terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amor Electro - A Máquina

Não sei com andava tão distraída! Depois de uma breve pesquisa soube que este grupo já é bem conhecido. Contudo, só quando comecei a ouvir esta canção, via telefonia, nos percursos de carro, é que a curiosidade me tomou...Nem sei se pela música se pela letra. Não resisto a incluí-la neste meu espaço!!!

(Pausar MixPod)

A sustentável boca do ser

Pausa de pensamentos profundos,
alienação da alma
emigrante para outros mundos.
Postura corporal
curvada, na voz do outro
na presença
de seres familiares,
falam de si para si
mas ouço….
Parecem felizes,
sou feliz,
pareço feliz.
Interrogo:
sou eu dentro de mim
ou eu dentro do momento,
composto pelo ritual
da mesa paradoxal
de diferentes sabores
unindo pelo alimento,
preenchendo bocas vazias
de sentimento
espiritual
do estado emocinal
que particularizo.
Uma essência levitacional
que se transcende
habita um céu
que desenho mentalmente
para onde carrego
toda a gente
em anjos pintados
coloridos
de cores a inventar.
As nuvens, toalhas
sonhadas
ofertam alimentos
manjar de deuses
almas a saciar
de desejos
que sentimos a queimar
num corpo, sem, asas, a voar.

OF 08-08-2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Crónica dominical - Pai versus filha

Um pai e sua filha, suponho, pisando delicadamente o relvado. Apercebo-me que usa óculos, a esta distância pouco mais poderia reter. A menina sim. Terá uns cinco/seis anos. Não mais; meias já quentinhas, uma saia curta, um casaco rosa. Já com alguma pose, deliciava-se a acariciar a relva com as suas botinhas, retardando o passo, vendo-se que o pai a ia arrastando...Parecia que não queria andar. Lembro-me que o meu filho me fazia um exercício deste género quando preferia ser levado no meu colo. Mas o seu peso já fazia doer as costas e queremos sempre inculcar a autonomia, entendemos este género de atitudes como preguiça. Mas será mesmo? Hoje questiono-me. No tempo dele já havia carrinhos, de longe um arremesso aos que há de tão sofisticados. Dava por mim a levar o meu filho ao colo e a arrastar o carrinho, pois o choro esfaqueava-me a alma.
Ontem, num dos grupos de discussão do FB a que estou associada "Se as crianças falassem", havia uma postagem do principal mentor (deduzo) desta página. Postagem tocante, valia a pena reproduzi-la mas nunca publico nada de outrém para a qual não tenha solicitado autorização. Sou visceralmente contra a apropriação intelectual. A postagem teve inúmeros comentários. O caso não era para menos. Ao fim de 3 anos e pouco, voltou a estar com a filha de sete anos e partilhava, em meia dúzia de linhas, esse reencontro.
Ligada que estou, por profissão e outras funções, a crianças e jovens, qualquer situação em que os progenitores não sejam capazes de separar as águas, no caso da finitude do relacionamento, causam-me enervamento. Há tanto a mudar na legislação, celeridade e acompanhamento efetivo nesta matéria!
Toca-me de forma particular  quando um pai luta pela guarda do filho/a, assim como o bom relacionamento de que me apercebo em muitos casos, alargando este conceito à partilha, à cumplicidade. Chega a emocionar-me!
Por cá ainda está muito enraizada a tendência de a atribuir à mãe, Sei, cada caso é um caso. A regulação das competências parentais tem que ter um dos dois à cabeça mas, cada vez mais, ambos são chamados a tomar decisões conjuntas em matérias fulcrais para o desenvolvimento e formação do ser, pertença de ambos para sempre.
Já vai longa esta "crónica". Não pensava escrever sequer sobre este assunto. Bastou ter reparado num pai e sua filhota, no final de uma manhã cinzenta, já fria, seca atmosfericamente, mas bem regadinha de afetos. Podem não ser os meus, mas, em tempo de crise, são ainda o que temos gratuitamente. Basta acreditar em algo que não se vê, a alma, e em algo que pulsa e dá vida...Coração...
Odete Ferreira 27-11-11

domingo, 27 de novembro de 2011

Vídeos do lançamento do meu livro "EM SUSPENSO"

Já estão disponíveis no youtube 4 vídeos que cobrem a sessão de lançamento do meu livro "EM SUSPENSO". Hoje a minha tarde de domingo, ocupou-se com este evento. A filmagem e edição esteve a cargo do meu filho, Rui Simão.
Já decorreram uns meses mas aproveito para reiterar os meus agradecimentos a quem esteve presente e ausente (por diversos motivos), assim como a quem pôde adquirir o meu "EM SUSPENSO"... Estarei por aqui e junto de quem me lê, sempre! :)

Adenda: parece que para já não poderá ser visionada a 4.ª parte por ser demasiado longa. Em breve, o assunto será tratado...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Roupa enamorada


Estou enamorada
de roupa lavada
saída da máquina de lavar.
Vestiram corpos
perfumados.
Ficou bem ventilada
e pronta a usar…
Novamente perfumada
atrairá olhares
enviesados,
discretos,
quando se passear
na rua movimentada.
Ou na noite,
projectando
na sua sombra
um lânguido andar…
Simples ou mais ousada
farão parte de um eu
risonho, em dias festivos,
despida, em momentos efusivos…
Então suada
e enxovalhada
será novamente lavada
em água delicada.
Bem cheirosa
e acetinada,
em armário guardada,
esperará outra ocasião,
acantonada,
em mente de ilusão!

E neste vaivém quotidiano,
ocupo parte de mim…
Outra, enreda-se em sonho,
que me leva e amarra
com leves fitas de cetim…

OF 15-04-2011
http://worldartfriends.com/pt/club/poesia/roupa-enamorada 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vidas difíceis

Hoje foi um dia difícil. Não pelas tarefas exigentes (a merecerem respostas urgentes), mas pelas realidades visíveis nos olhos de pais e filhos que passam por uma variedade de problemáticas, sentidas por cada um dos protagonistas de formas diferentes. As palavras já têm que ser ditas quase com crueza, agitando corpos jovens desprendidos de sonhos. O futuro, o que lhes diz? A crise, sentem-na? Abandonam-se, começando precisamente pelo abandono escolar....

Há pouco pesquisei no youtube alguns vídeos. Comecei por escrever "vidas difíceis". Dos vários que visualizei, um qualquer serviria. Quis ser mais contundente! Escrevi "abandono escolar". A oferta para escolha ainda era maior. Resolvi-me por este, não porque sirva cabalmente o que pretendia. Apenas ilustra um dos aspectos com que luto quase diariamente, no exercício de algumas funções...
(Pausar MixPod)


(Com uma mãe e filho, em cerca de duas horas, fiz a via-sacra de várias instituições....Tudo ficou encaminhado. Amanhã sei que este jovem estará na escola. Outros, vamos ver.)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O hábito faz o monge (prefiro o provérbio assim...)

Sinto que a minha matriz de conduta se pautou por este género de provérbios, inculcados pela frequência de os ouvir, sobretudo aos avós. São a minha ética. Perdem-se no tempo. São ancestrais.
A essência do ser humano não mudou muito desde as civilizações de que temos memória. A evocação do título é apenas uma tentativa de perceber a razão de escrever quase sempre um texto em prosa, ao domingo.
Será este remanso de águas vivas, tal como as nossas vidas, demorando-se um pouco mais no interior da maior parte das pessoas?
Ao domingo o relógio devia parar, não uma paragem real, antes aquela paragem de não se querer saber se são horas disto ou daquilo. Apenas estar, saborear, degustar momentos, derretê-los na boca salivante. Prazer, entrosando o encantamento da alma com o toque sedoso de dedos imagináveis...
Gosto do cinza. Os dias cinzentos em que o sol se remeteu a um merecido descanso, não me angustiam, nem me causam nostalgia. Se os não houvesse como apreciar ângulos diferentes da natureza, sentada numa mesa de um café ou esplanada, aberta à rua por largos vidros, rasgando um horizonte de fantasias?
Se vivesse mais perto do meu rio ou tivesse à beira o mar, não dispensaria de desfrutar de alguns momentos destes, preferencialmente no final da manhã.
Olhar vazio mas cheio de algo indefinido, indescritível, precisamente o contrário do que se me encaixa na retina neste momento: árvores quase despidas, preparando-se para uma noite de amor, folhas atapetando relvados e passeios, já mais amarelecidas, matizadas de uns avermelhados discretos.
Sim a natureza também tem o seu pudor. Sorrio sobre este escrito que registo com despudor. É a Eu, a alma! Não é o nome, a autora! Apenas a narradora de breves momentos de vida...

(Bem, apesar do desejo expresso, sei que terei de cumprir, mais para logo, algumas obrigações profissionais, em favor dos meus alunos ternurentos...)
           

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A vereda...

Hoje alguém pediu amizade. Aceitei. Um alguém ligado à escrita. Entrei no perfil. Desafio: escrever qualquer coisa a partir de uma imagem. Sem pensar muito, escrevi o seguinte:

Era tarde. Um calor abafado infiltrava-se no corpo desnudo. Levantei-me. Segui o trilho em direção à praia. Uma vereda estreita, quase na penumbra a esta hora. Um coração desenhado obrigou-me a parar. Pensei no meu. Tentei a posição mais confortável e nele me aconcheguei. Adormeci. Os primeiros raios de sol acordaram-me. O desenho desaparecera e eu senti-me tão bem! :)
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=105755006207339&set=a.102711963178310.3493.100003185195348&type=1&th

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Palavra dita, não sussurrada


Tempos conturbados
presentes em mente
enraizados…
O que dizer a jovens
perturbados
que os sentem colados
na pele do seu crescer?

Conversa sem guião,
olhares esperançados,
silêncios entrecortados
por um sim ou um não.
Conselhos esgotados
fartos de serem escutados.

Não sinto esse caminho…

Palavras,
sim palavras soltas
que constroem sentidos
apenas sentidos
no seu interior
que não quero impor.
Interior insondável,
um sorriso amável,
um afago leve,
um sentir diferente
de alguém mais presente.

Um rumo a desbravar
em ondas pensativas
num ser a delinear,
hesitante na cor
a escolher
como predominante
na tela a pintar…
Um verde esperança,
um azul de temperança,
um vermelho a suavizar.
Emoções rubras…
Eis-me a a creditar
em ti, jovem!
Crescer faz doer,
mas hoje não sinto o teu sofrer.
Apenas o teu ser
apaziguado
e a mente agitada
tão só pela palavra
dita, não sussurrada!

OF 18-10-11

(Nota: a foto é apenas a de uma jovem que serve de modelo ao talentoso e jovem Carlos Alvarenga.)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

De ti para ti

 Raros momentos
te esperam
do esvaziamento...
De ti.

Estão preenchidos
de pensamentos
alheios.
Não são de ti.

Preenches
os espaços
de objectos familiares.
São de ti.

Tomas
as pessoas
em rebates de desejos.
Não são de ti.

Acaricias
os objectos pessoais.
Sentem calafrios.
Mas são de ti.

Escolhe...
Almas que te querem...
Objectos que sentem,
e são de ti.
As almas partiram...
Não são de ti!
 
OF  23-08-2010
(Série "Esplanadas" , não incluídas no livro "Em Suspenso")
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/de-ti-para-ti 

Nota: este poema ainda não respeita o acordo ortográfico.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Amores de domingo...

Amores. Sim! Porque não?
Mesmo que não se durma mais, estamos mais despreocupados com as horas...
Mesmo que se faça um almoço "melhorado", é mais vagaroso (não foi o meu caso, mas alguém o fez)...
Mesmo que não se faça tudo o que pensáramos, fez-se o que foi possível...
Sorrimos mais? Até pode ser que não, mas o domingo sorriu-nos e presenteou-nos com mais um dia...
Um pouco mais de leitura, um pouco mais de conversas soltas ou desabafos...
Uns rostos que se tornam presentes, ainda que ausentes...
Um pouco de trabalho - teve de ser...
E...Cada um poderia (e poderá) prosseguir a enumeração...
Da minha parte, acrescento que iniciei a leitura de um romance que comprei há dias (há muitos em lista de espera, mas este autor tem-me sido tão recomendado que aguçou o apetite).

E não resisto a transcrever algumas frases, porque me revejo nelas, no que à postura de futuro diz respeito...

"O que eu, sem saber explicá-lo, não compreendia e invejava, não era o que ele queria ser, mas a constância do seu desejo. Desde que nos conhecíamos, e o mesmo é dizer desde o berço, o Gato só sonhava em ser correio. (...)
Eu admirava e tinha inveja daquela firmeza, porque os meus sonhos eram inseguros e de tão curta dura que nem sequer os poderia comparar às folhas que o vento arrasta. (...)
(Página 15, A  Amante Holandesa de J. Rentes de Carvalho)

Ora aí está! Enquanto que uma personagem se revelava acomodada, a outra era já um turbilhão, apesar da sua tenra idade...E é assim, de almas inquietas que a Humanidade é humana...
Amores de domingo, pois então!
http://www.worldartfriends.com/pt/club/prosa/amores-de-domingo

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Impressões


Ontem
Hoje
Não existiram
Coexistiram
Num amplexo sem cortes temporais
Numa fluidez sem comparação
Já não se pode falar
Em águas límpidas
-poluição-
Liquidez
Também não
Solidez, prefiro
Há vida, há emoção

Coração aberto?
Não
Alma exposta?
Hoje não quero
Espírito atento
A impressões…

Se soubesse pintar
A tela seria..
Uma obra prima
Para qualquer ser
Que a tomaria
Como sua.

Retrataria
Apenas
Esbatimentos
De estados indefinidos
Mas profundamente sentidos.

OF 29-07-10
(Poema da série Esplanadas não incluído no livro "Em Suspenso")
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/impress%C3%B5es-4