sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2012…Já?


 O Calendário…
Uma vez mais o calendário!
Organizado,
atrativo,
publicitário,
mensageiro
ou apenas datativo.

Hoje assinala
Dezembro, vinte e nove
de dois mil e onze.
Em breve
Janeiro de dois mil e doze…
Gosto de números pares,
evoca-me sensação
de partilha.
O ímpar, solidão.
Sentimento quase palpável
com a palma da mão
no presente das cidades,
no futuro das aldeias,
no agora das ruas
com gente, mas nuas.

Que raio!
Este poema sai ao contrário!
De suposta mensagem de harmonia
e votos de felicidades,
escrevo palavras de agonia
e espanto amizades!

Domestico-me…
No meu parco vocabulário
folheio, como num passeio,
os sentidos positivos.
Procuro objetivos
a traçar em folha branca.
Decido-me…
Em caligrafia primária,
escrevo numa folhinha
uma palavra mágica:
AMIGO,
- acrescento -
SONHA COMIGO!

Neste arremesso de poema, em jeito de votos de um ótimo 2012, expresso o que quero para ti: quando te sentires à beira do abismo, lembra-te que alguém te pediu que pensasses em mim e sonhasses comigo os sonhos que, sozinha, não serei capaz de realizar!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Cidade enovelada


Mesmo enevoeirada
a cidade traz-me encantada.
À falta dos raios de luz natural,
brilham os néons alaranjados,
enfeitando de tons doirados
os corpos curvados,
enregelados…
Sentem-se em sala de festa
e brincam no arraial
das árvores brancas da floresta!
 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Serenidade

Serenidade. A palavra com que caracterizo este momento, final da manhã, sentada num dos cafés da nossa “baixa”. Sim, agora as cidades ditas de média dimensão também têm a sua “baixa”. A nossa avista um rio feito lago onde águas serenas se alindam com o reflexo das árvores, da luminosidade natural e artificial, mais profusa nesta quadra.
Dormi bem. Sei que sonhei sonhos difusos, organizei tarefas prementes. Seguiu a mensagem de Natal nas páginas onde escrevo, confidentes de mim e partilhadas para quem gosta de me ler. Também por mail. E algumas conversas de voz que são sempre o melhor. Faltam algumas sms, mas faltam sobretudo pessoas que gostava de ter comigo para o abraço real. No entanto, o afeto é conectividade, por isso também segue pelos fios elétricos, por satélite, sei lá que mais. Mas segue!
Pouca gente na rua, a estas horas. Calmaria, ausência de poluição sonora. Pessoas que riem e eu sorrio. Um sorriso imperceptível, de felicidade disfarçada. Nunca a sentirei plenamente. O que sou impede-me de esquecer as realidades deste mundo tão desigual.
Há pouco recebia uma sms de uma jovem que acompanhei, institucionalizada por circunstâncias da vida. É mais uma das minhas jovens amigas. Vejo sempre o seu olhar meigo e o sorriso doce que me envolvia, brincando com os meus sapatos de cordões ou algo do género. Talvez por isto ou aquilo é que dou ao sorriso a centralidade do ser. Mas fiquem sabendo que fico literalmente de ventas com atitudes que visceralmente me transfiguram…
Anjo, demónio. Dicotomia e coexistência.
Hoje serei, seguramente, um anjo de asas vermelhas. Só porque visto um casaco vermelho ou será porque é a cor do pai natal? Vá lá, um pouco de humor neste dia de consoada, predispõe para apurar o(s) sentido(s) dos vários sabores que esta quadra pode proporcionar.
Enfeite-mo-nos deles e pisaremos pedaços de céu apenas nossos!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Christmas Story - Journey Of The Angels/Silent Night by Enya.wmv


(Pausar MixPod)
Sei que haverá paciência para ver até ao fim....

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boas Festas - Poema Alquimia de Natal


(Pausar MixPod -Playlist)

Alquimia de Natal

Esventro cada palavra
na sua semântica,
nada a ver com a teoria quântica….
Uma teimosia para lá do querer,
um desejo narcísico,
uma vontade anímica
de algo original escrever…

Tola, pura insanidade!
Sobre esta quadra
já tudo se disse…
Procurar a originalidade,
mera reciclagem do lixo
indiferenciado na mente,
separado por dedos mágicos
até encontrar a semente
da flor da felicidade.

Ah! Então sim!
Um espírito de alquimista,
laborioso se daria
e à tarefa com alegria
de multiplicar ao infinito
a essência da semente.
E todos os dias seria Natal!

Ensacada em sacos porosos,
transportada em nuvens de poeira,
disfarçada em bela feiticeira,
deixaria nos campos de batalha,
nos campos de refugiados,
nos campos ceifados
de alimentos em falha,
nos lugares de desempregados,
nos espaços dolorosos,
nos olhares desesperançados
o odor esgueirado dos sacos,
a essência da felicidade!

Assim, a semântica do Natal
dispensaria o alarido da solidariedade!
E os sorrisos envergonhados
e os seres, unos, abraçados
seriam reinos de afetividade
e concertos de música celestial.

Odete Ferreira, em 22-12-11, com votos de uma quadra natalícia vivida à medida dos desejos de cada um, usando e abusando de gestos tão simples como o sorriso e um afago na face de uma criança!
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/alquimia-do-natal-boas-festas 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Natal de luz natural

  
Fios de neve pendurados,
em espaços envidraçados,
por magia elétrica iluminados,
evocam a quadra do Natal.

Gente diligente, esta
que prepara com desvelo
uma época especial…
De afeto, de vontade
revelada em solidariedade
a gentes sem luz própria,
por falta do essencial.

A crise diminuiu os enfeites,
as ruas ficam mais ensombradas,
as pessoas mais acaloradas
de abraços mais demorados
num reencontro espiritual.

A mãe natureza, pródiga,
oferece em dádiva natural
ramos verdes de pinheiros
e do azevinho, os vermelhos.

Crianças famintas
de presentes,
acatam de boa vontade
a negação de desejos.
Explicados,
ficam sorridentes
doando alguns brinquedos
a meninos de olhos
ausentes de sonhos.

Renasce o espírito original
da comemoração do Natal.

Palavras rendilhadas em mantas de retalhos


Sabia-te poderosa
de encantar como as sereias.
Sequiosa também de teias
tecidas, dolentemente, nas ameias
de um castelo qualquer
onde não avisto sequer uma rosa!

Sabia-te semeadora
de jardins de flores raras
medrando só em interiores
abertos a esplendores
que se intensificam
quando pronunciadas.

Sabia-te mediadora
de conflitos aguerridos
crescendo em raivas incontidas
ressaltando o rubro do rosto
transfigurando um doce corpo.

Amava-te
de um amor apenas meu.
Sabia-te admirada
e idolatrada por poetas…
Em poesia rendilhada
subia ao azul do céu…

Sabia.
Conhecia.
Vivia
momentos encantatórios.

Sei.
Conheço.
Vivo
momentos difamatórios
descascando lembranças
nossas,
guardadas no sótão de cada uma,
amigas!

Num repente estamos eufóricas
e as palavras rendilhadas
preenchem a manta de retalhos
que arrastamos nos marasmos
da insensaboria dos dias.

Ontem, amigas, em palavras,
refizemos vidas…

OF 17-12-11 (Poema alusivo ao serão pós lançamento do Ousadias, entre amigas...)
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/palavras-rendilhadas-em-mantas-de-retalhos 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Evento: lançamento da obra OUSADIA


Há imagens que valem por mil palavras...Nem sempre é assim, contudo, no evento do lançamento de Ousadia da amiga Teresa Almeida , dia 16 de Dezembro, em Miranda do Douro, decido-me pela imagem. O momento da assinatura do seu livro, será reavivado sempre que vir esta foto e todas as sensações de um sonho partilhado, farão eco na minha memória literária. À amiga desejo sucessos pessoais, à autora encantamentos poéticos!

Odete Ferreira

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Gente, pessoa, ser humano...

 Há pessoas que possuem, naturalmente, uma resposta assertiva para questões/desabafos de outrem. Respostas, observações profundas que têm o condão de nos surpreender pela incomensurável “sabedoria” que nelas está inerente.
Não são pessoas fruto de acasos; são-no porque se elevaram no sentido em que procuraram patamares de interioridade quase espirituais, alimentando-se a si próprias, buscando o seu apaziguamento.
São especiais, a meu ver.
Como prioridade buscam uma perfeição interior e as suas leituras não são certamente as que relatam biografias de trazer por casa, como aquelas que se vendem bem, de pseudo estrelas ou pseudo figuras públicas, às quais a comunicação social alimenta o ego..
No início foram e sê-lo-ão sempre, pessoas inquietas mas que interiorizaram que tudo tem solução.
Costumo dizer, em situação mais de índole profissional, que só não há solução para a morte. Mas este é um patamar que eu ligo a um género de procedimentos de atuação. Apesar de lutar para a solução, é algo que será visto no exterior de mim. No meu interior, o campo dito pessoal, ainda não tenho enraizada esta convicção.
Talvez tenha chegado a hora de me dedicar a leituras de aperfeiçoamento. A hora de aprender a ser extremamente seletiva no tempo, a ser eclética na doação imaterial, a partilhar a minha alma com quem me entenda, me respeite e, sobretudo, “me goste”.
E isto, creiam, em nada mingua o esqueleto da essência do meu ser. Nada tem a ver com o significado de egoísmo ou desprendimento pelo ser humano.
É algo para o qual, neste momento, não encontro a palavra perfeita!
Mas também não o sou, por isso não quero ter a veleidade de a descobrir!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Receio o sorriso da indiferença

Vi-te sentado num sorriso
trocista
como em palácio
desencantado
que ri de si e para si
num olhar alheio
ao tempo em que te parti
ao meio.

Tentei fixar a argúcia
da minha vista.
Descortinar nessa postura
algo mais da pessoa
que pressinto avassaladora
quando em ondas de emoção
abraça intensa paixão.

Inquieto-me…
Receio a insensibilidade,
o desprendimento
de afetos.
Um crescendo
de adeptos
a eleição da indiferença.
A futilidade do momento.
A ineficácia do tempo.

Um tempo outonal
apetecido ou odiado
(ainda que variado
de cores matizado
e cheiros olfatado)
marcando um final
de um ciclo vivencional.
De nós , da natureza
que em cândida pureza
estremeceu
ao cair da primeira folha
que alguém levou
e no livro da vida guardou.

OF 25-09-11
 http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/receio-o-sorriso-da-indiferen%C3%A7a#comment-156644

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lançamento do livro "OUSADIA" de Teresa Almeida

Mais um enriquecimento pessoal, partilhado com todos os que lerem este livro da minha amiga Teresa Almeida. Estarei com ela, em presença, não por ela ter estado comigo no lançamento do meu "Em Suspenso", mas porque há momentos imperdíveis e a vida só assim vai fazendo o seu próprio caminho. E eu quero estar dentro do caminho e não a vê-lo apenas   de longe! A par, a Teresa brindar-nos-á com a  exposição de algumas das suas pinturas...
16 de Dezembro, em Miranda do Douro, 18:00H...:)


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

SARAH BRIGHTMAN "AVE MARIA"

Um som que perfura as entranhas e nos faz sentir pequenos...
 (Pausar MixPod)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Operação (im)possível: dissecação da alma

Hoje peço emprestado algum do saber de um cirurgião…
Preciso dissecar a alma e não sei como fazê-lo. Se me inclinasse para o coração, talvez fosse mais fácil. É um órgão vital mas, a meu ver, aloja sentimentos mais compreensíveis. Agora a alma!?
Primeiro havia que a corporizar; depois depositá-la em algo inexpugnável para não voar (é essa a sua natural condição de ser imaterial – estar e não estar, vagabunda, pérfida, poderosa…); a seguir, com pinças inventadas, tal como se executasse um número de mimo, separar os sentires: os que decididamente são inexplicáveis, remetê-los para o sofá de um sábio analista; os que a mente consegue minimamente explicar ou fazer emergir pistas para que o eu, por inteiro, lhes dê alguma consistência, ficariam expostos numa vitrina transparente, forrada a seda vermelha. Rejeito o veludo, não fosse a textura deteriorar o que não vejo, mas sinto.
Em pura contemplação para compreender os movimentos agitados e a direção que tomam, se é que há alguma regra pré-definida, repararia as partículas virulentas (ah, antes teria que ter outras para fazer transplantes) e reconstruiria, pelo menos uma parte, de forma a que os sentires positivos ficassem em maioria!
Pronto, terminei a operação: voltei a colocar a alma no meu ser, transportada nas palavras que acabo de escrever…

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

“Todos os dias penso em ti”

Em breve, num cinema perto de si...

Barrou-lhe o caminho. Literalmente. A tal ponto que pôde assistir ao cair das parcas folhas, sentir os respingos de gotas de chuva no seu rosto, visivelmente irritado da discussão havida numa daquelas reuniões em que há muita parra e pouca uva.
Apeteceu-lhe interpelar a figura com um forte impropério, carregado daquela semântica que alivia a tensão do ser por inteiro. Foi a tempo e a um tempo que ficara adormecido por falta do beijo do príncipe que quebrasse o feitiço da bruxa má. Afinal a vida em plena metáfora dos contos de fadas…
O olhar e o sorriso, em peso idênticos, acordou-a. Menos nítido, mais mortiço. Mais apertado entre as pregas laterais dos lábios, o sorriso. Mas iluminado, como sempre o fora. Perco-me no teu sorriso, podia bem ser um verso de um poema. O poema que ficara incompleto, não por falta de inspiração mas por convenção ou conveniência. Nunca o percebera na sua plenitude. Cansou-se. Cansou-a de respostas vãs. Ausência. Demência de parte da sua alma. Não podia consentir que a levasse por inteiro. Precisava dela, para si, para os outros que dela dependiam.
Pelo mexer dos lábios percebeu que lhe dizia algo mas não conseguia ouvir. Sentia-se afogada no mar das reminiscências e o corpo não respondia, entorpecia. Um beijo mais demorado na face, agitou-a. “Que disseste?”, conseguiu balbuciar. “Percebi que não me estavas a ouvir. Desculpa o atrevimento. Continuas linda! E sabes, todos os dias penso em ti. Amo-me, amando-te, assim. Fica bem”.
Seguiu e ela por ali se quedou. Quanto tempo? Não soube…

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Enfeito a alma dos jardins

 Enfeito
vasos em oval
compondo um lindo floral.

Enfeito
vasos redondos
atraindo olhos pestanudos.

Enfeito
árvores pequeninas
envolvendo os troncos fininhos.

Enfeito
o passante vagaroso
que me acaricia, deleitoso.

Enfeito
espaços vazios
onde amados se perdem em sorrisos.

Enfeito…
É minha função.
Aceito, aquece o coração…

Enfeito-me de mim,
com flores multicolores
de formas apetitosas
aninhando belas mariposas.
Dou a vida a cidades descoloridas
e a pessoas ausentes de almas…
É nelas que busco a origem da vida
presente em lugares que me fogem…

Apenas me sinto no chão empedrado
parte de um passeio partilhado,
palco de disformes personagens…
Parto com elas, quero outras viagens!
 
OF 18-06-2011 
http://worldartfriends.com/pt/club/poesia/enfeito-alma-dos-jardins#comment-156063 

Bay Asheyanam (Instrumental Flute Music)

A amiga Deunice Andrade presenteou-me com este vídeo. Agradeci e prometi que ficaria no meu blogue. A música tem vários fins, um deles pode ser o efeito catártico. Por vezes há que saber ler sinais. Hoje tinha-o no meu mural do FB. Vou degustá-lo como manjar de deuses...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Porque hoje é domingo...

Pensamento de um dia (in)vulgar...

Somos feitos de uma matéria que, por mais estudos que se façam, os ingredientes que nos fazem essência de nós próprios, permanecerão intangíveis.

sábado, 3 de dezembro de 2011

 
Amanhã, pelas 16H, estarei presente nesta atividade, fazendo parte da mesa...É com grande prazer que nela estarei. Será mais um momento de arte, aliando as fotos do jovem Carlos Alvarenga à poesia... Não percam, Centro Cultural de Mirandela. Um evento inédito por estas terras... :)
Odete Ferreira 03-12-11

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Neste dia será assim!


 Arrisco não arrisco.
Se não arrisco
não degusto
aquele bacalhau a saltar
a meus olhos sedutor,
mais as batatas a murro
em azeite do mais puro
na boca, pecador.

Não quero cozinhar.
Fazer uso da cozinha, sim.
Torná-la local de convívio,
pôr uma vela a queimar
exalando um quente odor
capaz de enxotar o frio
dos rostos sem cor.

Neste dia, será assim!

OF 01-11-11
Foto Autor desconhecido
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/neste-dia-ser%C3%A1-assim

Crónica dominical - Pai versus filha - Adenda

 Na sequência da "Crónica dominical", na qual referi o reencontro de um pai com a sua filha e cuja postagem não reproduzi, ei-la agora aqui divulgada, devidamente autorizada. Aproveito para agradecer  o facto de ter sido apreciada a dita"crónica"...Mais palavras? Desnecessárias! O que esta criança replicou, no momento em que viu algo que os unia , reduz qualquer adulto à sua mera condição de aprendente...

"As crianças são fantásticas))) Uma das coisas que surpreendeu a Alexandra foi eu ter levado a jaula de hamsters e com que brincávamos muito 3 anos, 1 mês e 14 dias atrás. Ficou muito admirada de eu ainda a ter e perguntou-me: Tu passaste este tempo todo a tratar dos ratinhos? Eu pensava que tinhas arranjado outro menino para os dar. Como se explica a uma filha o conceito de “até que a morte nos separe?” Ou "pai para sempre"?))))

A separação da Alexandra durou 1140 dias entre 10/10/2008 (data em que foi subtraída quando regressava da escola em Portugal) até 24/11/2011 (data em que se conseguiu executar a primeira visita num Ponto de Encontro Familiar, em Valência, Espanha)."

Da minha parte, só posso desejar que o caso continue, paulatinamente, a subir patamares, no superior interesse da criança...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amor Electro - A Máquina

Não sei com andava tão distraída! Depois de uma breve pesquisa soube que este grupo já é bem conhecido. Contudo, só quando comecei a ouvir esta canção, via telefonia, nos percursos de carro, é que a curiosidade me tomou...Nem sei se pela música se pela letra. Não resisto a incluí-la neste meu espaço!!!

(Pausar MixPod)

A sustentável boca do ser

Pausa de pensamentos profundos,
alienação da alma
emigrante para outros mundos.
Postura corporal
curvada, na voz do outro
na presença
de seres familiares,
falam de si para si
mas ouço….
Parecem felizes,
sou feliz,
pareço feliz.
Interrogo:
sou eu dentro de mim
ou eu dentro do momento,
composto pelo ritual
da mesa paradoxal
de diferentes sabores
unindo pelo alimento,
preenchendo bocas vazias
de sentimento
espiritual
do estado emocinal
que particularizo.
Uma essência levitacional
que se transcende
habita um céu
que desenho mentalmente
para onde carrego
toda a gente
em anjos pintados
coloridos
de cores a inventar.
As nuvens, toalhas
sonhadas
ofertam alimentos
manjar de deuses
almas a saciar
de desejos
que sentimos a queimar
num corpo, sem, asas, a voar.

OF 08-08-2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Crónica dominical - Pai versus filha

Um pai e sua filha, suponho, pisando delicadamente o relvado. Apercebo-me que usa óculos, a esta distância pouco mais poderia reter. A menina sim. Terá uns cinco/seis anos. Não mais; meias já quentinhas, uma saia curta, um casaco rosa. Já com alguma pose, deliciava-se a acariciar a relva com as suas botinhas, retardando o passo, vendo-se que o pai a ia arrastando...Parecia que não queria andar. Lembro-me que o meu filho me fazia um exercício deste género quando preferia ser levado no meu colo. Mas o seu peso já fazia doer as costas e queremos sempre inculcar a autonomia, entendemos este género de atitudes como preguiça. Mas será mesmo? Hoje questiono-me. No tempo dele já havia carrinhos, de longe um arremesso aos que há de tão sofisticados. Dava por mim a levar o meu filho ao colo e a arrastar o carrinho, pois o choro esfaqueava-me a alma.
Ontem, num dos grupos de discussão do FB a que estou associada "Se as crianças falassem", havia uma postagem do principal mentor (deduzo) desta página. Postagem tocante, valia a pena reproduzi-la mas nunca publico nada de outrém para a qual não tenha solicitado autorização. Sou visceralmente contra a apropriação intelectual. A postagem teve inúmeros comentários. O caso não era para menos. Ao fim de 3 anos e pouco, voltou a estar com a filha de sete anos e partilhava, em meia dúzia de linhas, esse reencontro.
Ligada que estou, por profissão e outras funções, a crianças e jovens, qualquer situação em que os progenitores não sejam capazes de separar as águas, no caso da finitude do relacionamento, causam-me enervamento. Há tanto a mudar na legislação, celeridade e acompanhamento efetivo nesta matéria!
Toca-me de forma particular  quando um pai luta pela guarda do filho/a, assim como o bom relacionamento de que me apercebo em muitos casos, alargando este conceito à partilha, à cumplicidade. Chega a emocionar-me!
Por cá ainda está muito enraizada a tendência de a atribuir à mãe, Sei, cada caso é um caso. A regulação das competências parentais tem que ter um dos dois à cabeça mas, cada vez mais, ambos são chamados a tomar decisões conjuntas em matérias fulcrais para o desenvolvimento e formação do ser, pertença de ambos para sempre.
Já vai longa esta "crónica". Não pensava escrever sequer sobre este assunto. Bastou ter reparado num pai e sua filhota, no final de uma manhã cinzenta, já fria, seca atmosfericamente, mas bem regadinha de afetos. Podem não ser os meus, mas, em tempo de crise, são ainda o que temos gratuitamente. Basta acreditar em algo que não se vê, a alma, e em algo que pulsa e dá vida...Coração...
Odete Ferreira 27-11-11

domingo, 27 de novembro de 2011

Vídeos do lançamento do meu livro "EM SUSPENSO"

Já estão disponíveis no youtube 4 vídeos que cobrem a sessão de lançamento do meu livro "EM SUSPENSO". Hoje a minha tarde de domingo, ocupou-se com este evento. A filmagem e edição esteve a cargo do meu filho, Rui Simão.
Já decorreram uns meses mas aproveito para reiterar os meus agradecimentos a quem esteve presente e ausente (por diversos motivos), assim como a quem pôde adquirir o meu "EM SUSPENSO"... Estarei por aqui e junto de quem me lê, sempre! :)

Adenda: parece que para já não poderá ser visionada a 4.ª parte por ser demasiado longa. Em breve, o assunto será tratado...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Roupa enamorada


Estou enamorada
de roupa lavada
saída da máquina de lavar.
Vestiram corpos
perfumados.
Ficou bem ventilada
e pronta a usar…
Novamente perfumada
atrairá olhares
enviesados,
discretos,
quando se passear
na rua movimentada.
Ou na noite,
projectando
na sua sombra
um lânguido andar…
Simples ou mais ousada
farão parte de um eu
risonho, em dias festivos,
despida, em momentos efusivos…
Então suada
e enxovalhada
será novamente lavada
em água delicada.
Bem cheirosa
e acetinada,
em armário guardada,
esperará outra ocasião,
acantonada,
em mente de ilusão!

E neste vaivém quotidiano,
ocupo parte de mim…
Outra, enreda-se em sonho,
que me leva e amarra
com leves fitas de cetim…

OF 15-04-2011
http://worldartfriends.com/pt/club/poesia/roupa-enamorada