Voragem
Na aquiescência da voragem dos púlpitos,
perdem-se as horas quietas nas varandas
da secagem dos frutos.
Parece desnecessária a mastigação
dos entardeceres acompanhados de copos de três,
não os reconheço, não lhes tomei o corpo,
mas sei deles porque a afeição telúrica
das gentes da minha memória
honravam os pretextos para o escancaramento das portas.
E as pedras dos muros eram testemunhas
da veemência das falas e dos braços roliços,
a segurar mundos. Mundos em que o silêncio
era pesado apenas fora deles.
Dentro, os ecos eram sinais de vida,
púlpitos autênticos sem fake news.
Com rostos abertos a olhares viris, sem medo,
e as crendices, que habitavam os gestos,
uniam as almas crentes.
Neste tempo, de redes com cantos de sereia,
asfixiam-se peixes. Sobretudo,
os que teimam em manter as guelras limpas.
Odete Costa Ferreira, 27-10-18
Direitos Reservados
Obra de Rosi Costa
Antes de comentar o poema, deixe-me dizer-lhe que já tinha saudades.
ResponderEliminarUm excelente poema. Gostei especialmente desta última parte. Uma denúncia a ter em atenção.
Um abraço e bom domingo
"e as crendices, que habitavam os gestos,
uniam as almas crentes.
Neste tempo, de redes com cantos de sereia,
asfixiam-se peixes. Sobretudo,
os que teimam em manter as guelras limpas."
"Neste tempo, de redes com cantos de sereia,
ResponderEliminarasfixiam-se peixes. Sobretudo,
os que teimam em manter as guelras limpas."
Um poema tão a propósito dos tempos que correm…
Ainda bem que voltaste, Odete.
Uma boa semana.
Um beijo.
é muito bom ler-te, Odete.
ResponderEliminare apreciar os teus poemas tão bem construídos
e tão cristalinos. e navegando sempre em límpidas águas,
gostei muito
beijo, minha amiga
Gosto de sua poesia, Odete, tem um 'quê' refinado, além de muita inspiração.
ResponderEliminarParabéns, amiga.
Notei que suas postagens não estão subindo no meu blog, não recebo suas postagens novas! vou dar uma olhada se o problema está no meu blog.
Beijo, Odete.
Que tenhas um Natal de Amor e um ano de 2019 com tudo o que mais desejas.
ResponderEliminarBoas Festas!
Um beijo.
Algo aconteceu, pois tenho a certeza que já comentei este poema,
ResponderEliminarassertivo e frontal sobre a voragem do tempo que estamos vivendo.
Provavelmente deletei, em vez de publicar...
Dias de uma intimidade harmoniosa, plenos de amor e ternura.
'Um Natal Feliz' no 'A Vivenciar a Vida'.
Beijinhos, querida Amiga.
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Um poema magnífico ilustrado de sugestivas imagens.
ResponderEliminarA evocação de tempos diferenciados
e afinal o tempo o mesmo
o mesmo de sempre
os mesmos crentes-peixes dependentes
igualmente de púlpitos, ritos e alfaias
Bj.