quarta-feira, 23 de setembro de 2015

En(Cantos) meus


Obra de Thomas Cole

 Entre os silêncios dos caminhos
indago em mim o tempo percorrido,
os passos fraquejantes do encontro surpreendido,
o espanto da saudade no teu sorriso fino.

Comungam-me as cercanias do maravilhoso,
um reino de que farei parte apenas por segundos.
Sou indigna de permanecer no povoado
mas permite-me a contemplação no rochedo.

Tardas na lonjura do desassossego.
Pelos teus olhos é que me sei plena,
capaz de distinguir os sons da passarada
e as copas das árvores seculares.

O vento da tua infância
conta-me histórias de delfos impertinentes.
Fala-me matreiro das deusas encarnadas
e do teu sangue infiel e aventureiro.

Julgava-te o meu cavaleiro,
o porto onde chegavas cansado,
o sol escorrendo de mel
e eu a lua que te acalmava…

Inquieto-me. Quando chegares
dirás que foi mais um devaneio.
E eu creio…

OF (Odete Ferreira) – 01-05-15

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Bendita cegueira

Para quem tiver disponibilidade de tempo e curiosidade, deixo o link onde se encontra publicado o meu conto "Bendita cegueira", respondendo a um desafio de uma editora, sob o
tema "O amor é cego". A par, escrevi um outro "Amar (s)em desespero", pois o desafio
consistia em escrever dois contos, contudo só  o primeiro seria divulgado.  Ambos farão parte 
de duas coletâneas "Quando o amor é cego" e  "Amar (s)em desespero".


Que a leitura vos seja aprazível!

(Não será necessário deixar comentário no blogue da editora; tratava-se de um concurso que já terminou em Julho; propositadamente, não o divulguei no meu blogue, nem em outros espaços; tinha cá as minhas razões.) 

sábado, 5 de setembro de 2015

Momento(s) XL

Obra do caricaturista polaco Pawel Kuczynski

Fiz um depósito de garantia
enquanto me firmava na música que ouvia.
Juro que estava a ser sincera
mas seria porventura um desejo de outra era.

São assim os remédios que a escrita prescreve.
Ora em livre trânsito, ora em modo de greve.
Distende-se o olhar em tristes lampejos,
no umbigo focada, ignora ordens de despejos.

Assim vai o mundo de selfies se povoando
e as distraídas consciências se moldando…

OF, 27-08-15