Obra de Anna Dittmann
As pregas por cima do joelho eram mais um sinal. No
convencimento social, o comprimento do vestuário aportava o tempo para o corpo.
Já não tens idade para usar esse vestido que tão bem te fica. Bem, ou de que
tanto gostas. Vozes, apenas vozes que ignorava. Os tempos são outros. O tempo,
o mesmo. Mas o seu tempo estava nela. Nos olhos. Pensativos, curiosos,
perscrutadores, analíticos, desafiadores, sedutores, enigmáticos… Adjetivação
para o mesmo nome abstato. Espírito. Por ele se entregava ao amor. Como papoila
a seduzir as hastes do centeio com avidez e cupidez; estrela a namorar a lua; cavaleira
a desejar o pódio da intemporalidade; pássaro a debicar a semente do desejo; deusa
a pedir poemas de beijos; poema de rio cheio; sorriso boquiaberto; espanto de
criança; vestidos de menina pregueados de anos decorridos. E vento. Tanto que a
fazia esvoaçar entre nuvens a brincar ao esconde-esconde…
E a convicção de que, quanto mais de Ela assumisse, mais são seria
o fruto do seu ventre.
Odete Ferreira – 30-08-15
Um texto muito bonito, pleno de poesia.
ResponderEliminarGostei.
Um abraço e bom fim de semana
Ai o tempo, esse tirano que, aliado às convenções, causa grandes estragos. Quando o espírito ainda não sente o peso lá temos os vestígios a marcar o compasso. Mas a intemporalidade talvez seja possível, sim. Através do amor.
ResponderEliminarBom fim de semana, cara Odete.
Bj
Olinda
E como era bom esse esvoaçar de pregas na roda do vento! Que importa se me agora sou uma boneca. O tempo "cusca"-nos a todo o instante.
ResponderEliminarMas quem resiste a um ramalhete de papoilas?
Só beleza, Odete!
Beijinho!:)
As papoilas têm asas intemporais
ResponderEliminarBoa noite, Odete.
ResponderEliminarAs regras de uma sociedade que tolhe o ser.
Que bom ter assumido ser apenas "Ela".
bj amg
A contemporaneidade de uma adolescência engravidada precocemente!
ResponderEliminarBeijos, Odete!
Olá amiga Odete, um poema maravilhoso e [tão teu]. as regras que a sociedade ditou. Contrariei algumas. Beijos com carinho
ResponderEliminarQue belo e enigmático texto que nos captura
ResponderEliminarna narrativa do sujeito oculto, com a
mensagem da auto-afirmação da bela singularidade.
A importância da singularidade e vivê-la é algo
de real valor nesta vida, Querida Amiga!...
Grata pela tua singular e belíssima escrita cativante!!
Beijos.
As convenções sociais ignoradas por quem tem coragem de o fazer e sabe ficar à altura das consequências...
ResponderEliminarAdorei o texto: uma escrita poética, delicada e muito bela.
Beijo.
~~~
ResponderEliminarEntregar-se ao amor apenas pelo espírito
é um modo de estar na vida assaz divino!
Porém, contranatura.
Belíssima a descrição desse amor utópico,
dessa vida livre de regras e que ignora o
tempo convencional...
~~~ Beijinho, Poeta amiga. ~~~
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Que belo texto!
ResponderEliminarA força de um espírito livre alheia-se sempre do corpo, não para dele separar-se mas para nele continuar jovem a cada dia que passa. Vive plenamente quem sabe resistir aos ditames das convenções sociais que tantas vezes apenas servem, para tornar pessoas e comportamentos iguais.
O amor permite o sentimento de eternidade onde a censura não ocupa lugar, e o fruto desse ventre será sempre concebido sem réstia de pecado.
Gostei muito, Odete.
xx
A Alma é tão límpida no sentir e os "tempos" tent(ar)am restringir essa naturalidade. Regras!...
ResponderEliminarMuito bom Odete. Foi daí que saiu o "Porta-te Mal".
Beijo
SOL
Odete, não há sinais do tempo para o espírito quando este, livre de preconceitos e de temores pelas imposições sociais, mantém sua individualidade e sua liberdade. A autoconfiança proporciona um caminhar seguro que desconhece/ignora o que não lhe apetece ver/ouvir. O amor desconhece barreiras e o fruto de um ventre, independente da forma como foi concebido, chega inundado de luz e de pureza. Que rico texto! Bjs.
ResponderEliminarSão as pessoas que "furam" as regras da sociedade que fazem com que as regras se alterem (não incluo aqui os criminosos...). Mas sofrem na pele essa ousadia.
ResponderEliminarExcelente texto. Gostei imenso, como sempre.
Bom fim de semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Um texto lindo, Odete!
ResponderEliminarE muito bem ilustrado.
Beijinhos e bom fim de semana :)
É dessa forma que os olhares do mundo vão ganhando outros contornos.
ResponderEliminarMuito belo, Odete!
Um beijinho :)