quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Distâncias


Distâncias
cruzadas
na mente
doente.

Reais
medidas
na estrada
apagada.

Percetíveis
audíveis
no vento
pardacento.

Sentidas
sofridas
nas palavras
faladas.

Gravadas
marteladas
nos olhos
chorosos.

Odiadas
amaldiçoadas
em surdina
assumida.

Surreais
paranormais
nos sonos
sobressaltados.

Distâncias
(que não queria).

Distâncias
(que fazem a noite e o dia).

Distâncias
que afastam e aproximam
o corpo, a alma, a mente.
Que encolhem ou alargam
o fosso no meu ser, inconsequente.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Hoje até pode chover torrencialmente e arrepiar-me com a as gotas que pressinto mas não sinto. Hoje duvido que o sol dê o ar da sua graça. Mas hoje decidi ser eu a graça que não sente a chuva e faz brilhar o sol... Há sonhos irrepetíveis. São apenas nossos! :)
Odete Ferreira 26-10-11 - 09:50
Adenda: final de dia, dia quase invernoso; mas o espírito do estado acima escrito, logo de manhã, foi cumprido...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Novo ano letivo, um registo em atraso

            5 de Outubro. Retomámos o ano letivo a 15 de Setembro. Escrevi um post sobre intenções de estratégia para os alunos que me fossem atribuídos. Não se me afigurava nenhum perfil de turma mas fosse qual fosse, era assim que queria experienciar algo de substancialmente diferente das ditas (e gastas) apresentações que, certamente, redundarão em fastidiosas para os alunos, após a repetição de estratégias idênticas. É uma das minhas características: estar de um lado, o meu lado, mas, como se fosse omnipresente, estar do lado de lá, incorporando cada um daqueles seres que sempre se sentem expectantes face a um novo(a) professor(a).
            Face a experiências adquiridas e assimiladas pelo natural processo de questionamento e reflexão, quer pessoais, quer profissionais, a estratégia pensada passaria por algo deste género: os meus alunos teriam de ficar capacitados que iriam ser os melhores alunos do seu ano; ao seu lado do estaria uma “corredora de fundo”, logo seria uma estupidez da sua parte não tirar proveito deste recurso.
            Eis senão quando, num blogue que visito regularmente, me deparei com uma referência “ao poder da acreditação”. De imediato a estratégia pensada, encontrara algo que se me afigurava como tremendo, para o tal pontapé de arranque. Um vídeo, real, cujo protagonista, sendo um menino ainda pequeno, se apresentava poderoso. Pedi autorização para o usar. Concedida, com todo o prazer…
            Primeira aula de Português. Entrada na sala. Alunos que se podiam sentar onde quisessem (mais tarde haveria tempo para definir algumas regras, sempre mínimas, mas que faço cumprir escrupulosamente). Apenas um breve cumprimento.  Alunos com um ar um tanto atarantado…
Após os recursos estarem ligados, projeção do vídeo (2/3 vezes). Seguiu-se a fase da sua discussão, entre os alunos. Sempre com a mínima intervenção, escreveram, após, o que quiseram, num quarto de folha, entretanto distribuída. Ilustraram, os que assim entenderam. Em seguida, cada um veio ler o que escrevera, havendo, então, lugar à apresentação mútua. Surgiu um episódio curioso e hilariante: um dos meninos, nesse cumprimento de boas-vindas, inclinou-se e beijou, respeitosamente, a mão da professora. Sim, repetiu-se a cena para registar em foto o momento. O clima que pretendia estava criado. Queria-os convencidos da sua capacidade e da competência relacional da sua professora. O caminho, que sempre está pejado de pedras, ficaria mais limpo, as pedras mal seriam notadas ou chutadas para canto.
O vídeo  que ficou conhecido como “O poder da acreditação”, é te tal modo cativante http://www.youtube.com/watch?v=OVKb6ZwEqxU&feature=player_embedded que provocou reacções de espanto, de auto-motivação e vontade. Do que foi escrito, tudo deveria ser transposto para este post. Sendo impossível, optei por um bilhetinho que retratará o efeito que provocou.


  
Obrigada, Rui, (http://coisas-da-fonte.blogspot.com/) avô orgulhoso deste menino prodigioso, pela forma como nos dá uma lição de vida…
Odete Ferreira 

domingo, 23 de outubro de 2011

Amigos para siempre - Josè Carreras & Sarah Brightman


(Pausar MixPod)

Porque quero conservar alguns amigos para sempre... Porque sei que que é cada vez mais difícil assumir o que se gosta... Porque aprendi que não há verdades absolutas... Porque amarfanhar a sensibilidade é o caminho mais rápido para a insanidade... Porque hoje pensei em tantos amigos, deixo estas vozes que se exprimem melhor que eu...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Para lá das nuvens

Um mar branco acinzentado,
divisória ilusória.
Raios de sol após incêndio apagado
projetam um cenário lunar.

É assim entre dois céus.
O que está mais perto do sol
e o que avisto do mar
quando deitada
em areia esbranquiçada,
o mágico amigo
me leva a pairar…
Imagino castelos envoltos em véus
a esvoaçar…

Numa dança feérica
em que apenas o ventre
proeminente,
arranca dos olhos gulosos
do meu senhor
o desejo de o beijar.

Agarrado a uma ponta
volteio-o…
Brinco ao faz-de-conta,
fujo, vem atrás!
Icebergues de nuvens
amovíveis
como cenários teatrais,
ancestrais
de um tempo que não conheço
cujo segredo
não quero desvendar.

Chega-me o eco
(Princesa, onde estás?).
Resvalo para o vale
atapetado de algodão macio.

Abeiras-te…
És o anjo apetecido
e como deusa no Olimpo,
perco-me no teu sorriso.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ainda a propósito da entrevista no site da editora...


 Uma nova semana. Uma manhã em que quero acabar de passar para o formato digital alguns textos, por sinal escritos há bastante tempo...Ouço apenas o chilrear dos passarinhos e o ruído peculiar do tráfego automobilístico na estrada. Até a máquina que inicia a construção de uma casa muito perto se calou. Estou no meu silêncio, inaudível em palavras, gritante , no pensamento. Há pouco dei por mim a pensar "há de certeza pessoas que gostariam de me ouvir, tenho pessoas a quem gostaria de falar", contudo cada um permanece no seu canto, no seu espaço de conforto, como ouvi no seminário de sábado sobre "Coaching"...
Domingo: consegui ler as últimas entrevistas e alguns poemas, deixando singelos testemunhos, no site da minha editora. A minha entrevista http://worldartfriends.com/pt/entrevistas/entrevistada-do-m%C3%AAs-de-agosto-de-2011-odete-ferreira , já foi lida por mais de 600 pessoas. Apreciei. 
O entrevistado do mês de Outubro, assim como a de Setembro, merecem ser lidos tanto ou mais do que eu http://worldartfriends.com/pt/entrevistas/entrevista-do-m%C3%AAs-de-outubro-de-2011-ricardo-rodeia .
Ninguém me encomendou o sermão, como costuma dizer-se, mas sei que sou um espírito "Coach". Por isso, aqui fica a divulgação.

Adenda: estava a terminar este post, quando o meu filho, numa curtíssima paragem, me vem dar um beijinho e apresentar as colegas da equipa: esperam-nos alguns quilómetros de estrada até Miranda do Douro. Vão fazer o trabalho de pesquisa. Depois as filmagens. Em breve haverá um novo programa na RTP, de reportagem, sobre aldeias de Portugal. Nos  últimos dias sorri muito pouco, também ainda não sorrio, mas a crença que me é inerente (ah e o horóscopo - deixem-me introduzir uma nota de humor) vai fazer ressaltar o meu "EU"...
Odete Ferreira

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mulher mar

 Nadar
saltitar
e leves ondas navegar.

Correr
amanhecer
e o tímido sol a nascer.

Espreguiçar
acordar
e este sol abraçar.

Deitar
alisar
a toalha do sonhar.

Dormir
sentir
e os lábios a sorrir.

Acariciar
beijar
e a boca a salivar.

Amo estes dias de verão.
Amo este mar de paixão,
como em estado de revelação…
Tenho direito, sim
a estes frémitos de emoção.

Sou menina brincalhona.
Sou mulher encantadora.
Ofereço a minha natureza,
um todo sentimental,
extenso. Incontável.
Tal como este areal
onde escrevo
deitada em toalha
azul, molhada
da espuma que sôfrega bebo.
Filtro o sal…
Agora adocicada
sinto-me amada…

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Um orgulho!!!

http://www.facebook.com/pages/TRILHOS/117990984957628

http://www.facebook.com/media/set/?set=a.1012978781499.2004.1735930705&type=3

(Vale a pena cliclar nestes links!)
:)

Tempo(s)


 O tempo é fugaz…
Ou os momentos.
Volteiam os pensamentos
à volta dos tempos.

Incerteza…
Dizemos preguiçosamente,
dos tempos.

Perdidas…
Dizemos hipocritamente,
das almas.

Crenças…
Dizemos convictamente,
das gentes.

Que procuramos, neste mundo?
Que sonhos perseguimos?

Sentimo-nos impotentes,
gritamos presente.
Criamos outros mundos,
muito diferentes.

Mas, tal como o tempo, fugazes...

Olhamo-nos nos olhos.
Visionamos miragens.
Construímos castelos.
Nas nossas viagens.

Mas, tal como o poeta,
Pelo sonho é que vamos!

Este ou outro mundo...
Que importa!
Agora o sonho...
É que nos transporta!

O tempo, a alma, a gente!
Trilogia omnipresente.
Em cada dia.
Em cada tempo.
Em cada momento.

OF – 05-03-2010
 (Poema não incluído no meu livro"EM SUSPENSO")

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pablo Neruda - Frases Maravilhosas

Porque hoje já é 3.ª feira e já apetece recordar o belíssimo pensar deste SENHOR...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poemeto - Hum...


Poemeto

Hum…

Deliciei uma nata
branquinha
acompanhada de um café
fumegante…
Por ser tão pequenina,
demorei-me no sabor.
Engano meu,
não passou de um instante…

OF 25-09-2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Informação: Em Suspenso

Quero partilhar com quem visita o meu blogue que o meu livro "EM SUSPENSO" está quase esgotado, segundo me informou a editora, via mail. Agora segue-se a minha dúvida existencial: faço outra edição ou parto para um segundo??? Poemas não faltam!!!!

Help-me!!! :)


(Claro que fiquei muito contente :) ) 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Uma vez mais...Clarice Lispector!

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.

Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.

Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.

Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.

Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.

Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.

Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.

Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".

Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.

Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.

Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.

Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.

Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!

Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.

Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:

- E daí? EU ADORO VOAR!


*Clarice Lispector*

Ouvido tísico

 Hoje uma parte de mim chora
algo de indefinido
mas perdido…

Neste cenário paradisíaco
também ouço choros,
pedaços de cacos
que atracam nas almas
feitas de coros
angelicais…

Barcos saídos nas brumas
homens vagueando fantasmas…
No regresso, acharam jamais
seu porto de abrigo.

Por isso ouço
choros soados a gemido.
Ouvido tísico
de doença incurável
a de uma dor,
inexorável,
sempre dormente…

A do eu. A do mundo
palpável.
Fenómeno físico
na massa molecular
do destino.

sábado, 1 de outubro de 2011

Princesa do Tua

Olho através de olhos
esfumados…
Estes dias de sol que fazem doer
quando mostra a sua juventude.
É preciso usar uns óculos
assim.
Filtram a paisagem:
também a mim.

O repuxo, alto, de formas
irregulares
conforme a brisa
que sopra
ora de ímpetos 
ora de saudades.
Erguendo-se
e caindo do lugar eterno.
Tua, é o rio.

Olhais de uma ponte
de velha apelidada.
Sugiram outras,
mais novas,
tal como num desfile.

(O tempo, ávido,
também se cansa,
gosta de mudança.)

Tantas árvores
que avisto…
Não as identifico
não me sinto mal.
Sinto o essencial

As formas, as cores, as variedades.
Depois…
Depois as folhas
em vaidades,
justificadas,
adornam as margens,
Tua, é o rio.

Os lugares, onde moram as pessoas,
parecem adormecidos
Alguns, bem enquadrados,
outros, partem os vidros
de uns olhos esverdeados.
(O poder imperou)
neste outro registo
da minha cidade.)
Não sei bem o que sinto!
Mas há algo de nostálgico
de um lugar transmutado,
em favor da modernidade.

OF 26-07-2010 
(Retomo a ideia se publicar poemas escritos em esplanadas e não incluídas no livro "Em Suspenso".)
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/princesa-do-tua-0