O
primeiro café de 2013, amavelmente oferecido como sorriso utópico, símbolo de
sorrires que gostariam de ginasticar a toda a hora, mantendo a linha sem
necessidade de um ginásio ou de um personal
trainer.
Sorrio
com o escrito que vai fluindo como se outrem mo ditasse e os dedos obedecessem.
Não, não acredito nessa história de escrita autómata. Sou eu na minha
discorrência mental que vai unindo ideias ainda mal despertas. Não pela festa
que não houve, mas porque apenas sei que o calendário marca 1 de janeiro de
2013 e, tal como o café, este primeiro escrito está inquinado de um sabor, um
sabor nostálgico.
Tem
de ter um sabor, a nostalgia, não apenas um sentir. A cor adivinhamo-la, tanto
que a podemos pespegar numa tela, representando-a conforme a época artística, classicismo, impressionismo, expressionismo…Não, teria de ser dadaísta para
ser mais impressiva. Agora o sabor!
Não
se prova, desnutre, seca olhar. Faz mal, submete-nos à cegueira. As cores vivas
empalidecem e tudo fica cinza. É incêndio que tudo reduz à terra queimada, O
vento encarrega-se de depositar a cinza nos espaços e nas pessoas como marcas
indeléveis. O fumegar, o choro silencioso que se vai erguendo ao céu, em prece
desconexa, aturdida…
Tudo
seco, nostalgicamente escrevendo; pouco a pouco, desligo-me. As pessoas
preenchem o vazio das mesas, arrastando ruidosamente, as cadeiras. Fazem-se
notar. Ajeitam-se como se se preparassem para uma nova festividade. Escolhem o
alimento que as vai saciar.
E
eu, num remate feliz, pontapeio a nostalgia para um qualquer lugar. Formulo um
desejo: que se dissolva em nuvens azuis. Se apanhar uma daquelas nuvens
cinzentas voltará à terra em dias de chuva. Bastará um olhar mais baço e o
vírus alojar-se-á na na seiva que nos alimenta… Ação preventiva: inventar,
antes de acordar, cores para cada sonho a realizar em cada dia…
Odete
Ferreira, 01-01-13