sábado, 28 de janeiro de 2012

Monólogo socrático

Chuva que cai
na rua sem amparo
molhada…
Chuva que cai
na alma desalmada,
abrigada,
em recolhimento..
Reflexiva
em movimento
de um sentir apático.
Sorriso sarcástico
de pensares agitados,
concentrados
num interior encoberto.
Questionamento(s)
retórico(s)…
Monólogo socrático
caminho a descobrir
passos a medir,
prós e contras
de um sentir
avassalador
que desejo sem dor.
Palavras desordenadas
na mente…
Ordenadas na lógica
de segmentos de frases
sem preocupação
de lógica na pontuação.
Palavras em patamares
desiguais
sem sentido aos demais
com sentido no verso
desconexo
que hoje deixo em aberto
nos lençóis de água,
no trânsito frenético,
apressado,
em direção ao abrigo
edificado…
Via sacra.
Regresso a casa.
Suspiros.
Cansaço…

OF 15-11-11
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/mon%C3%B3logo-socr%C3%A1tico#comment-158101

14 comentários:

  1. Há minutos atrás dei por mim a pensar no que tornaria uma nova vizinha da porta abaixo tão pouco simpática.Concluí, com ou sem razão, que seria a crise que a levou a deixar a casa que era sua (para a entidade bancária) e vir arrendar.
    Especulações, apenas. Mas, o que é certo é que me tornei mais observadora. Só não conseguiria pôr em verso essas almas vencidas pelo desalento.
    Pior que o desalento é a amargura e sarcasmo em que tanta gente cai, porque é mais fácil cultivar o pessimismo do que sorrir as adversidades.
    O que me angustia é a fome e a doença.
    O teu belíssimo poema levou-me a esta introspeção...:)
    beijinhos, querida

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    1. O que a leitura de um poema, de natureza mais introspetiva, pode ocasionar. A mente é um portento!
      Subscrevo a tua reflexão. É fácil tirar conclusões e, geralmente precipitadas, só porque não fomos suficientemente pacientes e/ou observadoras. Quantas dores escondem rostos anónimos!!! E mesmo atitudes que nos parecem indelicadas, será que não são formas de se defenderem das adversidades, como o escudo nas batalhas de corpo a corpo?
      Cada vez ajuízo menos. Cada vez sou menos dona da verdade...
      Vou confidenciar algo que pode parecer estúpido, mas numa altura de obscurantismo, para mim não o era de todo: lembro-me que, quando se deu o 25 de Abril, não houve aulas. Falávamos eu e um grupo de colegas sobre o pouco que ainda nos era dado conhecer. A dada altura proferi "Só me preocupa a fome." Hoje, acrescento, também a doença, embora não pense muito em ambas, no meu quotidiano. Não quero NADA o desalento! Preciso de ânimo, quero-o como água que mata a sede!
      Ah, o poema! Gostaste, ótimo. Venha então o sorriso :)
      Adorei a tua vinda! Bjos, me(Nina)
      (Isto dava outro post!!!)

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  2. Noooossa...que monólogo intenso!!! O filósofo, com certeza, se orgulharia dessas questões colocadas em versos des_preocupados.
    Beijuuss n.a.

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    1. Fizeste-me sorrir, Regina :)
      Afinal todos nós somos filósofos da nossa vida, não é por acaso que se diz "fulano/a tem cá uma filosofia ade vida!"
      Grata por ter gostado da intensidade posta nos versos!
      Bjos, amiga :)

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  3. Sou visitante novo, porém admirado da qualidade que aqui se mostra,
    sobre o monólogo o que dizer ? Belo ! e o verso não é desconexo, é perfeito e introspectivo.
    Um forte abraço

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  4. Muito agradecida pela visita, António Carlos Muniz Macedo e pelo simpático registo que me fez sorrir. Primo pela qualidade em vários aspetos da minha vida. Contudo, nos escritos, é sempre bom ouvir que têm qualidade!
    Obg. Abraço :)

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  5. Olá,

    Peço desculpa pela minha ausência mas tive razões muito fortes e dolorosas para isso.
    É belo o teu monologo mas no que me toca, prefiro sair do meu isolamento e falar com os outros. Ajuda a superar a dor.

    Um beijinho da
    Verdinha

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  6. Olá, Verdinha!
    Se não tivesses vindo hoje, iria visitar-te amanhã (Tinhas avisado que estarias ausente; desejo muito que essa dor vá diminuindo, seja ela de que espécie for.)
    Nada de desculpas!!!
    Quanto ao poema, são momentos ou estados; até sou bem divertida se houver caso para tal!!!
    E falar "mesmo" com as pessoas é, talvez, a melhor terapia! Força!
    Bjos, querida :)

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  7. Talvez o verso seja O Caminho
    Assim como todo o poema é um questionamento

    Gostei imenso

    Bjo.

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    1. Sendo que para mim a vida é poema, então o poema é questionamento no caminho que traço em palavras feitas verso(s)!
      Escreveste tão bem que eu só tive que aproveitar as tuas palavras!
      Obg, amigo Filipe por (me) leres!
      Bjo :)

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  8. O regaço pede a acolhida da casa. Pois não é que estamos sempre retornando ao ponto de partida? ;) Beijus,

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    1. Tal como se fora em círculo e por ciclos!
      Obg pela visita e apreciação ao poema!
      Bjo :)

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    2. Num dado momento, por breve que seja, há algo que nos leva a uma reflexão mais profunda.
      Gostei muito amiga Odete.
      Parabéns.

      Bjuzz :)

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    3. Verdade, amiga Teresa...
      Obg por te preencher o sentido estético, ainda que por momentos :)
      Bjuzzz e :) :)

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