sexta-feira, 27 de julho de 2012

Precisavas que o dissesse



Precisavas que o dissesse, que o escutasses de viva voz. Necessidade visceral, de alma inquieta. Era-te indispensável que ambos o dissessem apaixonadamente, olhos nos olhos, estreitando-se num abraço sem hora marcada. Um momento de superior poesia. Para lá dos versos planam as pessoas que os escrevem. Podia ser amo-te, quero-te ou apenas estamos aqui, a sós com os nossos sonhos, os nossos escolhos, envoltos em brumas de cheiros primaveris. Purificados.
Ávidos de toques de magia.
Poesia.
Fantasia.
Fénix renascida…
Urgência do amar, como céu e estrelas em cenário lunar.
…Há o tempo e o momento dentro do tempo. Não é fácil saber quando acontece. E se for agora? Seja…
Odete Ferreira 19-07-12 
Foto – Carlos Alvarenga
http://www.worldartfriends.com/pt/club/prosa/precisavas-que-o-dissesse 

domingo, 22 de julho de 2012

A dama em festa...




Alívio…E um sentir encantado pelo dever cumprido. Terminadas as intensas tarefas do ano escolar, vou-me permitir dar o descanso das guerreiras, o espaço à palavra escrita e oferecer-me ao sol do verão que chegou.
Há festa na cidade; contudo a melhor festa é a que sinto impregnada na pele do meu Eu, em tonalidades imprecisas mas impressivas como em tela de Renoir
Odete Ferreira 20-07-12 
Pintura de Renoir

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Série Poemetos - Surreal II


Surreal II

A telha caiu do telhado.
O telhado ficou de telha.
Choveu.
A senhora do saco 
levou-a
e tapou o buraco
do seu telhado.
Adormeceu.
Deitada, já não via o céu…

OF 08-06-12
Foto – Autor desconhecido

terça-feira, 17 de julho de 2012

Em mim o espírito da floresta


Sentei-me bem juntinha de ti
apanhando os raios prateados
que em ti, lago de mitos encantados,
uma lua cheia branca de amor te doava.

Ondulante ora ia ora vinha tua doçura
pouco a pouco senti que te abraçava
arrastando-me em dança de loucura.

Breve, habitantes mágicos da floresta,
bailando compunham a festa
oferendo o brilho da sua cor,
iluminando o espaço feérico,
enfeitiçando meu corpo incolor.


Desconhecia-me. Era mistério…

Ninfa entre ninfas rodeada,
musa ente musas inspirada,
dançava  letras de poema,
trauteava  música celta.



Já não era eu. Apenas espírito da floresta…

Minha casa endeusada!
Terra fértil semeada!
Tu, lago de água perfumada,
Essência do afeto de dádiva!                 

OF 26-02-12

sábado, 14 de julho de 2012

Da derrota, faça-se vitória...


Tristezas não pagam dívidas – diz-se; mas quando a tristeza é dívida que se paga a um deus menor, será que a dívida não é tristeza legítima?
Estou triste. Não é um estado  mórbido, apenas o sentir de uma dor que partilho como se fora minha e a impotência perante um destino que se impôs como pedregulho ameaçador no caminho de um ser vivente, puro e doador.
É traição imerecida. É lágrima sempre latente, angústia presente, visível nos traços dos passos arrastados, levantando nuvens de pó que nos envolvem e tornam invisíveis ao nosso próprio olhar.
Quebramos os espelhos, mas os pedaços espalhados riem-se das imagens distorcidas que nos devolvem. Raiva, desespero, grito surdo. Blasfémia. Mutilação. Ausência. Vazio…
Virá a aceitação, a fotomontagem, a reconstrução. A força anímica. A regeneração. Um renascimento. De nós e do mundo que emolduramos, qual retrato retocado. E, em novo figurino, faremos o batismo de um novo ser. Mais rico, apesar de tudo.
E aí sim, seremos seres (ainda) mais especiais.
Amiga, este é o meu credo. Será também o teu. Sei-o porque não queres desiludir quem te ama! Solta as lágrimas. Faz do rio um grande sorriso!

Odete Ferreira 13-07-12  
http://www.worldartfriends.com/pt/club/prosa/da-derrota-fa%C3%A7a-se-vit%C3%B3ria#comment-167513 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Final do ano escolar - Reflexão

(Nota: este texto já foi escrito antes de ter corrigido as provas finais do 2.º ciclo; contudo, entendo não proceder a alterações por esse facto.)
Provas finais, vulgo exames nacionais. A tutela da Educação entendeu que eram necessários já no 2.º ciclo do ensino básico. O 4.º ano ainda fez as famigeradas provas de aferição; para o ano, já haverá um exame nacional. Têm finalidades bem diferenciadas. As provas aferidas (que não contavam para termos de avaliação) serviam, sobretudo, para “avaliar” competências, sendo que por detrás destas se deduzia como o processo de ensino e de aprendizagem era ministrado. Havia também que ter dados para estudos internacionais, como o PISA ou para a OCDE. Ao longo dos tempos,  o campo de estudos dos sistemas educativos e a necessidade de se ser prospetivo no que num amanhã incerto (e que chega a surpreender os experts na matéria) um jovem adulto deverá ter na sua matriz de aprendente, a fim de estar preparado a desafios imprevisíveis, tem levado a comunidade científica e os decisores políticos a sucessivas experiências (muitos chamar-lhe-ão modas).
Ora, sendo do senso comum que é preciso tempo e estabilidade para poder avaliar com grau de fiabilidade resultados, que necessidade haverá de mudar, por vezes quase radicalmente, o sistema educativo só porque muda o governo, seja este qual for? Já se falou em traçar um pacto educativo, mas a verdade é que nunca se ousou tal, talvez porque qualquer quadrante queira deixar a “sua” marca. E o capital humano que se trabalha? Será eternamente cobaia?
Só para ilustrar esta reflexão: depois do ensino das línguas estrangeiras ter passado por “modas”, eis que a metodologia que perdura (e bem) é a seguinte: em cada domínio, a metodologia – e as estratégias que a suportam – a ser aplicada é a que se adequa à finalidade traçada, tendo em conta os resultados esperados em termos do aprendente. Finalmente a língua materna (com um novo programa, iniciado este ano) começa a ir por este caminho, tendo havido o cuidado da anterior tutela fazer a necessária formação de professores, durante dois anos.
Se as realidades sócio-culturais e económicas são diferentes num dado território educativo por que não iniciar a famosa “discriminação positiva” também na Educação? Ou será que terei razão quando digo que toda a gente parece saber muito da matéria, quando na realidade se limita a reproduzir alguns chavões veiculados por pretensos “opinion makers” ?
É frequente dizer-se “cada caso é um caso” mas, infelizmente, só se aplica a quem tem qualquer tipo de poder. Os “sem voz” continuam à procura de uma voz. Não chego a dizer à deriva, apenas porque há profissionais de altíssima qualidade que vão segurando o barco…
Odete Ferreira 01-07-12
Imagem - autor desconhecido

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Born To Die - Lana Del Rey (Clipe Oficial Traduzido - HD)

Descobri numa postagem. Procurei se havia já traduzido. Pronto, não resisti a deixá-lo no blogue...

(Pausar MixPod)



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Entre viagens


Viajante peregrino
quantas viagens inventas
em quantas almas te almejas!

Só, em graves montanhas
cantas desafinado.
Ouves a tua voz
ecoando e volteando,
desatando os teus nós.

Só, em verdes vales,
encontras-te em flores
que pintas em telas incolores.
Transformas o branco
do teu quarto descolorido
quando do teu frio ficas transido.

Só, junto ao rio calmo
afagas as águas turvas.
Milagroso ficam límpidas,
eivadas das dores barrentas,
vertidas de olhos que inventas.

Só, no meio do mar revolto,
apetece-te deixar teu corpo morto
cansado de tantas viagens.
Ameaçam-te as nuvens negras
onde te revês, contrariado.
Sonhas as almas abandonadas…

Sacodes o corpo molhado,
reencontras o teu espaço
entre eternas viagens.
Retomas o porto seguro
teu quarto, esvaziado
de insanas fantasias
e inglórias utopias.

Viajante peregrino
aceitas o teu destino,
alimento viciante.
Segues confiante
socorres almas perdidas
nas viagens de insónias.
São o teu agasalho
uma manta de retalho
o sangue das tuas veias…

OF 05-11-11
Foto Carlos Alvarenga
  http://worldartfriends.com/pt/users/odete-ferreira

domingo, 8 de julho de 2012

Vai-se aproximando o ano letivo mas não o escolar…


Há prioridades. E estas centraram-se, nos últimos tempos, nas tarefas relativas à correção de trabalhos e na atenção a finais felizes de jovens que acompanho, em funções de professora tutora. Ontem, foi a vez de um sorriso especial: uma turma PIEF da minha escola terminou, com sucesso educativo, um percurso escolar alternativo. Anos de encaminhamento/acompanhamento para que o 3.º ciclo fosse cumprido. Como disse, numa breve intervenção, cada um deles/as deve dizer para si próprio um obrigado por uma etapa ultrapassada. Tenho a certeza que um significativa parte  continuará na escola. Assim, esta, num sentido lato, cumpriu sobretudo a  função social que lhe cabe. As competências escolares, se não foram alcançadas como seria desejável, poderão sempre ser colmatadas em outros percursos formativos.
Senti-me muito bem num ano particularmente difícil…
Para outros jovens, ver-se-á no próximo ano letivo o que se poderá fazer. Cada vez mais, toda a massa educativa deve congregar esforços. Afinal não passam de crianças até aos 18 anos, assim reza a atual terminologia dos direitos da criança! E como sentimos muitas famílias cansadas deste tempo de destempero! Hoje, só para focar algo que me fez sorrir (apesar do prejuízo) alguns paralelos (daqueles mais pequenos) da suave rampa de acesso ao telheiro soltaram-se, fazendo um barulho infernal debaixo do carro! Ia apenas a casa buscar a aparelhagem que prometera a um jovem que adora arranjar coisas. Se bem me lembro apenas não funcionava uma coisita de pouca monta.
Resumindo: o jovem acompanhado da família que o acolheu desde tenra idade, lá foi feliz com a dita (antes ainda ajudou a desviar os paralelos soltos) e eu lá terei que arranjar um calceteiro para os repor, com a devida sabedoria e técnica específica para que as ervas não grassem entre eles.
Contribuir monetariamente para ONG´s? Acho que sozinha já constituo uma…Pretensiosa? Talvez! Mas uma pretensiosa orgulhosa da sua pessoa: uma ONG não tem (ou não deve) ter fins lucrativos; ora, não os tendo e ainda me saindo do bolso dinheiro para reparar estragos (este foi mais um), será demasiada a adjetivação de que fiz uso?
Vá, sorriam! A crise pode ser monetária, financeira ou algo do género. Contudo, o filão de ouro do coração será sempre inesgotável!

Odete Ferreira 06-06-12

(Só hoje, dia 07-07 tive tempo para passar do manuscrito – escrevo em bloquinhos, como já sabe quem me lê – ao processamento …)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ausência justificada (que seja em prol de mais e melhor educação)

Sobrevivi!!! Prova superada: provas finais, vulgo exames nacionais, já entregues. Houve necessidade de ficar quase "enclausurada", logo o meu blogue e outras páginas onde vou divulgando os meus escritos, ficaram em hibernação.
Além de um curto espaço de tempo para tal tarefa, houve necessidade de me deslocar ao agrupamento de exames para duas reuniões e a terceira para entrega das provas e verificar se tudo estava em conformidade.
O que me leva a escrever este post? As deslocações, sobretudo! Quase em andamento de caracol, nos momentos em que os pesados se deslocavam com materiais para as obras na IP4, acresce-se os desvios e a atenção redobrada. Uns, nada podiam fazer, balizados entre separadores de cimento e os "mecos". Outros (e aqui presto a homenagem cívica), logo que podiam dar uma margem para os ligeiros, era vê-los a fazer o gesto repetido para que os ultrapassássemos! Tinha de sorrir! Naturalmente, também lhes fazia um sinal de agradecimento. 
Fiquei perita em rali! Na última deslocação, num troço em que a estrada (uma das partes da ainda IP4) apresenta um declive um pouco acentuado, seguido de uma curva apertada, devido aos tais desvios, entrei com velocidade, digamos, pouco conveniente. Umas guinadas adequadas e nada aconteceu. Mas podia ter acontecido! Quem me pagaria os estragos? Eu, claro, apesar de ir em serviço e precisar de chegar o mais rápido possível. Só consegui acabar a tarefa pelas 15h, apesar de ter feito uma noitada de trabalho como há, pelo menos dois anos, não fazia. Foi a deslocação que percorri em menos tempo porque não havia quase trânsito (uma hora).
Veio-me à memória a célebre canção "De Lisboa a Bragança (...)". Já não é bem assim, mas que ainda se pena muito no interior, lá isso pena! 

Provas finais, vulgo exames nacionais no 2.º ciclo, a Português e Matemática. Para o ano, também abrangerá o 1.º ciclo. O 3.º já as faz há uns anos. Pensam introduzir outras provas, o que levará a outra formatação no processo de ensino e de aprendizagem. Registo, não emito opinião...
Pelo menos, reconhecem-me como uma VIP a nível de trabalho! Sempre que há algo de novo, lá sou chamada para ser professora corretora ou classificadora. Ora os termos usados em  nada altera o processo; para classificar, há que "corrigir"...

Vamos ver se teremos mais e melhor educação. Deste chavão, considero-me uma "educodependente"... Direitos autorais, acabei de inventar :)

(Pouco a pouco lá irei visitar @s amig@s nos seus cantinhos. Palavra de honra!)