sábado, 25 de maio de 2013

Sentires de quinta essência


Em bosques misteriosos
busco a serenidade,
a transcendência de mim,
a essência da pureza,
a eternidade de seres míticos,
o deslumbramento da perenidade,
ciclos da natureza saudosos
escorrendo sentires…

Sentir o sol lavando o rosto,
a brisa despenteando o cabelo revolto,
esventrar a minha interioridade
depurando a alma de ciscos.
Olhar as águas de um rio calmo,
percecionar os dedos inscritos
na magia das palavras
e com ela fazer os poemas de momentos…

Caminhar nos cheiros da natureza,
seduzir-te no entardecer perfumado…
São dias de encantamento
e noites de frémitos ternurentos…
São sabores antecipados
de reencontros sumarentos…

Espero-te. Sinto-me. Adormeço
na felicidade de teus abraços sonhados.


OF       19-04-2013
Foto – Autor desconhecido

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Processando dados...



Já não é só o tempo, o tempo de espera, o tempo de reflexão que é bom conselheiro. Esta linha, digamos, temporal, apenas acrescenta dados, circunstâncias que se vão encaixando como peças de lego, parecendo que o  conselho se materializa, tornando-o clarividente. É o conselho que se personifica e nos fala. Normal, portanto, ser tão comum dizermos que o tempo é bom conselheiro.
Hoje, especialmente hoje, em que a reflexão, o questionamento me tomou, priorizo outro axioma: o da idade; esta que decorre naturalmente do tempo que passa, desenvolve-se na interioridade de cada um de forma diferenciada. A dita maturidade é processo que se amassou, levedou e cozeu no forno mental sendo que, cada fornada que se exterioriza, é sempre diferente. Só podia, pois a representação da nossa pessoa a nossos olhos e no julgamento dos outros vai mudando. Processo mutável, dinâmico, rico, na medida em que acumulamos a riqueza do conhecimento. Perigoso também, na medida em que a exigência é um condimento que nem todos veem de bom grado. Apesar de já não gostar de estar em manifestações exteriores de massas, a massa cinzenta é muito mais cáustica, acutilante, emocional, logo mais mortal. As palavras deixaram de ter medo de ser pronunciadas, seja qual for o espaço, o tempo, o interlocutor. Mesmo que no palco apenas seja a única personagem!
Faz-me falta falar, comunicar. Verbalizar. No entanto, cada vez mais, aprecio os meus diálogos. Os que travo com pessoas interessantes, os que invento com pessoas ausentes, os que (dis)correm dentro  de mim como rio sem mar onde desaguar…

Odete Ferreira, 19-05-13 Foto – Autor desconhecido

sexta-feira, 17 de maio de 2013

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ainda estou por aqui...

Sim, não deixo este meu cantinho. Apenas o deixo arejar, de vez em quando... Sobretudo quando tenho a secretária ocupada com fichas de avaliação para corrigir. Apesar de estar acometida de (mais) uma rinite alérgica, o serão rendeu. Deixo um bjinho a quem vem saber da EU... :)

domingo, 5 de maio de 2013

Mãe, hoje escrevo o poema da nossa vida



Nunca te escrevi,
mas recordo…
Sentada na soleira da porta,
em dias de estio, sufocantes
dando pontos na roupa
– que bem ficava –
unindo pontos de sonhos
que sonhavas
no silêncio dessas tardes.
Chegava da escola,
cheirava a requeijão.
Comias, deliciada.
Meu irmão acompanhava
mas eu detestava.

Nunca te escrevi,
mas recordo…
Encurvada no chão que esfregavas,
limpo de nódoas, cheirando a rosas.
Acocorada no lavadouro
improvisado.
Pedras irregulares de um rio juncado
salteado de águas estagnadas,
insalubre. Mosquitada
que sacudias das faces cansadas.
Roupa alva que eu espalhava
pelos jogos de formas ovaladas.
Em fantasia era personagem heroína.
Ali, era já mulher menina.

Nunca te escrevi,
mas recordo…
a mulher de força anímica,
na arena da vida lutadora,
a mãe de coração aberto
que cedia, a meu pedido,
a malga de caldo à amiga
da escola. Na sacola pão,
queijo e azeitonas. O caldo
aquecia-lhe o magro coração.

Nunca te escrevi,
mas recordo…
A funcionária zelosa,
a vizinha prestimosa,
o olhar expressivo,
o cabelo em carrapito,
a roupa sedutora
a atitude generosa,
o sorriso acolhedor
num sentir sofredor.


Hoje escrevo
o que és, mãe!
A casa do teu ser,
o sol de cada amanhecer,
o legado de um passado,
o presente, em mim, incrustado…

OF - Foto Odete Ferreira
Poema incluído na Coletânea Mãe 2013