Obra de Margarita Kareva
Há um
pensamento a atravessar
o
corpo, a pele, os sentidos,
no
incomum de sentir os passos perdidos,
trémulos
de ânsias que consomem os fígados,
anunciando
o final de obsessão consumido.
É
pecado gostar de maçãs,
se na
tua árvore reluzem,
convidativas
a matar a sede,
suco a
viciar o céu da boca
e polpa
a selar a promessa do beijo?
Há um arrepio
a passear pela alma,
pelos
dedos de palavras que afagam,
internadas
no hospício dos loucos
onde
apenas os olhares e os sorrisos habitam.
É pecado
amar deste jeito,
vício
afrodisíaco,
alimento
obsessivo,
negro
chocolate derretido
na
concha da tua mão?
Há uma
vontade a querer o infinito,
a
escrever versos que clareiam o escuro,
ausências
que enganam a vida,
vegetabilidade
contranatura…
São os
ninhos nascentes
que
iluminam os caminhos,
nossos,
lavados
da culpa original.
OF (Odete Ferreira) – 06-04-16
Quando acabei de ler o poema lembrei-me, de imediato, do nome deste blogue: porta-te mal.
ResponderEliminarA vida é luta constante, como muito bem sabes, mais a mais quando se trata de convicções.
Mais um belo poema, Odete.
Um beijinho :)
obsessão sem culpa...
ResponderEliminargostei do poema.
Olá amiga, obsessão...teimosia...loucura, tenhamos então uma pitada de cada. Pode chamar o que se quiser. Porta-te bem em certas alturas. Porta-te mal sempre que possas. Adorei o poema. Beijinhos com carinho
ResponderEliminar~~~
ResponderEliminarSim, é na Primavera que nós - seres associados ao movimento telúrico de renovação - nos sentimos mais lavados do pecado original, que nunca entendi. (Para que quereria Deus, omnisciente, o casalinho no Paraíso, anatomicamente diferenciado?!)
Que todos procurem viver uma vida natural saudável, completa e feliz!
Excelente poema, delicadamente erótico, homenageando esta estação
de um modo muito agradável e original.
~~~ Beijinhos, Poeta amiga. ~~~
Mas que bela obsessão minha amiga , gostei bastante deste belo poema.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Gostei muito do poema.
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana.
A "culpa original" do poeta a reinventar a memória dos sentidos...
ResponderEliminarMuito belo!
Um beijo.
Olá Odete, belo poema Espectacular !
ResponderEliminarCumprimentos
O doce pecado de amar...
ResponderEliminarbj
NÃO, não pode ser pecado amar desse jeito...
ResponderEliminarPecado seria não gostar de Poesia.
Beijinhos com chocolate e maçãs.
Quase tudo se conquista
ResponderEliminarBj
Não há pecado original no Amor. As tentações podem ser múltiplas, mas Amor de Amor, só pode ser puro.
ResponderEliminarBelo, o teu Poema.
Beijo
SOL
O amor tem sido, ao longo dos tempos, vestido de pecado original, como se amar "loucamente" fosse coisa de loucos investidos de uma culpa que os persegue.
ResponderEliminarGostei da alusão às maçãs como símbolo do desejo, de uma tentação e convite irrefutáveis ao beijo, e da alusão ao chocolate quente como "vício afrodisíaco".
Um poema que sublima o desejo de infinito, contra a "vegetabilidade contranatura", abrindo nos versos o caminho da claridade pura nos olhares alheados de qualquer sentimento de culpa.
Que bela Obsessão!...Mas foi-me um pouco difícil "pegar" no poema para comentar...:-)
Obrigada pelo belíssimo poema, Odete.
xx
Querida Amiga,
ResponderEliminarUm poema inscrito de uma sensualidade à flor da pele,
num caminho dos desejos numa bela insanidade partilhada,
a loucura libertada para a liberdade de amar!...
A imagem e o poema em harmonia da beleza da arte
expressiva sobre o amar transgressor das culpas
hipócritas.
Adorei!!
Bjos.
Ps: Adorei deveras o teu comentário lá, és uma mestra das
palavras, sabias?...rss e sempre repetida a palavra mágica
e verdadeira: Grata!!
O amor lava pecados e culpas...
ResponderEliminarExcelente poema, gostei imenso.
Continuação de boa semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Eu também queria ter uma obsessão tão poética assim.
ResponderEliminarAbraço
Brincas com as palavras como com os desejos que não são nunca contra natura quando as maçãs nos prendem os sentidos e o chocolate é o afrodisíaco que as prendem ao céu da boca .
ResponderEliminarBelo. Só!
Beijinho !:)
Obsessão, pecado, loucura... ingredientes que abraçam sentimentos e os tornam enormes. Culpa?? Não cabe nesse caminho de sedução, de entrega, de prazer. Encanta-me a forma com que coloca seus pensamentos em versos, Odete! O poema é sublime! Bjs.
ResponderEliminarÉ pecado amar deste jeito,
ResponderEliminar_SERÁ MESMO PECADO AMAR?!... Ou poderá em determinados casos ser uma desilusão AMAR.
Felicidades.
MANUEL
OI ODETE!
ResponderEliminarPARA O AMOR, NÃO HÁ CULPA, NÃO HÁ PECADO, SÓ A OBSESSÃO DE QUE NOSSOS VERSOS CLAREIEM OS ESCUROS DE NOSSAS ALMAS.
É LINDO TE LER, AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
O amor é lindo, desde que não prejudique alguém. Deve imperar a lei do bom senso, para que seja um mar de rosas.
ResponderEliminarGostei muito do seu poema, Odete!
Beijos!!!
Olá, Odete.
ResponderEliminarTeu poema é feito de volúpia de sentidos. Os sentidos que nos arrepiam a pele, que nos permitem saciar o palato, vibrar com a frescura de um simples suco de fruta a matar a sede: tudo pecados. Pois todo o prazer é pecado. Tudo que não tem outro fim senão o prazer, não pode ser nada mais que pecado. Foi isso que nos foi incutido no âmago do nosso ser. E, ainda que independentes, ainda que as amarras já tenham ficado para trás, o temor ainda existe algures, semi-adormecido...
*Odete, sempre grata pelos seus comentários, que não escondem o vício pela escrita/leitura que lhe está entranhado. É das "vozes" que mais prazer me dá, pela admiração que tenho.
O texto que refere, da altura em que fez aniversário, já o conhecia.
O tempo, que houve época, até era lento na passagem, hoje corre e assusta-me a mim e não só, pois "eu não sou a única". É tema de eleição para muitos, de facto. E nem poderia ser de outra forma, apesar de eu pensar sinceramente que esse "senhor que não detém grande predicado" não merece tanto tempo do nosso, a filosofar sobre ele ;)
Odete, considere-se beijada, com um beijo repinicado nesse seu rosto, um beijo de gratidão genuína, porque hoje, numa altura de tanta tristeza (que não vem ao caso, mas é só para posicionar a importância disto no tempo e no espaço) eu desejei que a vida não acabasse e "um segundo passou sem que eu tenha notado que haviam passado dez minutos" =)
E foi graças ao link que me enviou, dando-me a conhecer o Prof Clóvis.
bj amg
Querida Odete,
ResponderEliminarAmanhã aí em Portugal 25 de abril a comemoração da
memória da Liberdade Democrática no valor imenso
a ser louvado sempre, né querida amiga?
Eu já conhecia um pouco da obra do Grande José
Carlos Ary dos Santos é maravilhoso e grata pela
lembrança dele dada por ti, amiga.
Grata também pela tua presença amiga e solidária
lá (meu blog) e viva a Democracia!!
Beijo e abraço carinhoso, minha amiga.
Estou passando para deixar
ResponderEliminarum carinho e matar as saudades.
Desejar um feliz dia das mães,
Um Domingo abençoado.
Se for do seu gosto deixei mimos
na postagem.
Beijos.
Evanir..