domingo, 30 de dezembro de 2012

Eis-te aí, TEMPO, num novo ano!



Guerreio(-me).
Travo lutas mentais.
Campo de batalha,
sem espaço delimitado.
Vão para qualquer lado.
São estocadas fatais
em estertor pensamento.
No limite, enforcam
as palavras. É o fim.

O pacto de paz, penso,
acontece no sono…
Nada sinto, nada me diz.
Estado próximo da hibernada morte,
interregno breve, escassas horas
do esquecimento de mim.

Há um culpado
de atroz ferocidade.
Mata sem piedade.
Todos lhe apontam o dedo.
Mas ele, TEMPO, imune,
ri-se do degredo.
Dono, gere o mundo.

É nesta luta desigual
que passou mais um Natal.
Será neste tempo real
  inventando outro calendário
e desfiando o meu inventário –
que te saúdo, ano novo!

OF 30-12-12  

Secamos muitas palavras de tanto as usarmos,nestas épocas de rituais consagrados. Ocorre-me, nesta linha de pensamento, desejar-te que o tempo seja teu parceiro nos projetos a concretizares.
Esperançada, ofereço-te este 2013! Eu já o domei e os sonhos já negociei. Faz o mesmo!

Odete Ferreira, 30-12-2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Onde estamos?



Deambulei pelo centro da cidade, calcando os minutos que me têm sido sonegados ao lazer mínimo do ser humano. Perfurei, com o olhar, o vazio instalado. De pessoas. De coisas. De movimento. Apalpei a crise. Lojas transformadas em buracos escuros, plantados à superfície. Esta, pelo contrário, está lisa, perfeitamente transitável, previsível!

“Trespasse”: ao desalento acresceu o arrepio. Revi o espaço vivificado, até ainda recentemente, com conversas animadas e discussões culturais, aquando de alguns eventos aí realizados.

Usando a economia narrativa, sei que os leitores inferirão o meu sentir e que as vossas memórias se sobressaltarão… Afinal estamos (quase) todos em modo “Trespasse”!

Odete Ferreira       26-12-2012

domingo, 23 de dezembro de 2012

O Natal do Amanhã



 Hoje…
É hoje que quero escrever
o afeto que não morre
e doá-lo ao anónimo
mesmo que não vá ler.

Um dia saberá
que alguém incógnito
gostaria de partilhar
neste Natal, a alegria natural
que habita o olhar indómito
e o sorriso fácil
na face amadurecida
alérgica à sinfonia do lamento.

Amanhã…
Será numa alvorotada manhã
que a alma adormecida,
tocado por anjo heroico,
voará ensandecida,
batendo à tua porta
rasgada em sorriso estoico.

E cantará…
Ouve, sente, vem festejar!
O espírito do Natal está decretado
no hoje, no amanhã e para sempre!

(E como bailado clássico
mal tocamos o palco colorido.
Vestimos o céu verde apetecido.
Somos nenúfares em festa…)

OF 21-12-12   Foto – Imagem retirada do google

A todos os que me visitam neste cantinho, sejam amigos reais, virtuais ou amantes da fruição das palavras, desejo que, cada um de nós, seja capaz de contribuir para que o espírito do Natal seja uma realidade subjacente a todos os seres, restituindo a roupagem da dignidade que nos tem sido surripiada, em especial aos mais fracos, deserdados dos direitos básicos de sobrevivência. Hoje, ser-me-ia impossível enviar uma mensagem de esperança. Em coerência, apenas posso reiterar o que em mim é inesgotável: o afeto e a dádiva. Que possa, no próximo Natal, vir aqui e pedir desculpa por ter sido tão pessimista. Façamos, pois, a prece da interioridade para que o ânimo brilhe em nós e resplandeça no outro…

sábado, 22 de dezembro de 2012

Estrelas (Não, ainda não é o meu poema de Natal)



Estrelas
pendentes
cadentes
ou decadentes.

Do ângulo de visão
Dependentes.
Do desenho da mão
Independentes.
Do olhar iluminado
fluorescentes.

Faróis em mar encapelado.
Mapa em doce céu azulado.
Guias do vazio encapotado.

Filhas em colo embaladas,
Na cama da alma aprisionadas.
Na árvore da vida depositadas.

Fé a iluminar o caminho.
Símbolo de Jesus Menino…

OF 19-12-12
Foto – Imagem retirada do google