Arte de Christian Schloe
Sacrílego, o gesto de antecipação
da cor, no tempo da gestação.
Feminino e vibrante, o pulsar
no resguardo da chuva precisada.
Arrepio da palavra de vento fustigada.
No teu ventre, útero imenso,
germinando colos de alvorada,
ainda dormem os fetos e as cores
que cobrirão os dias da terra.
E eu, sentada, escrevo versos pacientes.
A exaltação tem hora marcada. Anuncia-se
de verde. Serão, então, meus olhos primavera.
Odete Costa Ferreira, 14-03-18
Março fez-se no feminino: mulher, palavras, poesia...
Em Montalegre, Biblioteca Municipal
No IEFP, Chaves, colóquio: "Das palavras ao poema"
Na Maia, 24-03: apresentação da Antologia Poesia Portuguesa 2013-2018 (coautoria)
Desejando uma harmoniosa quadra pascal, deixo-vos a última estrofe de um poema:
"Veneranda, a arca do teu pão,
alimento do corpo e migração espiritual,
chega-me intacta.
chega-me intacta.
Recebe, das minhas mãos, o teu crucifixo,
da tua boa, redenção.
E é Páscoa. Em nós."
da tua boa, redenção.
E é Páscoa. Em nós."
Odete Costa Ferreira, 28-03