sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Hora H

É tarde, muito tarde...
Tarde nas horas mas também tarde metaforicamente...
Parece que se anda sempre ao avesso e nunca se acerta na hora, a dita hora H...
Reflicto:
em momentos, sobre os momentos, neles cabendo as pessoas, o que sentem, o que partilham, o que apenas indiciam, sem ousar ser claras, como se as palavras doessem mais que os sons que elas produzem...
Sobretudo, no que alguém disse, despojadamente, num exercício quase de salvação de si mesma, da sua alma; sem ela é-se trapo (embora se façam mantas lindíssimas com eles). Faz-se sorrir e agradece. Que grandeza de alma. Não pude deixar de ficar touchée.
Fico parada a olhar para o rectângulo em que escrevo este textito...Já disse tanto, já dei tanto, já escrevi tanto, que já não apetece dizer muito mais...
Hora H; se calhar temos tantas e nem damos por elas...
Vou andar munida de uma lupa a ver se a vejo na hora certa...
(Em surdina, direi que acabei de traçar o esboço para um flipchart...precisamente sobre as horas; raio de formação, uso dos QIM, tecnologias, blá, blá, blá, mas também há almas em desespero, dentro e/ou a partir delas. Confuso? Nem por isso... )

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Seres incompletos

Seres incompletos

Há pessoas famintas,
de alimentos saudáveis.
Saciam-se de tudo,
Mas sentem-se inábeis.

Socorrem-se de fintas.
Escondem do olhar,
profundo,
A fome de todos os afagos,
do mundo.
Sonegaram-lhes o afecto.
Prometeram-lhes os abraços,
acolhedores.
(...)
 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A força maior...

Escrevo directamente este post, sem me deter nas palavras que vou escrever a seguir...
Acabei de ler uns posts de um blogue (o teu) e não tenho tempo de os comentar, De repente, a força maior: escrever eu um post que será lido e entendido...
Há alturas que nem todas as palavras mais belas nos preenchem, pela sua efemeridade...
Podem dizer que tudo é efémero e assim é, de facto. Mas há pessoas, emoções, sentimentos que ficam cá dentro e disso não quereríamos prescindir...
Contudo, a vida não nos faz esse favor sempre que se precisa...
Por isso, mesmo assim tão breve (este escrito), faz das forças coração, faz-te a ti própria os milagres que sejas capaz, constrói um cenário só teu, realiza aí o teu filme e vive o sonho! Faz o favor de me obedecer!
(Engraçado, estou a a acabar de escrever e toca no blogue Scorpions...Meu Deus, será premonição???)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Send me an angel

 Todos nós precisamos de anjos...Pode ser uma figura do imaginário ou a nossa própria alma. Quando era criança havia o hábito de rezar como se de um ritual se tratasse. E havia sempre algo como o nosso anjo da guarda...Por onde andará esse anjo que invocávamos? Ainda existem? Há mais dias de demónios que de anjos ou anjos que são o demónio! Não sei o que é pior, mas é sempre mais correcto saber que temos um demónio à nossa frente (sempre poderemos exercer o ministério da conversão) do que alguém que nos aparece como anjo. É dado adquirido e não fazemos o menor esforço para descobrir se lá no fundo há algo de demoníaco... Sem darmos conta, somos presa fácil. Confiamos. Confiamos no ser humano. Confiamos que há mais anjos que demónios e deixamos de lutar. Assim, sendo maioria, haverá sempre salvação para este mundo, que ouço frequentemente apelidar de "cão" - e que sempre rejeitei, recusava aceitar tal designação... Estou em fase pessimista, descrente, mas creiam há razões...Perdoem o desabafo...

(O título deste post é o mesmo do vídeo que escolhi; em vez de o enviar directamente  para o blogue, registo a ligação. É só clicar.)
http://www.youtube.com/watch?v=YDv4R_TcT9M

sábado, 16 de outubro de 2010

Sábado e em trabalho!!!

Não é bem o twitter mas apeteceu-me...
É sábado, dia 16 se Outubro, 9:45, estou em Chaves e cheguei à escola onde a formadora dá a formação sobre os QIM, às 9:10. Contudo, só há pouco a formadora chegou. Como não gosto de perder tempo, dei uma vista de olhos ao mail, ao face e, claro, ao blogue.Deliciei-me com o comentário do meu primo (também com outros, aqui não há lugar à inveja...) e cá estou a colocar breves posts...Inté!!! :)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Que fazer?

Hoje, ainda quinta-feira, sinto-me estranhamente cansada. Emoções a mais dão nisto! Todo o dia foi assim: emoções que invadem calmamente o ser, outras fazem ferver, outras ainda crescer, naquele sentido em que temos que lidar com contrariedades que abafamos e obrigam a sorrir a olhos que esperam tudo (ou quase) de nós...
Ontem, participei no aniversário de uma jovem com dificuldades de aprendizagem, na escola que frequenta...Ainda há poucos dias não queria estar na escola...Agora sorri, não só com a sua boquita, mas, sobretudo, com os olhos...
Hoje um jovem ingressou num curso que desejava, apesar de ainda não ter a idade exigida. Outra emoção...
Depois, ouço coisas tão bonitas, de públicos tão diversos...Não admira, este cansaço... Vou dormir (resposta ao título deste post)...Chega, por hoje.. 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A ti, eterno menino

Este blogue nasceu com a preciosa ajuda técnica deste meu  primo. Aliás, escrevi um texto a propósito, na altura. Irmão do meio,todos passaram lá por casa e   pelas minhas mãos, numa altura em que foi preciso colaborar com os pais , ausentes no estrangeiro.  Lembro-me de ensinar a ler o mais novo, por quem nutro uma ternura muito especial...Ora, não é que o meu primo me cobrou a dívida- ajuda técnica- tal como aqueles homenzinhos de fraque (e logo eu que detesto dívidas)? Vá lá, a dívida não foi difícil de cobrar, apenas um poema...

Na breve pausa que fiz recentemente, lá para os lados da capital, lá nasceu o poema! Dívida paga, não venhas cobrar juros!!!

Escrever-te um poema!
Desafio arrepiante.
Apenas porque te amo,
desde que eras uma criança
traquina, inconstante,
olhar vivo, de azeitona…
Não suspeitava,
Não estava atenta…
Esse olhar, já transportava
a inquietude de uma alma a saltitar,
a procurar
o caminho que sabias existir
mas não conseguias descobrir.
Mesmo afastando pedregulhos
e entulhos de memórias.

Subiste montes.
Desceste vales.
Contemplaste mares
e espaços desconhecidos.
Emaranhaste-te em teias
invisíveis.
Cercando-te em cenários,
agora risíveis.

Porque te ris
das tuas próprias personagens
de filmes aterradores
eivando-as de todas as dores!
Cravadas...
Em palavras
que sabes dizer…
Únicas, em cada momento,
conforme o sentimento
de estar ou não estar.
De querer ou não querer.
Ou apenas deixar acontecer!

Interessante…
Períodos da nossa vivência
afastada fisicamente.
Se calhar aparentemente.
No fundo, gritamos presente.
E sim, finalmente,
a tal afinidade
emergindo do submarino
em que se encontrava.
Aprisionada.

Escrevi o poema…De alma lavada!
OF 03-10-10

I – Ismael e Chopin

Aqui  há uns tempos escrevi  uma espécie de apreciação crítica sobre um livro de Miguel Sousa Tavares (MST), que li em férias. Sempre que vou para algum lado, aproveito para ir fazendo umas leituras, uma incursão mais pelo infanto-juvenil, no propósito de orientar os meus alunos.
Ismael e Chopin aguardava  a sua vez, p a c i e n t e m e n te (e, ocorreu-me agora, há muita paciência nas personagens principais desta obra…) que a sua dona lhe concedesse a honra de ser lido e de deleitar…
Não, não vou fazer nenhuma apreciação crítica! Apenas transcrever alguns parágrafos, que fui marcando. Portanto, quem estiver interessado lerá a obra!
P. 25: - E para que serve a música, pai?
- Pois, isso é que é fantástico: se pensarmos bem, a música não serve para nada. De todos os sons da natureza, é o único que não se sabe para que serve. As conversas  servem para nós nos entendermos uns com os outros: (…) .O silêncio serve para descansarmos do ruído das conversas, para ouvir os outros sons, para pensar na vida. Mas a música, para que serve a música? Não serve para nada: só para ouvir. E o que é extraordinário é que tenham sido os homens a inventar a música – eles, que tanto falam e que vivem rodeados de tanto barulho, que é um som que destrói todos os outros sons da natureza.”
P. 30 e 31: “Não havia nada de comparável no mundo que eu conhecia. Nenhum som se assemelhava àquele. Nenhuma experiência, nenhuma coisa que eu conhecesse ou tivesse já visto me dava aquela sensação, ora de alegria, ora de tristeza, ora de qualquer coisa mais profunda que eu não conseguia explicar.
A partir daí a minha vida mudou. Eu era um coelho (…). A minha vida era a de um coelho normal (…). Mas, a partir do final do dia, tinha uma vida que mais ninguém tinha (…).  Porque agora eu tinha a música (…). Como se a própria floresta deixasse de existir, quando o Sr. Chopin se sentava ao piano e a sua música saía, voando por entre as árvores. “
( Continua…)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Heterónimos da vida

Acordei…
Sei que sonhei.
Mas não me lembrei
que não era preciso!

Desses sonhos esmorecidos,
não fica registo.
Seriam os mais loucos,
de um inconsciente submergido.
Subjado por poderes,
sem rostos,sem tempo definido.
Levitação num estado puro!
Sensação de um não ser.
Ou um ser em outros mundos…

Aparelhos invisíveis,
captariam as únicas verdades
que, dentro de nós, permaneceriam.
Ah! Puro discernimento,
no fundo bem guardado.

 À superfície assomem,
sob a forma consciente
as máscaras, múltiplas,
em espelhos reflectidas.

Não temos uma vida
mas vidas, a cada momento.
Heterónimos do pensamento.
Heterónimos, em cada vida!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Só porque me apetece...

Podia postar um poema, era mais fácil, estão escritos, ilustrados com fotos...Podia ter postado fotos que tirei em Sintra, Lisboa...
Podia escrever um texto que me anda a bailar na cabeça há uns tempitos...
Podia ter transcrito umas partes do último livro que li e assinalei...
Mas não, não me apeteceu...
Antes partilhar estados de alma que se sentem em alguns momentos e que não podemos deixar fugir (nem sempre as palavras nos fazem a vontade!).
Dia atarefado, o de amanhã não será menos (adrenalina em torrente...)...Expectante sobre a reacção dos meus alunos a uma sequência de aulas que planifiquei...
Mas, o que quero mesmo,  é dizer que me sinto tão apaziguada... Quase inebriada de emoções  e sensações que vivi só porque temos amig@s especiais que, sabemos, nos fazem sentir únic@s. Parece uma frase feita, mas por que raio teremos que ser sempre criativ@s!!!
Obrigada a quem partilhou comigo tanta coisa (falada, escrita ou apenas adivinhada em entrelinhas inexistentes mas que captei em almas sedentes como a minha!)...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Em mudança


Cai uma folha seca
de mansinho,
como se entrasse,
no meu caminho.

Cai uma lágrima sentida.
de repente,
Como se se despedisse,
de outra vida.

Sente-se a mudança
da estação do ano,
mas aguardamos,
em apeadeiros,
a chegada da estação
da nossa vida.

Inspiramo-nos em histórias
de heróis e heroínas,
actores e actrizes
nas suas próprias vidas.

Procuramos uma interioridade
que caminha lado a lado.
Não são caminhos paralelos.
Apenas sentimos felicidade,
ainda que a tristeza
se espelhe no olhar brilhante.
Sabemos que encontramos
o céu, as estrelas,
a lua atrasada,
o sol incandescente!
E assim construímos
a nossa fortaleza!

OF 03-10-10 

domingo, 3 de outubro de 2010

Apontamentos de um lugar Parte II



Ilha de contrastes, a de Tenerife…,
Tom esbranquiçado, esfarolento, alternando com nuances de preto vulcânico, em rochas de porte significativo, apoiadas em outras de menor porte, fillhotes amparando a mãe de idade já avançada, contrariando um leitmotif muito em voga (este país não é paera velhos)…
Vegetação rasteira, rareando, sobrevivendo apenas pela força vital da própria natureza, que assim o deseja…
Mar e um quase deserto, alguns picos elevados, encadeando-se, em certos espaços, interrompendo um continuum, talvez como a vida – umas vezes encaixa-se, outras ruptura-se…
Não aprecio as cores, evocam-me a luz mortiça das candeias, um tempo que não traz saudade, a não ser a que é própria de um tempo em que não havia electricidade…
A auto-estrada rasgada nesta paisagem mais inóspita que atractiva, não terá causado muitos danos ambientais…
Mas eis que surgem os oásis: palmeiras, uma flora diversificada, tremendamente chamativa: verdes, cores choque – roxos, vermelhos, amarelos indefinidos…- e as formas – ora curvilíneas, ora selvaticamente irregulares…
As pedras, senhor, as pedras: geralmente associamos uma semântica negativa a estes elementos da Natureza. Aqui são pertença de um reino que assim se fez: apareceram, provavelmente, de forma tosca. Repelente, talvez…
Mas, neste caso, a mão humana fez um belíssimo trabalho: poliu-as, quando necessário e delas fez belas estátuas (sentido figurado, claro), que embelezam esses oásis, tornando-os tão únicos, quanto a ilha que escolhi para estas férias…
Para o ano haverá outro projecto. Há tanto a descobrir, que seria imperdoável regressar a um sítio que tão bem está gravado na minha memória!

(Nota: este texto foi apenas escrito, nesta data -02-10 – baseado nas notas que registei na viagem de autocarro, até ao aeroporto, já no regresso.)

Apontamentos de um lugar Parte I

Estamos sempre ansiosos pelas férias. Não daquelas grafadas com f minúsculo! Aquelas…Férias, de sonho de preferência! Fazem-se malas apressadamente, escolhem-se os mais belos trapitos(para a noite, claro), outras mais de ocasião (descontracção também liga com evasão)…
Parte-se de avião, para chegar depressa ao destino. Parte-se à descoberta do quarto do hotel, fazem-se comparações com outros…Ah, que bem instalados…
Provam-se iguarias, escolhemos os sabores, se são férias há que experimentar sensações gustativas, tradicionais, de preferência…
Depois, bem, imaginem….
Ah, as fotos (tire muitas fotos, stora-pediram-me as minhas catraias).Não podia desiludir! Esta viagem também lhes pertence, não podendo partilhar os momentos, levo imagens captadas pelo meu olhar…
Isto foi apenas intróito…Na verdade quero registar o que não se pode mostrar em imagens…Incidentes, talvez, daqueles que não têm nada de especial mas que lhes achamos uma graça inusitada como quando somos crianças ou jovens em grupo, dizendo umas graçolas que nos levam a dizer “que tarde-ou noite”
Dos lugares não falarei muito, neste capítulo, vou reservar para um outro, conforme a vontade de escrever.
Primeiro as línguas, logo pessoas, com quem contactei, por escassos momentos – umas palavritas de espanhol, outras de inglês, imensas em francês (até com o recepcionista privilegiei esta língua- “armada”, pensarão alguns dos que terão paciência para ler este texto; fiquem a saber que não me importo nada).
“Je n´ai jamais trouvé une personne qui parle très bien le français”-disse o senegalês – sourire très large - que me fez um bom desconto no colar de “pierres repaintues par sa mère”…Evidente que se referia àquele lugar, pertença de espanhóis…Também não sei se de facto o colar tinha esta origem, mas que importa, neste mundo tão efémero!
E a foto que queria ter junto à cascata – artificial, é certo! Aproxima-se um jovem casal…Tento o inglês, mas para meu espanto, embora holandeses, desatam num espanhol, (quase português, conheciam alguma coisa de Portugal e queriam voltar), e naturalmente surge um conversa muito agradável, civilizacional, essencialmente…Belo momento intergeracional e a foto ficou linda!
O que é fantástico é este mundo global, ainda capaz de se entender.. Nos lugares que visito, prefiro a dita geografia humana…
E quando queria ter net!!! Se eu não tinha, bastava olhar em redor –só no átrio da recepção é que havia Wireless- e numa misturada de palavras, lá percebíamos que quando diziamos “no useful”, era melhor largar o notebook e ir até outro lugar..
OF - 17-08-2010
(Nota: este texto ainda foi escrito no avião de regresso de Tenerife; contudo não o postei porque queria escrever uma 2.ª parte, relativa aos lugares: Entretanto os afazares foram tantos que fui protelando. Nesta breve pausa, decidi concluir e postar as duas partes…Mais vale tarde do que nunca!!!).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Abraço



Abraço

Braços protectores,
semeando amores.
Desabrocham em jardins,
suspensos.
Acariciam múltiplas flores
que nascem em corações,
impregnados de emoções.

Abarcam todo um ser
em sucata triturado.
De lixeira roubado,
em centro floral presenteado.

Recebem desabafos,
murmurados.
Devolvem gestos,
encantados.
Não cobram tamanha dívida!

Acolhem,
desses jardins suspensos,
Espalham bênçãos,
em almas gulosas
que as recebem
saboreando o favo de mel
de um abraço apertado
e em afago, transformado.
OF  13-09-2010