segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Almas afastadas


 Almas afastadas,
por nuvens caladas,
de brumas carregadas
e palavras abafadas.

Travam entre si
guerras surdas
num qualquer teatro,
batido por cenas
dramáticas…
Actores de almas pálidas
e mãos emagrecidas…

Tocam ao de leve
o céu nublado.
Encerram na mão
cada alma guerreante.
Suavemente
aquecem-nas…
Separadamente
em ninho feito de penas.

Apaziguadas,
fazendo uma dança tribal
soltam-nas,
afectuosamente…
Sopros de vento
escorrem de
bocas transparentes.
Elevam-nas,
saem de mãos dadas,
transpõem as
portas cerradas.

O público,
atónito,
olhos esbugalhados
da dança esquelética,
aplaude
a cena patética…

As almas, essas,
rumam
sem rumo certo!

Almas afastadas,
unidas, em palavras
e vontades confessadas!

OF  28-01-2011

sábado, 29 de janeiro de 2011

Silêncios

 Rosto macerado.
Olhos de um azulado
mortiço.
Alma dilacerada
de violência
reiterada
dia após dia.
Angústia antecipada
porque certa
de um outro ser.
Carrasco
oculto,
da mulher
do filho.

Bem falante
em sociedades
de faz de conta
de encolhe ombros
de sorrisos prontros,
encobertos.
Hipocrisia
em estado latente
em seres
de carapaças,
envoltos.

As vítimas
Ah, as vitimas...
Não são vistosas.
Nem bem vistas.
Ironia!
Emaranham-se
Na teia
Que o outro teceu.
Não saem dela
nem do casulo,
feito cápsula
catapultada
num céu encoberto
de nuvens...
As suas...
As do céu...
As da gente.
Numa indiferença atroz
enovelada em nós
que teimamos em não desfazer...
Paz fictícia.
Luta ausente.
Acorda!
Arma-te contra a violência!
Liberta
os seres do pesadelo.
Constante.
Vivido (quase) sempre
adentro de portas...
E almas..
Mortas...

OF 14-11-2010

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Porque é a semana dos diferentes...


O que hoje me toca…

O que hoje me toca,
no fazer poesia…
Jovens que sofrem de
alguma anomalia,
vistos como crianças…
Sua mudança,
é diferente,
dos demais,
ditos normais…

O que hoje me toca
e que observei…
Alguém sereno
dentro do seu mundo, pensei.

Quis ter alguma técnica
na sua mente penetrar...
Ser capaz de pronunciar
a palavra certeira
fazendo-o sentir
ser um, meu igual.

A música que ouvia
acentuou, decerto,
a sensação que me invadia!
Impotência...
Incapacidade de mudar
destinos
sofridos
perdidos,
na indiferença do dia-a-dia.

Uma vaga culpa
de ter algo
que queria partilhar.
Saber que não ia chegar
ao seu eu...
A sua fantasia
não é a minha...
Do seu profundo
mundo
ficarei amputada.
Afinal quem perdeu?
Ele ou eu?

Salvarei...
Os sorrisos
que depositarei
em faces angélicas.
Reterei...
Momentos
que não esquecerei...
OF  08-01-2011

(Não sei até que ponto devia haver dias de ou semanas de...Contudo, aceito estes rituais; são precisas muitas vozes para que alguma se faça ouvir, na temática em apreço...Já aqui postei um vídeo alusivo...)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Voz de silêncios


Queria dizer cara a cara,
o poema que não escrevi.
Seria sempre tão curto
para expressar o que senti.
Conversas silenciosas.
Sonhos intermitentes…
Sono sobressaltado,
acordado, por ramo florido…
Surgia, quase do nada.
Questionava, de madrugada
-Afinal o que sentes?

Havia tanto a contar!
Seria uma história...
Interminável,
contada em parceria…
Seres do imaginável ou
personagens, como se diz.

Mas não somos personagens
nem pessoas desconhecidas.
Amizade, em rede social
onde, se há presença,
nem é física, nem espiritual.
Ou sim, talvez personagens
de romances…
Daqueles em que o cenário,
surpreende pelos contrastes.
Música, fantasia, desvario…
Tudo junto num patamar
elevado ao surreal!

É arte suprema
para alma tão pequena.
Não há uso de alucinantes,
provando que o ser humano,
quando quer, não tem limites!

OF  01-07-2010

Coldplay-- "Clocks"

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Eu…



Se eu tivesse mais tempo,
se eu tivesse algum tipo de poder,
se eu pudesse modificar algumas coisas,
se eu pudesse transformar algumas mentes,
se eu conseguisse tornar alguns sonhos em realidades,
se eu conseguisse chegar a mundos desconhecidos,
se eu afagasse todas as faces sofredoras,
se eu sorvesse todas as lágrimas desnecessárias,
se eu captasse todos os sorrisos de encantamento...
Eu sentir-me-ia uma rainha
de gente desconhecida.
Eu seria o abrigo
de almas perdidas.
Eu seria o colo
de pessoas carentes.
Eu poria na suas faces dormentes
todos os sorrisos recebidos…
Então, já não seria rainha, apenas...EU.

OF 01-02-2010