segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

E porque hoje é domingo

Num impulso, mudei de lugar. O sol também deve ser assim. De impulsos. Ou zeloso. Certamente precisariam dele noutras paragens. A verdade é que, hoje, cedeu o lugar à chuva. Miudinha mas persistente. Assim fossem dotados os cata-ventos. De persistência, mas não é essa a sua natureza. E cedem aos ventos caprichosos, se bem que o mundo não devesse andar assim, numa constante reviravolta. Bem sei que há reviravoltas boas. Geralmente, são apenas de 90 graus e não provocam dores e cabeça. Imagine-se a cabeça a dar uma volta de 360 graus! Só andei uma vez na montanha russa, mas lembro-me bem da sensação (porque raio se chamará assim? Russa? Se fosse espanhola ainda se percebia. Pela proximidade! De Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos. Bem, também nem sempre é assim. Em frente, que vem lá gente…).
Dizia eu. Russa? Pensando bem, quem inventou o nome devia ter estado neste tempo e soube desta reviravolta (aquela de que mais se fala, aquela que nos põe os olhos em bico e os cabelos em pé). Que valentes dores de cabeça! E parece não haver outro remédio que não aguentá-las. Enquanto não houver um laboratório (isento, de preferência) que pesquise a forma de inibir esta espécie de vírus muito antes de chegar a adulto, escrevinho. Remédio santo, diz-se. Pelo menos por agora.
Quando, num impulso, mudei de lugar, antes de chegar o café miraculoso, apenas pretendia outro ângulo de visão. Ver diferente, olhar noutra direção. Mas, o que esta mera mudança de atitude provocou, foi uma contemplação, uma revisitação a uma delimitada época da juventude. Percorri a casa que se impôs ao olhar, por dentro. Com as amigas que lá moravam. Mais os irmãos. Mais as coisas! E as conversas que nos fizeram mais senhoras do (nosso) nariz…
E porque hoje é domingo os saltos temporais parecem de trampolim. Bolas, parece que estou num parque de diversões. Agora são os trapézios a insinuarem-se. Das duas uma. Ou o corpo pede exercício físico, ou a mente se compraz neste exercício de tonificar ideias…
É que ontem, até o choro do Ivo saía forte, pujante, expressivo, comunicativo. E guardei-o. Tal como os outros sinais…
Quase a pousar a caneta e a luz solar a sorrir à miúda chuva. Que momento(s)!

Odete Ferreira – 29-01-17, 12:30; num café da minha cidade
Texto não editado (tal como as imagens que se recolhem ao correr da câmara)

Adenda em 6 de fevereiro: 
1 - Já tinha percebido que algo não estaria bem. Transcrevo um esclarecimento que o amigo António do blogue "Existe Sempre Um Lugar" deixou no seu comentário a uma das minhas últimas partilhas: Boa tarde, após varias tentativas anteriores não consegui entrar nesta sua pagina, tinha sempre a indicação que a mesma tinha sido removida (...).
2 - . Em síntese, alerto: desde que tive a infeliz ideia de me ligar ao google mais (sugestão do próprio google), a minha foto identificativa inicial, o meu nome do blogue (EU) e o perfil desapareceram, ficando esta que aparece quando comento pelo pc; se alguém quiser comentar clicando na minha foto e nome (que passou a ser Odete Ferreira), vai dar ao google mais, que é o que me acontece quando eu faço o mesmo; portanto, se eu não quiser percorrer este caminho, comento pela lista de blogues que tenho adicionada no meu blogue e só pelo pc.
3 - Como, ultimamente, uso mais o smartphone, tendo, para tal, adicionado os blogues aos favoritos, aparece apenas Odete Ferreira. Ora, se se clicar em cima do nome, vai parar a um perfil que nada diz. e que não tem o link para o blogue. Não percebo porquê. Portanto, se alguém pretender vir ao meu blogue, clicando num comentário que tenha feito pelo smartphone, não o conseguirá.
4 - Solicito, pois,  a todos os que não me tenham encontrado que me visitem através do link que tenham adicionado nos vossos blogues. 

10 comentários:

  1. Há dias assim (e às vezes por acaso até é domingo) em que ideias e recordações voam livres como pássaro no espaço.
    Adorei o texto.
    Um abraço e uma boa semana

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  2. fiquei preso na tua escrita, como um basbaque!
    e nas tuas mudanças de perspectiva (nunca mais de 90º, claro)

    dias assim, com a escrita a pedir chuva (miudinha, sempre), são tonificantes. para o corpo e para a alma.

    belos esses trapézios a insinuarem-se

    gostei muito, Odete

    beijo

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  3. Há dias assim em que as palavras se soltam e nos levam por caminhos que só elas se lembram. Foi o que aconteceu com o teu texto. Quase que ouvi o Ivo a querer comunicar com a avó... Adorei ler-te.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Também já vivi dias assim
    não era domingo
    mas foi bom
    também ler-te
    Bj

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  5. Por isso que saio com bloquinho e caneta na bolsa, pois surgem esses momentos incríveis que nascem do nada, de uma mera observação que vai tomando corpo... e sai isso, um belo texto! Lembro de uma das vezes que anotei certas coisas, pessoas ficaram me olhando... eu estava dentro de uma igreja, escrevendo!!! Mas acho que fui perdoada.
    Beijo, amiga.

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  6. Olá, Odete vovó...
    Fizeste-me lembrar um texto que publiquei há bastante tempo, que intitulei" Hoje não me apetece falar", e em que acabei falando de tudo e mais alguma coisa :)))
    Há dias assim. Mas é tão agradável deixar vogar o pensamento, observar o que nos rodeia, relembrar pequenos episódios do passado...
    Há como que um recolhimento interior que só os sons de um "Ivo" conseguem quebrar.
    Gostei de te ler.
    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  7. A nostalgia da chuva miudinha, mas persistente; um ambiente íntimo
    e o aroma do café evocaram agradáveis tempos do passado distante que
    se envolvem no recente...
    Gostei muito das voltas deste texto e do tom familiar mesclado de uma ironia que o torna muito agradável.
    o Ivo anda a preparar-se para vir a ser um excelente barítono.
    Dias felizes para ti e teus amores.
    ~~~~~~

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  8. O amigo António do blogue "Existe Sempre Um Lugar" deixou este comentário na postagem anterior; trnacrevo-o para esta pois a ela se refere:
    Boa tarde, após varias tentativas anteriores não consegui entrar nesta sua pagina, tinha sempre a indicação que a mesma tinha sido removida, bem...agora que consegui aqui chegar (até parece uma canção de de José Mário Branco) adorei ler o que muito bem escreveu num café da sua cidade, escreveu com sentimento forte e lindo, seu netinho vai ter um enorme orgulho da avó culta e poeta, ai vai....vai.
    AG

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  9. Acerca do Google+, já dei a minha opinião acima.
    Registo, sorridente, a tua contínua inquietude, que não te deixa parar, tentando abarcar o sentido global das coisas... Gosto disso, oh se gosto!

    Um beijinho :)

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  10. Um texto maravilhoso, delicioso, que nos proporciona dialogar
    na escala da mente (das ideias) e com este imenso talento
    da Poeta-Escritora...rss
    Como aprecio a leitura aqui, amiga!!
    Bjos.

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