Obra de René Magritte
Há um
Abril que se semeia na calçada
lavrando
regos a cada passada.
É o
renovo a cada alvorada.
De
verde marcada. De vermelho anunciada.
E é da
calçada o espanto das pressas
percorrendo
as ruas de promessas,
não as
dos homens, esses abalaram
mas as
dos sonhos; esses ficaram.
Sem
morada assinalada,
Sem
hora anunciada.
E eu
quero-me calçada
ecoando
a liberdade sufocada
nos
montes da minha memória,
nos mares
pesados de História,
nas
bandeiras desonradas,
nas terras
abandonadas.
Ecos a
ensurdecer a pacatez,
palavras
urgentes a cocegar a mudez,
pombas
redentoras a rasgar horizontes,
cravos
diferentes a nascerem aos montes,
sóis claros
a clarear os empedernidos,
sons do
mundo a esperançar os feridos…
…Assim,
há sempre vida na calçada
e a
festa veste-se em cada madrugada.
OF (Odete Ferreira) – 25-04-16
(E a luta nunca se dará por terminada enquanto houver calçadas espezinhadas...)
Adenda em 01-05-2016
Deixo o link (https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206066329277381&set=a.2902700046700.2120335.1236440969&type=3&theater ) de quem publicou para o caso de quererem saber dos créditos. Devo estar na foto, mas se não estiver, é como se estivesse. Lembro-me como se fosse hoje. Um mar de gente unida. E eu fazia parte dessa gente.
O 1.º de Maio de 1974. smile emoticon
Feliz dia!