quarta-feira, 25 de abril de 2012

Revolução (em retração)


 Florinhas em bicos de pés
espreitam a sala vazia.
Na mesa, a caixa de rapé,
no sofá a almofada de fantasia.

Lareira apagada,
casa desabitada,
donos em debandada,
crise instalada.

O 25 de abril dos cravos,
cantado anos atrás,
parece ter-se evaporado
e o sorriso emudecido.
O olhar entristecido
vagueia ao acaso,
indiferente ao tempo fugaz.

Revolução.
Evolução do princípio do desenvolvimento.
Expulsão de sentires de natural sentimento.
Devolução de silenciados genes da mente.
Quem contraditar, mente!

OF 24-04-12
Foto – Autor desconhecido

10 comentários:

  1. O tempo em lenta (des)evolução...
    E um lento silêncio

    Importante teus versos

    Bjo.

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    1. Obg, Filipe pela presença e registo.
      Hoje, particularmente, "sinto" a importância do escrito...
      Bjo

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  2. Gostaríamos de cantar Abril mas,

    há uma lágrima ao canto do olho...

    Como no teu oportuno e entristecido poema:
    Revolução (em retracção).

    Xi coração.

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    1. Verdade, amiga Teresa....Que mais dizer?
      Agradecida (fez-me bem a tua presença).
      Bjo (apenas, sem sorriso...)

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  3. Foi exatamente assim que senti Abril, hoje. Com inquietação, com medo, procurando abstrair-me nas pequenas coisas que ainda vou podendo fazer.
    Belo poema. Bela imagem. Assim fossem os tempos vindouros (sem a tristeza aqui contida)
    bji, querida

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    1. Já tive oportunidade de dizer, num grupo poético onde divulguei este poema, que nem sequer liguei a TV, durante o dia para ouvir fosse o que fosse.
      Portugal nunca mais se "cumpre" (já era desejo de Fernando Pessoa...)
      Mas estou cá, para o que der e vier!
      Bjo, princesa Nina

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  4. Belo poema...Espectacular....
    Cumprimentos

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  5. Obg, Fernando Santos por ter gostado...
    (Tive oportunidade de o dizer na Assembleia Municipal, de que faço parte, no dia 27 de Abril...)
    Bjo :)

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  6. também já faz anos que nao oiço noticias neste dia nem leio..nem rememoro...OS CAPITAES..que tanto necessitavam desta revoluçao..Esses interesses comprometidos que tanto se falaram..foram pura propaganda;(politiquices)!!Se supoe que era uma revoluçao para o povo?¿Já passaram anos demais para que ainda o povo seja "inocente"!!A tristeza deste poema..é quase o sentir de dum 90 por cento do povo!!!Obrigado por escrever-lo por ser a voz..beijo grande

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  7. Pensava que só era eu! Afinal, tenho parceira...Rejeitei ouvir fosse o que fosse, foi o meu isolado protesto!
    Quanto ao que deixas escrito, subscrevo...
    Obg pela tua presença.
    Bjinho, querida amiga

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