segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A alma desabafa, o coração acalma. O contrário também seria um título adequado!

Em dias cheios de tanta coisa, sinto, frequentemente, necessidade de partilhar, se bem que, também frequentemente, não tenha ânimo para estruturar o raciocínio e escrever no momento em que teria sentido. Mas hoje, em forma discorrida, sem grande exigência mental, deixo, num poema discreto, que rabisquei no final do dia (enquanto tomava um breve café). Sei que será perfeitamente entendível por quem já me lê a alma...


Esgotada 
de palavras ocas
proferidas a eito
sem público definido
E preocupações sem sentido...

Aborrecida 
de lutas de corpo a corpo
porque de confronto
com o meu sentir
e o de outros, por aferir...

Contraditada
pelo meu pensar...
Errada, talvez, em conclusões...
Sem querer, posso ferir
sentimentos de pessoas
jovens , adultos..

Sinto enervamento
neste preciso momento...

Preciso esvair
de emoções
o que não quero sentir...

Trabalho pesado
neste poema transcrito!

Vou descansar
e moldar este pensar
que me corrói.

Abrir janelas 
dentro de mim 
e assim 
ventilar...
Um eu dorido!

OF 28-02-2011 (18:30)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Há um ano foi assim... (II)

Prometi que falava um pouco mais sobre a simbologia da postagem…

Poderá ter sido inconsequente tal acto, despojado de preconceitos mas ousado pela exposição de espaços temporais vivenciados, abrangendo quase todos os lados da minha vida, sobretudo a profissional. Contudo, ao querer mostrar essa imagem, é o lado emocional que está por detrás de tudo, é a alma, a essência, o sentido que, intrinsecamente, está inscrito no meu ADN.

Frequentemente, sinto que, em dado momento, é o momento! Pressinto despedidas de ciclos da minha vida. Intuição, mas também análise de factos. Quando ouvi o nosso António Damásio falar de inteligência emocional, deu-me um baque; sempre senti que tinha de ser assim. Desde os primórdios do exercício da docência que me insurgia quando o pai ou mãe de um(a) aluno(a) dizia algo do género “O(a) irmão/irmã é mais inteligente que ele(a).” Até saltava da cadeira se estivesse sentada. Nunca acreditei no determinismo puro, assim como rejeito a desvalorização (quase) constante de que são alvo muitas crianças e jovens. Hoje, após ter passado por várias funções, digo-o com toda a propriedade. Voltemos à postagem…

Há um ano, 17 de Fevereiro, dia do meu aniversário, quis marcá-lo, de um modo especial. Ainda bem que o fiz! Não voltamos a ter as mesmas vivências, podem ser idênticas na forma, nunca no conteúdo, na substância… Assim, no próprio dia de aniversário, escolhi, para estar comigo, uma criança/jovem que representasse o expoente da minha vida profissional e afectiva, marcando funções que exerci e que ainda exerço: um bom aluno -um ser completo – da última “fornada” que tive; jovens que acompanhei como professora tutora, marcantes, cada um pela sua idiossincrasia e amigas, jovens que, possuidoras de uma dádiva imensa, foram minhas coadjuvantes no caminho vacilante em que a sua amiga se emaranhava…

Já uma vez disse que não é a soma de experiências que nos molda mas pedaços de experiências que se entranham e nos enriquecem, dependendo também do capital humano com que lidamos ou nos sabemos rodear…

Fui importante nas suas vidas? Sem dúvida! Mas o retorno do que aprendi, o “valor acrescentado” que ganhei (e continuo a ganhar) é infinitamente maior!

Apesar do cansaço, apesar de corridas contra-relógios, apesar de conversas intermináveis, providas do sentido que era necessário conferir no momento, apesar de dores disfarçadas de sorrisos, voltaria a fazer o mesmo, com o mesmo empenho de então…

A tarde foi marcante: houve fotos e mesmo um discurso, improvisado, que uma das meninas gravou no TM. Guardei-o, mas são os momentos e as imagens desse dia que dançam no meu olhar, frequentemente, e que hoje, escrevendo, fazem um bailado de ritmos diversos, porque diferentes eram as pessoas…

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Paz de espírito


Paz de espírito
em dias sonolentos,
de chuva
convidativos
a aconchegos
em mantas envolvidos.
Corpos abrigados
em abraços apertados.
Rostos colados,
sedentes de carinhos.
Mãos irrequietas
percorrendo espaços nus
...De afectos.

Paz em espíritos
aquietados
por luzes incandescentes,
brilhando em quarto escuro.

Passa o tempo
em silêncio...
A chuva batendo
em guardas-chuvas
fechados,
cá dentro...
Lá fora...
Sopra o vento.

Folhas caídas
ensopadas
coladas em pavimentos
escorregadios
de alcatrão envolvidos,
em contraste
com cores invernosas.
O branco, predominante,
pinta a paisagem,
a alma em viagem,
em tempo indefinido.

Que frio...
Entranhando-se em friestas
Que permanecem abertas.
Os corpos, esses,
fundem-se num só.
Protegem-se...
De fadas maléficas.
Clamam cinderelas
que, de mansinho,
como num consílio,
decretaram um dia feriado
 - Pela paz de espírito...
OF 07-12-2010

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Acreditar em anjo (s)...

.. Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam...
(A Hora da Estrela)

Clarice Lispector

 Desta vez "roubei " à amiga Isabel Ropio, mas avisei... Acreditar, como é fantástico acreditar, pelo menos enquanto dura essa crença em algo de traduzível, digamos concreto. Ainda que essa crença se desvaneça, foi sempre fantástico, porque tivemos o nosso deslumbramento!
Em todo o caso, não havia caminho para andar se não estivesse debaixo do nosso chão, a crença em algo que pode ser tangível ou algo que nos toma por inteiro, corpo e alma, logo incorpóreo...Talvez inscrito em sensações, sentimentos, sentidos, sensibilidade...Em nós, no nosso EU...No anjo que habita em nós, num dos compartimentos que ainda não descobrimos ou que, por preguiça, ainda não visitamos... 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Soneto: Nuvens marotas



Queria tanto ver o sol brilhar.
De um sítio que apenas eu sei.
Ajeitei-me, no meu doce afagar.
Ansiosa, assim o esperei.

Subira aqueles seios ondulantes
que só dunas de areia oferecem.
A saudosos e frescos caminhantes.
Calando palavras que emudecem.

Os ecos do seu nome voltearam.
E minha alma empalideceu.
Soltando abafados suspiros, voaram.

Em nuvens cinzentas e se perdeu
este sol, apenas meu. Esmagaram
momentos ansiados. Nada valeu!

OF  06-01-2011
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=2976
(Divulgado pela amiga Maria Catherine Rabello, neste jornal)

Em dia de aniversário

Com sorriso colado nos lábios
e letras de abecedário
se compuseram mensagens
recepcionadas pela visão,
gravadas no tronco da alma
e guardadas no coração.

Foi contentamento pessoal…
Os amigos da página social
eram livres, no seu tempo,
de escolher outro entretenimento.
Quiseram partilhar um momento
com alguém, diferente,
em outro continente.

Imaginamos essa gente
digitando algo que se sente.
E num interior dimensionado,
esquecemos o cansaço
das rotinas do trabalho.

Fazemo-nos felizes…
O calor que vem de dentro
aquece-nos em humanidade.
Desejamos que o valor humano
perdure, na eternidade
desta Terra, doente
de conflitos e desentendimento.

É o grito universal
Que se quer perpetuar.
Unidos, num ideal
de perfeição terrena.
É a marca humana
que queremos impor
sugando a dor
de outro ser, nosso igual.

Em dia de aniversário,
como em contas do rosário,
senti o círculo da amizade
envolvendo todo o meu eu…

Obrigada, amigo
que entraste comigo
no meu céu…
Em dia de aniversário!

OF  17-02-2011 

 (Poema simples, em jeito de agradecimento, aos amigos que estiveram comigo, em dia de aniversário...)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mulekada - Parabéns da Xuxa / Happy Birthday To You / Com Quem Será

Joan Baez - Forever Young

Um violino no telhado ... o original.

Roberto Carlos COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ 720p

Há um ano...


Há um ano, escolhi muito bem este dia; quis que fosse um marco na minha vida. E foi-o, de facto. Escolhi as pessoas que representaram, momentos marcantes da minha vida profissional e em funções diversificadas, aliando o factor humano e o lado afectivo do acto simbólico...Escolhi esta foto, embora não abranja todos os presentes. Talvez volte a este assunto, mas como escrevo este post, num intervalo de actividades profissionais, fico-me por aqui...Bjinhos :)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Clarice diz...Eu acrescento...


Lília colheu uma flor

´Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma.´

´Sou uma filha da natureza:


quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo.´

(A Lília Tavares divulga no seu mural e eu, zás, peço licença e roubo, descaradamente, o que disse Clarice. Se alguém diz melhor que eu, não há razão para eu dizer idêntico - prurido intelectual, outros diriam honestidade intelectual. Desenvolvo apenas esta ideia: sou um ser, como outros seres, e, como tal, respeito-os; serei egoísta ao querer que também me respeitem? Não creio... Serei imoral por não desistir de mim mesma? Também não creio... Contudo não se desiste ou desiste, sozinho...
Lembrei-me de Daniel Sampaio, "Ninguém morre sozinho",  obra relacionada com o suicídio nos adolescentes. Seria, portanto, mesmo de importância capital que qualquer um se lembrasse que os seus actos, ainda que individuais,  provocam efeitos, digamos, colaterais. Umas vezes positivos, outras negativos. Como saber? Não há um manual de procedimentos para as coisas dos seres, mas encontro no diálogo, a melhor forma de saber que tipo de efeitos provocam as minhas acções quotidianas. Por isso pergunto, questiono, incessantemente, quase obsessivamente, mas quero assegurar-me que o outro ficou mais apaziguado. Não se trata de dizer "tenho a minha consciência tranquila, fiz o que pude"; trata-se de , precisamente, de não nos sossegarmos com este tipo de raciocínio e, sobretudo nunca o dizer. Há sempre um degrau à nossa espera...)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Repouso


Sorrindo,
ar envergonhado,
deixo-te aproximar
e afagar,
alguns fios de cabelo,
emaranhados
em caracóis,
repousados
nos ombros desnudados.

Aconchegando
a écharpe descaída,
tapando esse nu
descuidado,
afasto-me
da tentação
de aproximar
os dedos ansiosos
e mergulhar
nos lisos
escorregadios
de um cabelo farto.

Fitando
os olhos cerrados,
magnetizados
pelo teu sentir
solto a mão,
ficando inerte
um instante
em momento de ilusão…

E em pura fantasia
espraio-me
em verdes
atapetando
um chão
exalando odores,
quentes,
após chuva de Verão!

OF  22-01-2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sexta-feira do meu contentamento...

Só o título é que é pomposo! Li muito de Steinbeck, na minha juventude!
Hoje, dia para as minhas coisas literárias: digitalização de poemas (quase sempre escrevo primeiro num bloco - ah, se soubessem os mandatários de campanhas políticas como dão jeito, investiriam muito mais nestas prendinhas!), escrita de mais outro, leitura atenta de um regulamento - necessário, antes de se assinar qualquer coisa - e a resposta um mail que, enfim, me vai obrigar a uma gestão milimétrica da minha agenda...
Mistério...Sou assim, o meu interior tem de se saciar com os sentidos que decidi imprimir a momentos, é como se tivesse algum poder sobre o meu destino ou algo do género...

(Primito: consegui incorporar uma mini aplicação no blogue...Progressos!)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

No meu céu


Queria ter o céu
dentro de mim…
As estrelas
incandescendo
meu corpo
brilhante de luz…
As nuvens
como almofadas
de cabelos
cansados.
As cores do arco-íris,
vestuário quotidiano,
em festa transformado.

Uns dias seria sol
em ti projectado.
Outros, lua
em lago prateado.

Verias
no meu céu
um ser imaginário.
Sonharias
romarias
num santuário.
Em seus altares
pousarias
teus olhares.
Com eles desenharias
a alma sonhada
incorporada
em mente perturbada
por visões etéreas.
As estrelas, corações
dourados,
em dia de namorados.

Um dia o eu, meu céu
Desceria…
Tocaria
a tua face febril
empalidecida
de inusitadas visões.
Dedo minguado
acalmaria
teu olhar orbitado…
Da Terra cansada
tua alma
vaguearia
no meu céu…
Até ser dia!

OF  04-02-2011 

(A  Maria Catherine continua a divulgar poemas meus. Agradeço, registando o link...)
http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=2943 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Uma não notícia ou um poema como notícia!

Sim, tenho algo de fantástico para escrever, mas ainda  quero  guardar para mim...Precisa de tempo e ainda não me foi possível...

Continuo a escrever poemas e a poetizar, o mais possível, os momentos. Quero, na medida em que esteja ao meu alcance, conferir sentidos aos vários instantes que somam a (minha) vida...
Já agora o que me impede de publicar um poema simples, com uma pontinha de brincadeirinha??? Nada! Mais um sentido que acrescento, não ao dia mas a uma parte da noite...




A conta da vida

 Descontando o silêncio dos dias.
Acrescentando o ruído da mente.
Subtraindo os momentos de euforias.
Somando alguma noite decente.

Perfaz,
por certo,
a vida.


Somas e subtracções.
Divisões e multiplicações.
De tempo de relógio.
De tempo de ilusões.

Assim vai,
passando,
a vida

A do real, a que se vê...
A outra perde-se na conta errada.
Não bate certo na matemática!

Mas está certa, na prática!

OF  29-01-2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Instantes



Vim apenas.
Sem saber para onde.
Resolvi
tomar um café fumegante.
Tal a lareira acesa que
ficou acesa,
há um instante.
Deixei
a mente
sossegar de pensamentos
preocupantes.
Precisei
de a esvaziar
de emoções
angustiantes.
Um não ser
ou um ser esvoaçante
entre um chão
e um ar rarefeito.
Talvez pairando
num apeadeiro.
Suspenso
de uma luz invisível,
tapada por nuvens…
Num céu
em nuances de cores
que imagino
em palete lavada,
a precisar de ser pintada.
Imagens
sobrepostas
em eus projectadas,
salpicadas
de órgãos ao acaso,
como puzzle
a ser arranjado.
Perfeito!
Um corpo vai surgindo…
A alma vai fugindo
numa liberdade impensada.
Desafiante de regras humanas
impondo um mundo incorpóreo.
Mas…
A luz incandesceu.
O corpo tremeu.
E o céu desapareceu…

OF  15-01-2011 

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pedro Bial - Filtro Solar (clipe real!)

Poesia adormecida


 
Eis chegado um momento
de confronto,
comigo mesmo,
este ano, ano novo.

A escrita,
de poesia,
foi de férias
(algum dia, iria)
apenas estes dias
de festa.

A prosa privilegiei
entre um sentir
pessoal e
uma ironia radical
de poemas, descansei.

Mas este confronto
saudoso do eu irracional,
amoroso, inaugurou
as palavras feitas poema
entre dedos, maquinal…
Como se fora um outro
ou outro qualquer afinal
que, a meu lado,
se senta e
olha espantado
um pequeno bloco…
Desperdício
de campanha eleitoral.
Ganho de poesia ínclita
em tempo de descrença
na geração da presença
em lugares socializados
através de teclados
que pouco dizem.

Os silêncios sentem
a ausência de sentidos
da palavra falada.

Não falei.
Escrevi!
Mas senti…
O que não direi…

OF  04-01-2011