domingo, 21 de outubro de 2012

Pobreza


Castelos no ar desfeitos,
castelos de areia imperfeitos,
  partículas doridas cravadas
em pupilas salgadas
… Pobreza.
Palavras carregadas
… Dureza.
Condições subhumanas
visíveis nas passadas
de transeuntes nas calçadas
desarrumadas…

Raiva vendada
nos bancos de ajuda humanitária.
Mão estendida, envergonhada
… Incerteza.
Pobreza.
Dureza.

Gritos saídos do nada
… Ciclo de vida.
… Dívida danada
fruto de estratégia errática.
Falsos profetas,
vendedores de almas atormentadas.
Pobreza personificada.
Companhia emparedada
em cada passada…

OF 17-10-12
Foto – Autor desconhecido

(Poema escrito para participação temática num grupo poético)

12 comentários:

  1. Belo poema que acompanharia perfeitamente uma foto que tirei na 6ª.
    Nas ruas da cidade está cada vez mais visível.:(

    bji, querida

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    1. Pois, sei, Nina. Já o tinha escrito. Também tenho uma foto similar, contudo, esta é mais forte. Atinge o âmago da dignidade...

      Obg por estares aí e gostares sempre do que escrevinho.

      Bjos, piKena

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  2. "penitentiagite".

    Estive aqui de "salto e banco".

    (que isto de ficar de pé muito tempo já não é para a minha idade...)

    ;)

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    1. Pois estiveste e sempre com o teu peculiar estado de "graça"...

      :)

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  3. Num poema onde a indiferença não tem lugar

    sublinho os versos iniciais, pela construção fonética e pela força e forma como se diz

    "Castelos no ar desfeitos,
    castelos de areia imperfeitos,
    partículas doridas cravadas
    em pupilas salgadas
    … Pobreza.
    Palavras carregadas
    … Dureza."

    Bjo.

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    1. A tua presença é imprescindível neste espaço porquanto lhe acrescenta dignidade poética, amigo e maestro da sinfonia das palavras...

      Bjo, Filipe :)

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  4. Um poema protesto acompanhado de uma imagem bem forte! Quem não se sensibiliza com tal situação bom sujeito não há de ser. A vida escorre pelas mãos que tentam ampaerar um pouco de solidariedade, vinda de quem?
    Enquanto lia o seu poema me lembrei de Manuel Bandeira:

    "Eu faço versos como quem chora
    De desalento ... de desencanto ...
    Fecha o meu livro, se por agora
    Não tens motivo nenhum de pranto.
    Meu verso é sangue. Volúpia ardente ...
    Tristeza esparsa ... remorso vão ...
    Dói-me nas veias. Amargo e quente,
    Cai, gota a gota, do coração.
    E nestes versos de angústia rouca
    Assim dos lábios a vida corre,
    Deixando um acre sabor na boca.
    eu faço versos como quem morre."

    Beijus,

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    1. Luma: encantada pela presença e grata pela apreciação, pois nela evoco seus textos riquíssimos...
      Na verdade, Manuel Bandeira, tem razão no que escreve, subscrevo-o (apesar de muitas vezes versejar em tom mais ligeiro, brincando com as palavras...).

      Muito obg por me deixar este excerto...

      Bjooss

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  5. Um tema bem amargo, como o são os teus versos de revolta. Como quem olha e não passa ao lado.
    É de raiva a palavra que te escorre dos dedos.

    Bjuzz amiga.

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    1. Infelizmente a temática não se esgota, toma é formas diferentes. Assim, também as palavras parecem novas....

      Obg, amiga Teresa

      Bjuzz :)

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  6. ines Pi....28 outubro, 2012

    No limite da pobreza e na tristeza mais lúgubre..Assim continuamos caminhando neste inverno que vai ser mais duro que nunca!!Os augurios nao sao nada bons nem forças existem para Temperar animos,só resta a doce esperança que nao nos abandone!!!Gostei muito minha querida,nas palavras gritantes e esfarrapadas que empregas para uma realidade dura!!Beijos Eu

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    1. Na verdade não o são, até o frio bateu mais cedo à porta, levando a que corpos desnudos de tudo, tiritem com a rudeza invernosa. Uma desgraça nunca vem só...
      Estamos no princípio de novembro e o aquecimento na escola ainda não foi ligado. Já se sente desconforto...Enfim.

      Obg, uma vez mais, amiga Inês. Bjos

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