  lá vai uma semana de gripe, a pausa dos alunos passada, tendo apenas um mero FDS para recuperar,  retomando as aulas já na próxima terça-feira. Não sendo a quadra pascal aquela  que mais me inspira por diversas razões, deixo alguma da sua simbologia bem patente na minha cidade, salpicada de odores que não dispenso de ter no meu jardim...


quinta-feira, 21 de março de 2013

A primavera é natureza de poesia



Apetecia-me um bombom
envolvido em papel doirado
que me empanturrasse os sentidos
como a fúria das ondas
 no rebentamento das rochas…

Saciaste o meu desejo.
Saboreei-o, doseado em momentos
e aclarados espaços.
Nos parques onde brincavam crianças,
No jardim cheirando a relva aparada,
nas pausas de enfadonhas tarefas…

Aqueceste um corpo friorento,
a natureza nua e gelada,
parindo rebentos retardados.
Espantando os tons acinzentados,
ofereceu uns olhitos esverdeados.
 
E minha alma ainda arrepiada,
vestiu-se de colorido primaveril.
Dançou músicas inaudíveis
e aplaudiu a tua chegada.
Primavera, doce amiga, não partas!
Deixa adubar a natureza de poesia!

OF       20-03-13
Fotos – Odete Ferreira

segunda-feira, 18 de março de 2013

Surreal III


(Pois é, amig@s. Não somos donos do tempo. E este tem sido o meu senhor. Literalmente! Há, pelo menos duas semanas, que só me ordena que trabalhe. Que aumente os índices de produtividade, indiferente à conta bancária que mingua. Nunca tendo sido avara, agora irrito-me, "à séria". 
Proíbe-me que me "perca" em cantinhos de que tanto gosto. Vigia-me. Olha-me de soslaio. E eu só não o mando às favas porque o meu dever para com as gerações que tomarão conta deste "jardim à beira mar plantado" merecem que  me empenhe, me embrenhe em papelada (alguma com alguma substância, diga-se em abono da verdade, outra apenas burocrática) para que, a partir dela, consiga extrair algum sumo pedagógico.
Há prazos que a tutela impõe. Há processos a constituir que implicam uma fundamentação comparável à de um advogado de defesa. Acreditem, não exagero. Estou perita (se algum advogado precisar de uma secretária - depois de largar as minhas atuais funções - estou apta a coadjuvar na elaboração processual). Tudo isto, só porque tenho alguns alunos dos quais ainda não desisti e quero que consigam fazer um exame nacional mais de acordo com as suas reais potencialidades. Tipo "discriminação positiva". É chavão para assuntos económicos. Mas , afinal, a educação não devia ser uma prioridade económica?)

Nota: o poemeto que divulgo, da série que apelidei de "Surreal", não foi postado para ilustrar este desabafo que me foi saindo diretamente para o blogue. Contudo, vou aproveitar para deixar um outro que ainda está em forma manuscrita, no bloquinho...

Burnout em versos descascados

Estados de cansaço perfurantes,
tarefas e momentos esgotantes
dá nisto: burnout em poesia.
Aulas ginasticadas, 
relatórios pormenorizados,
atas eternizadas,
profissão (por momentos) desencantada...

(Irra, o que escrevi sem contar!)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Entre o sono e o sonho vol. IV

É com alguma pena que divulgo. Como gostaria de estar presente, fui adiando este post. Priorizei a atividade profissional, acreditando que seria possível estar no lançamento. Há muito que recebi o convite e enviei um poema, não tendo sido fácil a escolha. Nunca será a mesma coisa, mas se a editora fizer um lançamento no Porto, lá estarei...

  
 Lançamento da Antologia de Poesia Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho", Vol IV, edição Chiado Editora, pela 15 horas de Sábado, dia 16 de Março, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher



Amo-te, Mulher!
Frase sininho ao ouvido.
Recheada de doce sentido.
Alma essência do ser.
Centro flor aberto ao mundo.

Endeusada se admirada.
Sofredora se escravizada.
Perpetuada se desejada.
Em telas estilizada.
Em nus aureolada.

Fonte que sacia amores.
Rio que exala odores.
Mar que fantasia sereias.
Oceano que doura areias.
Leito onde te deleitas.

Seios que alimentam seus filhos.
Braços que remam a vida.
Pernas que percorrem caminhos.
Rostos de chegada e partida.
Beijos de lago apetecido.

Amo-te, Mulher!
Frase poesia,
eterno poema a (re)nascer...

OF (08-03-13)

 Adenda em 14-03-13: este poema foi escrito na sequência do desafio do grupo poético "Abrigo". No dia da MULHER postei-o no Solar, nas minhas páginas do FB e no blogue. Hoje decidi-me a incluir esta menção honrosa, também atribuída a todas as mulheres participantes....