segunda-feira, 13 de julho de 2015

Da alma


Obra de Vicente Romero 

(...) Grilo falante, azucrinamento, falta de palco…Sabia lá! A verdade é que precisava de ver as palavras a ganharem corpo no papel. Depois, compunha-o a seu jeito: tirava de um lado, punha de outro, alisava as rugas, definia os contornos. Só parava quando via a alma.
Nem sempre fora assim. Senhora de si, prosseguia no seu labor e criava pessoas que manipulava como marionetas.
Até ao dia em que substituiu os espelhos da casa… (…)

Odete Ferreira – 12-07-15

quinta-feira, 2 de julho de 2015

E no entre-Tanto faço caminho

 Obra de Amadeo Modigliani
É na hora das Trindades,
a hora do tudo ou do nada,
que licito peça a peça
o todo do nada
que à nascença me foi legado.
Ocupo um ínfimo espaço
entre diversas velharias
num bricabraque como destino
onde almas gemelares
ao Destino foram prometidas.
Recuso-me a este leilão,
mercado de escravidão,
vida desprovida de sentido.

E na hora das Trindades
adormeço horas desassossegadas.

Depois em noites estreladas,
num céu de luz bordado,
sei que não sou obrigada
 a ter um único caminho.

(Tanto ser, tanto fazer,
tanto eu a acontecer.
E no entre-tanto
sou-me en-canto…)

É na hora das Trindades
que, por fim, faço caminho…

OF – 13-05-15