Como
não sorrir ao dia apesar do meu olhar estar a ficar mais envelhecido? Explico:
o risco nos olhos já não desliza tão certinho, fruto da marca do tempo. Registei
o pormenor mas não entristeci. Talvez o meu sentir poético se tivesse até
aguçado. Sei lá, mas a verdade é que, mal transpus o portão, a pequena
amendoeira me brindou em festa: vestida sensualmente, flores como mini-saias
ousadas, colorida em nuance de cores entre o branco e o rosa…Símbolo de um
ciclo da natureza que atrai turistas, anualmente, fazendo o percurso das
amendoeiras em flor, regado com os suculentos pratos de terras do planalto.

E
foi do planalto mirandês que saiu, há uns tempos, um livro de poesia da amiga
Teresa Almeida – Ousadia. É mesmo! Somos teimosos porque ousamos desafiar,
amando, os espaços desérticos, os montes de mulher, as rochas de machos, os
xistos de raça…Porque bebemos a sedução das giestas, das urzes, das maias… E é
desta beleza que se veste a mulher transmontana. E é nesta beleza que o poema
da subtileza se solta e vem à boleia por trilhos, caminhos, estradas ou rios,
abraçando o mar, seu pai, recebendo a bênção na foz do Douro. E por espaços do
Porto se vai afirmando. Estive, uma vez mais, num espaço onde regressarei
sempre que puder…Abraço-te “Ousadia”. Já te amo, Porto, em poesia…
(Texto que, não sendo de
homenagem específica, escrevo como hino ao deslumbramento das palavras e do meu
sentir mulher…)
Odete Ferreira, 24-02-2013