terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Desequilíbrio(s)




Montanhas esquálidas
roubados que foram seus tufos.
Desapegos de homens insanos
violaram suas entranhas
e o verde esperança que no olhar trazia.

A sombra habitual companhia,
imolada em vão sacrifício,
breve será espécie em extinção
o rei sol perderá alguma frescura.

Peregrino sem destino,
num desatino caminhar,
sossegará em anoiteceres
de mares que esperam,
em pousio, o brilho da luz lunar.

Desacertado está o horário biológico
de uma natureza indefesa
desapossada de equilíbrio emocional.
Destroi pertences e legados
que numa guerra desigual
deles foi espoliada.

Mas tu, ser humano,
da tua inglória supremacia
fazes bandeira de conquista
e reconstrois, em visão meramente egoísta,
cuidando ser apenas teu este nosso mundo.

OF -  12-01-14
Foto – Autor desconhecido

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Não tenho outro meio...

Amigos/Amigas


Há pelo menos 4 ou 5 dias que não consigo comentar em alguns  blogues (caso daqueles que abrem uma caixa de comentários quando se quer comentar ou blogues com uma configuração diferente desta); pode ser um problema do meu blogue pois acontece-me, na mesma altura, comentar num blogue e noutro já não conseguir. Vou continuar a tentar. Se o problema persistir, indico em que blogues isto me acontece. 

Houve uma altura em que demorava a  ir a alguns blogues porque tinha pouco tempo. Neste momento, embora continue com o tempo bastante preenchido, já consigo ter espaço para vos visitar com mais regularidade.

(Mesmo não conseguindo comentar, leio! Senti necessidade de deixar aqui esta explicação pois não tenho outro recurso...)

ADENDA - Hoje, 28, verifiquei que o problema referido já não se coloca. Consegui comentar;  foi, certamente, um problema temporário de conexão com a net. :)

sábado, 18 de janeiro de 2014

Na dança do tempo


Na dança e contradança da vida,
o tempo marca singular compasso.
Agenda caminhos que não escolho.
Autómata, comandada,
marioneta no movimento caprichoso
dos ponteiros de relógios,
poluentes em qualquer espaço.

Fuga! No voo do pássaro,
horizonte infinito, colorido.
Palco de gracioso movimento.
Movimento cíclico
-----dias
-----noites
-----semanas
-----meses
-----anos
-----séculos
-----milénios…
Sigo-o numa correnteza,
cega a escombros desconhecidos.

Fuga! Na barca incerta do destino,
rodopio na carícia suave da brisa,
sapateio nas ondas alisadas,
desenho coreografias impressionistas
nas montanhas escarpadas
que ladeiam tumultuosos rios
e rio ao ritmo de tribais danças.

Fuga! Na ilha do meu sentir,
caixinha de música de melodias,
sinfonias de milenares búzios
e intenso rufar de tambores.
Como vulcão em erupção,
danço lavas ferventes,
seco frescas nascentes,
quedo-me extenuada
estátua sedimentada…
Por terra, em eterna dança.

E assim o tempo venci…

OF -  15-01-14
Foto – Imagem da Relojoaria Vacheron Constantin

sábado, 11 de janeiro de 2014

Amanhecer em abraço de ternura

Sonho amanheceres…

Letárgicos momentos
num corpo embalsamado
entre cobertores sedutores
em ousadia consentida.

O sonho cerra pálpebras
como remos a caminhar
em águas moles, preguiçosas.
Banham faces ainda lisas
por beijos de eternas maresias.

Sonho bosques embrumados
onde imagens fugidias
tomam formas místicas
dançando festas de fantasia.
Sou a dança, música, melodia.

Vejo-te em amanhecer apaixonado.
Sinto teu corpo em mim abraçado.
Agito o sonho sonolento.
Aconchego-me em peito poema…
Resta-me reinventar o momento.

Todos os dias sei de um amanhecer
num acasalamento breve entre sol e lua.
Luz resplandecente em todo o ser.
Renascimento que na alma perdura.
E abraço-me em amanhãs de (a)ventura…

OF -  08-01-14
Foto – Autor desconhecido

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Cronicando...

Aquando do exercício de funções de professora tutora, em contexto de acompanhamento, ocasionalmente e a propósito de relacionamentos afetivos, percebia e era-me expressada a necessidade de saberem  distinguir o que sentiam: era amor, paixão, atração, ou o quê?
Tenho a certreza que nunca fui capaz de definir, clarificar ou delimitar tais sentires, na cabecita confusa de adolescentes ainda à procura de si próprios.
O célebre soneto de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver” é, talvez, o que mais se aproxima da definição, referenciava, já que uma resposta como “o amor é transcendental” não seria apreendido pelas jovens pessoas que me questionavam.
O amor é um caldeirão de sentimentos. Se os pudessemos decantar, veríamos que havia vários ingredientes identificáveis, como paixão, atração, cumplicidade, partilha, saciando a fome pelo outro conforme os contextos e as circunstâncias. Mas, como em tudo, se se colhe algo para saciar a fome, há que, de imediato, repor esse algo para que a fórmula do amor não entre em falência técnica. Em suma, o cultivo do terreno fértil tem de ser constante.
Vem este deslizar reflexivo a propósito de um artigo que li do nosso Miguel Esteves Cardoso (MEC). Confesso que só há cerca de uma década é que me identifico com a sua escrita. Porventura, culpa minha. Talvez ainda não estivesse preparada para o seu cabal entendimento. Deixo-vos o link *. Depois ajuízem…
Talvez o guardem no vosso mail para o reler. Eu assim fiz. Há escritos que merecem ser homenageados no anonimato de horas egoístas…

Odete Ferreira, 05-01-2014 – Foto, autor desconhecido

“O amor é um estado de quem se sente.” (MEC) – Esta é, para mim, a frase chave, o leitmotiv da chama da vida…