Obra de Brad Kunkle
Não me fica
bem este rio embrumado.
Nota-se
escorrendo de minhas faces pálidas.
O vermelho
desbota-se no pregueado.
Marcas perenes
de noites outrora cálidas.
Vestiu-me esta
noite de folhas em recorte.
O sorriso,
este sorriso iluminado,
acrescentou-o
o sol ao seu fino porte,
num amanhecer
pálido e envergonhado.
Procuro o
rosto dos sentidos outonais.
Mas cega àqueles
indícios subversivos
que, vós,
sábia natureza aclarais,
toldam-me somente
de uivos compulsivos.
Perdi-te num intenso
sonho diluvial
vergastado pelos deuses da intempérie
ainda não sei
se foi providencial,
um outono
assassino de almas em série.
Por entre veredas
selvagens e estreitas,
quotidiano sem
poética visão,
carecem as
utópicas cores escorreitas
Um outono velho,
tímido de emoção.
Onde pára a
natureza que me encantava,
o colorido de
telas inconfessáveis,
as encostas
macias onde te afagava,
os leitos
floridos de segredos palpáveis?
Sei que a
resposta está na espera tranquila.
Na paradoxal
ânsia de alma intranquila.
Os tons
outonais ficaram presos nas filas.
Ergue-te!
Faz-te tela nas minhas pupilas!
OF, 24-09-14