quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mais um dia um de novembro



Mais um dia um de novembro. Talvez o último em que seja feriado. Não me recordo de o ter vivido com alívio, com alguma satisfação. É um dia pesado como se carregasse nos ombros todas as almas mortas; também a minha, vertendo, antecipadamente, as lágrimas do um voo contrafeito para outras paragens.
Se deixar de ser feriado, talvez me iluda e as lápides evocativas de presenças neste mundo, cumpram a sua missão: a de vigilantes de uma certa perenidade visível. Depois, raios, é raro não ter presente uma partida recente de alguém muito jovem. Parece uma sina!
Decididamente não gosto deste dia. Mesmo que fosse pesado por imperativos profissionais, sempre teria à minha volta caritas vivaças e os risos cristalinos da minhas crianças. E a frase da T. (escrita na recente produção de texto) “Este ano vou sorrir mais à vida.”, prender-me-ia a alma à terra, plantando-a num dos canteiros do meu jardim. Sei que, quem por ali passasse, receberia a poção da vida…
(Costuma-se dizer “não acredito em bruxas, mas que as há, há”. Pois estou no mesmo patamar. De certeza que andaram por perto, apesar de ter entrado nas tradições que, desde há uns anitos, regressaram, abrindo a porta a quem me visitou. Logo, portei-me bem! Em todo o caso, não se devem ter dado por satisfeitas. Hoje o portão não abria e o esquentador só deu água quentinha a quem lhe apeteceu. Nada que tivesse atrapalhado assim tanto a manhã de mais um dia um de novembro…)

Odete Ferreira  01-11-2012
Foto – Autor desconhecido

12 comentários:

  1. O mês de Novembro carrega mesmo este peso que lhe atribuis.
    No entanto, se lhe adicionarmos os teus pozinhos de poesia, sorriem os crisântemos nos jardins.

    Bom dia,amiga.
    Bjuzz :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pozinhos, lágrimas de fantasia, enfim, tudo o que puder eivar o negativismo de momentos...

      Bjuzz, querida Teresa :)

      Eliminar
  2. Li este teu texto ontem...e fez-me sorrir.
    Hoje, sorrio também.
    bji, querida

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vê bem, estou a responder passados mais de 15 dias...

      Já tanta água correu debaixo da(s) ponte(s)...

      bjo, princesa :)

      Eliminar
  3. Como não gosto do Outono , menos ainda do Inverno, Novembro é sempre pouco agradável.

    Gostei do poema abaixo e quando estive em Mirandela, na minha visita mais recente, estava um dia esplendoros e a transboradr de gente.

    Bons sonhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pena não ter dito nada...Levá-la-ia a um sítio encantador...

      Obg pela leitura, São.

      Bjinho :)

      Eliminar
  4. São mudas as neblinas nesta ilha
    É de pobreza o pão que alimenta o meu sentir
    Oiço o mar com os meus próprios dedos
    Parti do desencontro dos meus derradeiros medos

    Parti e deixei no cais mil dúvidas
    Lembrei tempos que corri feliz pelas amoras
    Nesses dias bebi sofregamente a vida
    Nesses dias a minha alegria era incontida

    Um radioso domingo


    Doce beijo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obg pela presença, amigo...

      Em tempo de aulas a gestão do tempo ainda se torna mais complicada, mas lá irei ao teu apelativo cantinho!

      Bjo :)

      Eliminar
  5. Gostas de trabalhos difíceis, tu...

    ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Depende da dificuldade, oops!!!

      Mas também aprecio umas sopas à lareira...

      :)

      Eliminar
  6. Belo texto...Espectacular....
    Passe no meu blog tem lá um Prémio....
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obg, Fernando...

      Claro que fui ao blogue e vi o prémio. Agradecida, um gesto bonito. Não sei é como é que essas coisas funcionam. Mas bastou a sua generosidade...

      Bjo :)

      Eliminar