Reconheço
que já fui uma escrava em pleno sec. XXI! Do tempo , da profissão, da casa… Nem
tudo foi mau em termos de moldagem comportamental. Convictamente direi mesmo
que as competências sociais, pessoais, organizativas, incluindo agilidade
mental, processos de descoberta na solução de problemáticas, foram apuradas no
tempo dessa “escravidão”. Não era envolta neste conceito que me percecionava
como ser pensante. De todo! Antes um sentido quase genético de cumprimento de
deveres, de perfecionismo mesmo.
Há
cerca de uns quinze anos, uma colega e particular amiga trouxe-me de uma viagem
de estudo um caderno reciclado, cuja capa trazia inscrita a seguinte frase
“Cumpres todas as regras perdes toda a piada”. Ela sorria. Eu quedei-me uns
minutos lendo e relendo a frase. O abalo sísmico provocou um flash iluminado na
exata proporção de uma certa desilusão por me sentir incompreendida. Afinal era
esta a representação social dos meus pares, quiça dos amigos, dos familiares. E
eu cega! Acabei também por sorrir e, em abono da verdade, a trilhar o mesmo
caminho. A vida de então era a minha vida. Preenchia-me. Nem sei se seria
feliz, no sentido em que o termo felicidade se me afigura cada vez mais
procurado (e questionado) pelo ser humano.
Mas
o tempo que me escravizou, também me libertou, precisamente porque, a dada
altura, não o quis mais como meu senhor! Talvez que o indómito gene da minha
essência, que hibernou durante um longuíssimo inverno, tenha recebido o beijo
de outro gene, qual tumor benigno que, primeiro, estrebuchando, depois bem
desperto, me tenha despojado de culpas (à boa tradição judaico-cristã)
inculcadas e recamadas, iluminando, ousando afinal, ser EU. Sendo-o sempre,
sentia-se circularizado por tantas circunstâncias ditas politicamente corretas!
Processos,
questionamentos, reflexão e sobretudo o querer, foram os ingredientes da
descoberta do que deve ser a VIDA. E esta está bem para lá de qualquer crise,
seja ela de que natureza for. Sem receitas, por mais benefícios que as bulas
que as acompanham nos seduzam em direção a curas milagrosas.
Longo
o texto de mais um domingo de reflexão…
Odete Ferreira - 20-05-12
Ah,
faz precisamente um ano que a festa do lançamento do meu “EM SUSPENSO” ocorreu.
Já não são necessários os parabéns visto não ter tido tempo de passar este
texto na data em que o escrevi. Só hoje (17-06) é que o faço e o divulgo…
Quando sinto ser marioneta do tempo ,páro!!A escravidao ,sendo profunda é mais dificil de se detectar..Existe muitas vezes em asas do amor depedente!!Mas vamos a esta "escravidao" muito mais plauzível que por ventura se vive por ser imposta por uma sociedade de "miras"pequenas e que realmente quando recebemos um flash ,despertamos a uma realidade muito mais reflectiva!!Parabéns minha querida nunca sao demais..por essa reciclagem e progresso,que primeiro estrebuchado deu num ser que escreveu isto:"CREIO..em forças interiores sem amarras afectivas que apelam à mente possuida que as solte... para a vida".Para qué mais acréscimos????Um beijo sonoro como a vida e cálido como o carinho que te professo..ines
ResponderEliminarSempre sábias as tuas palavras, querida Inês. O tempo é, sem dúvida, um aliado relevante: umas vezes amigo, outras inimigo. Contudo, a sabedoria também está em transformar esse lado inimigo em amigo...
EliminarFantástica a ligação que fizeste ao poema que está publicado no meu "Em Suspenso". Lá está, o meu SER sempre esteve presente :)
Grata, retribuo o teu carinho.
Bjos :)
(Hummm... ela tem experiência de vida. Velha não...)
ResponderEliminar;)
Pudera, oops!!!, não ter experiência!!!
EliminarVida cheia, não é?
:)
E o que eu tenho aprendido contigo!:))
ResponderEliminarbeijinhos, princesa (estás a descansar e/ou a aproveitar a VIDA?:))
Nina
Aprendemos uns com os outros, querida.
EliminarIsolar-mo-nos é como se colocássemos umas grades à nossa volta. E quem quer viver em "prisão" ?
E sim, VIVO!
Bjos, princesa de olhos doces :)
São tantas as tarefas a serem executadas por nós, mulheres, que digo sempre: não, não estou deprimida e sim COMPRIMIDA. O tempo passa, mas amassa também!rsrs
ResponderEliminarBeijuuss, amada, n.a. e obriagada por suas palavras tão carinhosas. Adoro quando arruma um tempinho e me alegra com sua visita.
Apreciei sobretudo o "COMPRIMIDA" :)
EliminarVou sempre com muito prazer ao teu cantinho, acredita!
Grata, Rê, pelo que dali retiro!
Bjuzzz :)
"Mudam-se os temos, apura-se o Ser"
ResponderEliminarEsta foto é bela e artística, sim; mas o texto é - dos que tenho lido - o que mais te mostra.
Só o li uma vez e fica-me a vontade de voltar. Há reviravoltas profundas em nós e, um belo dia, emergem assim: límpidas, serenas, impactantes.
Magnífica experiência! Percebe-se o sabor da realização pessoal ou estarei enganada?
Parabéns amiga Odete.
Bjuzz:)
Ora vejamos, amiga Teresa: sim, gosto da foto, tinha de ser de mim mas não muito definida, para de adequar ao texto (artística é que me espantou pois fui em própria que a tirei com a máquina digital :) )
ResponderEliminarAprecio que tenhas gostado do texto...Lembra-te que o título do blogue (com um erro ortográfico propositado)foi o passo para o desnudamento de um interior que não queria mais formatado...
Sim, há realização pessoal mas este post é mais de revolução pessoal :) :)
Um dizia "o sonho comanda a vida" eu digo" a (minha) vida quer comandar o sonho"...
Bjuzz, menina do planalto :)