sábado, 18 de janeiro de 2014

Na dança do tempo


Na dança e contradança da vida,
o tempo marca singular compasso.
Agenda caminhos que não escolho.
Autómata, comandada,
marioneta no movimento caprichoso
dos ponteiros de relógios,
poluentes em qualquer espaço.

Fuga! No voo do pássaro,
horizonte infinito, colorido.
Palco de gracioso movimento.
Movimento cíclico
-----dias
-----noites
-----semanas
-----meses
-----anos
-----séculos
-----milénios…
Sigo-o numa correnteza,
cega a escombros desconhecidos.

Fuga! Na barca incerta do destino,
rodopio na carícia suave da brisa,
sapateio nas ondas alisadas,
desenho coreografias impressionistas
nas montanhas escarpadas
que ladeiam tumultuosos rios
e rio ao ritmo de tribais danças.

Fuga! Na ilha do meu sentir,
caixinha de música de melodias,
sinfonias de milenares búzios
e intenso rufar de tambores.
Como vulcão em erupção,
danço lavas ferventes,
seco frescas nascentes,
quedo-me extenuada
estátua sedimentada…
Por terra, em eterna dança.

E assim o tempo venci…

OF -  15-01-14
Foto – Imagem da Relojoaria Vacheron Constantin

10 comentários:

  1. Parabéns pelo belo poema, e por teres vencido o tempo nessa eterna dança. Meu beijo.

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    1. Já tentei comentar no teu blogue. Não me deixa! :)

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  2. Vence o tempo eternizando-se em poema, em emoção! Saí deslizando em cada movimento, em um bailado sincronizado, sentindo essa passagem, vivendo cada paisagem...
    Belíssima poesia, amiga!

    Beijo!

    ;))

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  3. Neste dança ensaias uma fuga contra o tempo.
    Como rodopias na fertilidade da tua imaginação!

    Bjuzz, amiga Odete! É sempre maravilhoso visitar-te!

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  4. Excelente poema....
    A vida é esta bela valsa que toca neste grande baile onde eu te convido pra dançar. Às vezes ela se torna uma grande balada, quase sempre agitada, nos levando a mudar os passos da dança. Mas, seja lá como for e em que ritmo for, todos nela um dia encontram o seu par.
    ~Paulo Del Ribeiro

    Cumprimentos

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  5. Essa dança foi mais uma beleza de se ver Odete. Euzinha ainda tô no dois pra lá dois pra cá com esse Senhor tempo!
    Beijuuss

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  6. A bailarina poetisa que dança com o tempo em harmonia

    coreografia dos dias,segue o movimento cíclico na leveza do

    desapego e deixa a natureza guiar o seu voo de partículas de

    sonhos poéticos a brilhar nesta sombra-realidade...

    Belíssimo!!

    Viajei nesta dança,amiga...

    Beijinhos.

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  7. Olá Odete.
    Aqui o tempo lhe rendeu uma linda melodia com as palavras, belíssima. Espero um dia também vencer este tempo.
    Agradeço pelo carinho de sua linda visita, já estou bem melhor da gripe, obrigada.
    Belos dias. Beijinhos.

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  8. Oi, Odete!
    Não temos o controle do tempo e muito menos do destino...
    Olha, menininha olha. olha a caixinha do tempo e veja os pássaros a bailar. Baila também menininha! Rodopia nas nuvens para esquecer as amarguras do senhor tempo.
    Seu poema me fez viajar e ver alegres meninas bailando como anjos nas nuvens :)
    Beijus,

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  9. Primeiro tempo - proposição de caminhos

    "o tempo marca-se no compasso de um calendário pré-definido"
    seja este o desígnio, que por oculto se desconhece,
    seja este a mera ocupação do espaço cronológico que nos cabe

    Segundo tempo - discorrência

    Se o tempo é movimento e o movimento é ciclicamente determinado
    que fazer?

    Terceiro tempo - proposta

    Fugir
    à correnteza incerta sobrevoando-a num verso
    aos mares tumultuosos que assombram o voo

    Afrontar
    o tempo/caminho
    nos passos coreografados, talvez poéticos, marcados um tribalismo surrealista

    Tempo quarto - Lugar

    Sou inevitável pessoa (dentro de mim)
    Sou inevitável lugar (ilha)

    Tempo quinto - desfecho

    "Como vulcão em erupção,
    danço lavas ferventes,
    seco frescas nascentes,
    quedo-me extenuada
    estátua sedimentada…"

    Tempo sexto - epilogo

    O tempo não se vence, mas num verso engana-se

    ______________________________


    Um dos teus que mais gostei e que me levou por caminhos intemporais
    (como se lê)

    Bjo.

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