Obra de Brad Kunkle
Não me fica
bem este rio embrumado.
Nota-se
escorrendo de minhas faces pálidas.
O vermelho
desbota-se no pregueado.
Marcas perenes
de noites outrora cálidas.
Vestiu-me esta
noite de folhas em recorte.
O sorriso,
este sorriso iluminado,
acrescentou-o
o sol ao seu fino porte,
num amanhecer
pálido e envergonhado.
Procuro o
rosto dos sentidos outonais.
Mas cega àqueles
indícios subversivos
que, vós,
sábia natureza aclarais,
toldam-me somente
de uivos compulsivos.
Perdi-te num intenso
sonho diluvial
vergastado pelos deuses da intempérie
ainda não sei
se foi providencial,
um outono
assassino de almas em série.
Por entre veredas
selvagens e estreitas,
quotidiano sem
poética visão,
carecem as
utópicas cores escorreitas
Um outono velho,
tímido de emoção.
Onde pára a
natureza que me encantava,
o colorido de
telas inconfessáveis,
as encostas
macias onde te afagava,
os leitos
floridos de segredos palpáveis?
Sei que a
resposta está na espera tranquila.
Na paradoxal
ânsia de alma intranquila.
Os tons
outonais ficaram presos nas filas.
Ergue-te!
Faz-te tela nas minhas pupilas!
OF, 24-09-14
Desejos de vestes fantasiadas em contraste com realidades oferecidas.
ResponderEliminarHá que saber olhar e ser-se!
Beijinhos
Oi, Odete!
ResponderEliminarTão dolorido que beira o angustiante, no entanto, a esperança permanece presente!
A transformação do sofrimento em arte ou fazer uso das circunstâncias como matéria-prima é transformar o negativo em positivo; é dar um toco no conformismo!
Beijus,
A Natureza tudo aclara. Ela tem todo o tempo do mundo.
ResponderEliminarMas as cores do outono dependem bastante do nosso olhar, que vai ficando diferente ao longo do tempo.
O poema é excelente. Tu já nem fazes por menos, pois essa qualidade é uma constante na equação das tuas palavras.
Tem um bom resto de semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Realmente...um Outono que precisa do acrescento de um sorriso luminoso para disfarçar a palidez das manhãs, um Outono ele próprio envergonhado nos seus próprios predicados.
ResponderEliminarOs deuses estarão, como sempre a marimbar-se para uma suposta ordem natural das coisas, e atropelam-se a fazer das suas. Só nos resta, como ao Outono, esperar por essa tela do seu traje original.
Um belo poema, com uma fluência e sentido rítmico extraordinários, neste caso com esse aroma de desencanto pela ausência do verdadeiro Outono.
Primoroso, Odete! Gostei muito.
xx
É difícil nos contentarmos com uma tela desbotada quando nossos olhos já se iluminaram diante de uma natureza pintada com grande e natural beleza. Se o bronze outonal deixou a desejar, não há como vesti-lo adequadamente. A natureza é por demais independente para se quedar aos desejos de nosso sedento sentir. E nem um apelo doído e poético, tão rico e encantado como o seu, será por ele atendido. Sempre muito belos os seus versos. Bjs.
ResponderEliminarOI ODETE!
ResponderEliminarEU PARTICULARMENTE ACHO O OUTONO DE UMA BELEZA ÍMPAR, MESMO QUANDO OS AMANHECERES PASSEM A SER PÁLIDOS E ENVERGONHADOS E TU NA CERTA TAMBÉM, SE TE INSPIROU ESTE TEXTO MARAVILHOSO, EMBORA SAIBA QUE A INSPIRAÇÃO É TUA COMPANHEIRA CONSTANTE, POIS TEUS TRABALHOS ENCANTAM, SEMPRE.
ABRÇS AMIGA E FICA COM DEUS.
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Um belíssimo quadro outonal, onde mesmo sem o fulgor do fogo que pinta o verde , vibra o desejo da cor que arde na memória de outros outonos.
ResponderEliminarExcelente poema.
Beijos. D
Por aqui não temos as estações definidas como aí. Sempre sonhei em ver as folhas amareladas em tons variados e só pude realizar há poucos anos. Foi inesquecível... como é esse seu poema que, afinal, esperança em verde.
ResponderEliminarBeijuuss Odete
Agora que troveja e chove, quer-me parecer que faltou arrojo à primavera para já não falar do verão.
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana, querida!
Odete , na sua escrita me encantam as metáforas . Muitas vezes falta ousadia aos outonos . É uma pena . Agradeço sua partilha , sempre . Beijos e boa semana
ResponderEliminarUm diferente e belo elogio ao outono...
ResponderEliminarbjo amigo
Voltei e reli.
ResponderEliminarFiquei ainda mais maravilhado.
Boa semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Oi minha amiga, tenho tentado comentar aqui nesse post a dias e não tenho conseguido, minha cabeça não esta lá essas coisas, mas prometo que voltarei.
ResponderEliminarSendo assim venho te agradecer pelas idas e vindas em meus blogs. Vc esta sempre presente. Muito obrigada mesmo de coração! Podes deixar não mudarei o meu estado de espírito.Não retrocedi, fiquei mais na sombra devido aos meus probleminhas, mais valeu a ida, valeu ver gente diferente, valeu a pena apenas por ter saído de casa.Preciso me espelhar na minha neta Evellyn, já viu o sorriso que ela dá?
Bjss e fica com Deus Odete.
Já o tinha apreciado noutro local. Está muito bem conseguido, amiga. O Outono é, como se vê, uma incomensurável fonte de belas inspirações
ResponderEliminarUm abraço matinal de parabéns.
Falta sempre arrojo ao Outono
ResponderEliminar(belo título)
Talvez porque uma tarde entardecida
seja quase sempre, sensivelmente, nostálgica,
quase sempre retraída, pelo sei próprio movimento
Enquanto o verso, espera
Bjo. amigo
Amiga, depois deste poema grandioso de intervenção,
ResponderEliminarluminoso pelo teu sentir saudoso, o outono ficará com vontade
de ampliar as tonalidades e se expressar na tela,nem que seja na
tua tela imaginária a colorir teu olhar e prontamente pousar
folhas vestidas de palavras que se fazem poesia...
Adorei colher este poema! A imagem é belíssima...
Beijinhos,querida.
Outono velho? A tua sensibilidade o renovará através da emoção da tua bela poesia!
ResponderEliminarQuerida Odete , enorme abraço :)
É sempre um momento de encantamento ler e reler os vossos enriquecedores comentários.
ResponderEliminarEste outono antecipado apanhou-me desprevenida.
(Suzete querida, perco horas a pesquisar obras de pintores que se enquadrem no poema. Por vezes tenho sorte. Foi o caso!)
Meu beijo, querid@s amig@s :)
A Natureza do Outono é transmitir melancolia e preparar a chegada do velho senhor. Veste-se de cores magistrais, apela ao aconchego dos Fogos e despe-se para hibernar todo o seu tempo. Depois...
ResponderEliminarBela Poesia, Odete.
Parabéns.
Beijos
SOL