Obra de José Malhoa
Saberão um dia que não te renego
mas não nego que estou como em tempo de cheias.
Transbordo a irritação para lá das margens
escabelando a voz meiga da cegueira.
Nem sequer tenho escapatória,
as eclusas são demasiado apertadas
e tudo fica neste interior ensimesmado
Um deserto sem areias, nem espaço voador.
Asfixiam-me as notícias poluentes
que matam seletivas células de esperança.
Ainda ontem dizia que era feliz.
Mas como o ser na destemperança do outro!
Ai meu país de oásis benditos semeado.
Tanta cor, tanto odor, tanto amor.
Vejo, cheiro e afogo-me na bebedeira dos sentidos
de em tanta água lodosa mergulhar.
Corre mansa a água do meu rio
e este sol afogueado que o degela
prenuncia um ciclo novo de palavras.
Mas não te renego, país de poetas desconhecidos.
Trairia os versos apaixonados que inspiras.
Na força do vento espero tempestades varredoras
de gente vil! Sim , essa que te atraiçoa!
OF – 30-03-15
(Imagem retirado do google)
(Imagem retirado do google)
Olá, Odete.
ResponderEliminarTão belo hino à pátria. A paixão que pões nestes versos falta a muitos que não sabem dignificar sua pátria, seu povo.
"Corre mansa a água do meu rio" - talvez devesse o rio revoltar suas águas e carregar para longe o lodo viscoso que perambula pelas margens.
bj amg
Texto belíssimo ! Parabéns ! Beijos
ResponderEliminarExcelente poema. Um abraço e bom Domingo.
ResponderEliminarQue lindo tia!Esse poema deve ficar lindo na sua voz. E sabe? Eu e vovó amamos ouvir vc ler poemas,vc se expressa muito bem.
ResponderEliminarTbm vom agradecer por ter ido nas festinhas virtuais,agora postei as fotinhos da festa real.Bjssss
Excelente, amiga, excelente !!
ResponderEliminarCompartilho o teu sentir e a tua mágoa.
Beijinhos solidários
Muito verdadeiro. É sempre o povo que "jurará bandeiras", sempre enternecido por um pais em rota de colisão com quem o ama, quem o não renega, mas que sente cada vez mais a necessidade de uma ventania que arrase com os que não amam este país, cada vez mais afundado numa esperança já cansada.
ResponderEliminarBelíssimo poema, Odete, muito sentido, e representativo do sentimento de muitos.
xx
Olá Odete!
ResponderEliminarLindos e profundos versos, que só conseguem sufocar uma revolta que não chega a ser uma revolução, mas um grito contido na garganta patriota de uma lusitana de grande sensibilidade!
Como odiar seu país, se o amor por ele é tão grande, que nem o renegas, nem o negas?
Gostei imensamente!
Beijos!
VitorNani & Hang Gliding Paradise
Amamos os nossos pais desde que nascemos. Podem não ser belos para o mundo, mas para nós são os mais lindos que pode haver, porque lhes queremos tanto, porque os seus defeitos são compensados por aquela luz de amor, que nos diz há séculos e séculos que quem o feio ama, bonito lhe parece. Como não amar a terra, a pátria, a mãe desvirtuada e deformada que nos deu a identidade como povo? Revolta e paixão. Adorei Odete.
ResponderEliminarBeijinho
É mesmo assim, amiga. Amamos o país em que nascemos, apesar de tudo, apesar de nada... Um belo poema como um grito de alerta...
ResponderEliminarUm beijo.
Migueis de Vasconcelos, vis humanos
ResponderEliminarQue alagam os mares e as ribeiras,
São demais, assim como as asneiras.
E nós nos tornamos mais insanos,
Brinquedos das suas brincadeiras.
Beijos, Odete
SOL
Posso dizer que tenho idêntico sentir com relação ao Brasil. Mas a tempestade de ventos fortes, capazes de levar para o fim do mundo os que o destroem, causando sofrimento e dor, provocando desemprego e aumentando os moradores de rua, não se avizinha. A palavra que, mesmo não dita, estampa os rostos, é indignação. Mas o amor pelo país não cessa e a esperança tende a manter lugar em nossos corações. Gostei demais de seu poema. Traçou com leveza o peso que recai sobre os ombros. Grande beijo!
ResponderEliminarOi, Odete!
ResponderEliminarTambém estamos em tempo de cheias... Mas não podemos abandonar o barco!
Onde isso dará? Se é o povo que sustenta a nação, algo haverá de ser feito pois do modo que está não dá mais!
Que os ideais da revolução continuem vivos e repassados às gerações!
Beijus,
OI ODETE!
ResponderEliminarNOS SENTIMOS ATINGIDOS EM NOSSOS IDEAIS, AO VERMOS NOSSA PÁTRIA SER AVILTADA POR POLÍTICOS, QUE INFELIZMENTE NÓS MESMOS OS COLOCAMOS NO LUGAR EM QUE ESTÃO E DO QUAL NÃO QUEREM MAIS SAIR, COMO SANGUESSUGAS QUE SÃO.
NOSSAS PÁTRIAS ESTÃO DOENTES, BRASIL E PORTUGAL E NÓS, POVO, SOFREMOS AS CONSEQUÊNCIAS.
BELO POEMA AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Jurar?
ResponderEliminarNão vale a pena.
Como diz o velho ditado transmontano: "Do responsado come o lobo"
Vivamos o dia e juremos apenas fidelidade aos nossos princípio.
bj
Gostei muito do poema, muito pertinente nos tempos que correm...
ResponderEliminarDeixo um beijinho e o desejo de um bom feriado...
Bom dia, Odete
ResponderEliminarNão sei será o sentido de lusitanidade se o patriotismo exacerbado que ainda nos leva a dizer: Não te renego!
Os “oásis benditos” contribuem, sem dúvida, para que, apesar da “destemperança do outro”, ainda continuemos a ter fé em que apareçam as tais “tempestades” que funcionem como vassouras e consigam varrer para bem longe os vilões da h(H)istória.
Que o “jurar bandeira” (Juramento de Bandeira) readquira o significado (e o mesmo seja respeitado) que tinha à data da sua implementação – princípios do século passado.
EXCELENTE poema!
R: Claro que entendi perfeitamente a tua “dissertação”… -:)
Bom feriado e óptimo fim de semana.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
Olá Odete!
ResponderEliminarBelo e intenso poema à pátria!
Um ótimo fim de semana pra você
Beijos
http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/
Olá Odete, seu poema espelha uma realidade que é atual e sempre será.
ResponderEliminarPenso que todos os brasileiros amam o Brasil, e têm esperanças de vê-lo
crescer na Ordem e Progresso. Grande abraço!
Boa noite, Odete. Muito bem escrito com sentimento de profunfidade de amorve pesar.
ResponderEliminarInfelizmente estamos longe de sermos Pátria justa e igualitária, mad cada um ama o seio que foi gerafo e segue numa relação de amor e inconformismo.
O mesmo existe porque há amor, cado contrário seríamos filhos indiferentes.
Tenha um fim de semana de paz.
Beijos na alma.
Perdoe os erros, não estou no PC e ainda no escuro.
ResponderEliminarBeijos e parabéns.
Estimada, amiga.
ResponderEliminarQuando convidado, e ainda que sem convite, o Amor, é sempre do povo.
Abraços
Um poema lindo e tocante, querida Odete!!
ResponderEliminarUma relação de amor lúcido com a tua pátria, com o reconhecimento
da tua identidade cultural e capacidade crítica de olhar e verificar a
crise nas desigualdades, com o aumento da pobreza numa triste
realidade que escurece as cores...
Aqui no meu País, estamos com um sentir de preocupação
gritante, constante e desanimadora...
Beijinhos, querida amiga.
Os sentimentos podem ser contraditórios.
ResponderEliminarEu pertenço à maioria, creio, a dos desencantados e desiludidos.
Beijinhos e nunca te renegarei ou negarei, sabes disso, não?