Há verdes sóis encobertos
em madrugadas sem fim.
Baralha-se o tempo
nas bocas vazias.
Apenas o escuro
dá urros de loucura.
Os sonhos não passam de pesadelos,
apesar do luar trazer o branco
da esperança
pelos buracos destapados,
desdentados,
onde o sorriso se fecha
no círculo dos lábios envelhecidos
antes do tempo normal…
Confunde-se a própria velhice
pregueando faces chapinhadas
nas poças vermelhas
de sangue invisível.
A dor tornou-se exangue
e as horas passam-se
na espera da vez
dos bancos solidários
onde se adormecem
lazarentos dias passivos…
Como grassa este género de família!
Permanecem os nomes próprios,
deixando de ter sentido os apelidos.
São todos irmãos.
Apenas se distinguem pela
intensidade dos vagidos…
Podia ser pelos latidos
mas eu, no uso da palavra, recuso
que te retirem da alma a dignidade.
OF – 29-03-14
Foto – Carlos Alvarenga
Foto – Carlos Alvarenga
(Aproveito para desejar uns bons dias de descanso, vividos como melhor vos aprouver... Agradeço as vossas visitas e os simpáticos comentários deixados.)
Aprendendo a gostar de poesia lazarenta, :)
ResponderEliminarBeijos !
Bela forma essa de iniciar o feriado... adorei o poema que nada tem de lazarento!
ResponderEliminarTalvez de Lázaro tenha herdado a fé...
Sempre um prazer ler tuas produções.
Aproveite o feriado. Beijos!!!
Querida Maria Carolina S, : por cá o termo "lazarento" também tem outro significado...
EliminarE sim, no poema há também o sentido que referes...
Bjo (Respondi no dia 17 de abril, mas só hoje dei conta que tinha um lapso.)
Minha querida
ResponderEliminarInfelizmente um poema muito verdadeiro que retrata o momento que vivemos neste País que tinha tudo para ser um Paraíso.
Um beijinho com carinho e desejo uma Feliz Páscoa.
Sonhadora
posso ser sincero e humilde nas palavras?
ResponderEliminarsim, este é um texto CCCrazy, estilo " blow my mind" but I like it!
Dias que caem na sua própria podridão...
ResponderEliminarBom ! Ler bom é um privilégio.
Beijo e Boa Páscoa D
Compreendo bem o seu poema, temos que seguir em frente e não permitir que nos roubem a dignidade!
ResponderEliminarPara si e para quem desejar, que a Páscoa traga esperança ....e, já agora, doces amêndoas.
Abraço amigo
E há cada vez mais famílias com os dias lazarentos...
ResponderEliminarMais um excelente poema, brilhante.
Odete, querida amiga, tem uma boa Páscoa.
Beijo.
É triste o arrastar dos dias na desesperança. É dolorosa a observação dos resultados daquilo que não se pode aceitar e que é imposto, sem cessar, curvando ombros e levando os olhos ao chão. Seu poema é um lamento fantástico. Você se insurge contra a realidade que machuca com uma linguagem aplaudível.
ResponderEliminarDesejo-lhe uma iluminada e adocicada Páscoa. Bjs.
Na abundância as pessoas comparam-se umas às outras, os apelidos soam alto, mas na solidão por vezes acompanhada das necessidades mais urgentes, na máxima pobreza que roça a miséria, as pessoas tornam-se irmãs na dor. O tempo parece não passar por corpos que envelhecem contudo antes do tempo dando expressão a uma alma que ficou lá atrás à espera do resgate da dignidade.
ResponderEliminarMuito forte, Odete! E verdadeiro, o que é pior.
Boa Páscoa!
xx
Minha amiga OF sempre tão intensa em suas escrevinhações.... Passando para sentir teu perfume e te deixar um abraço de páscoa... Beijos no coração.
ResponderEliminarDos mais pequenos aos mais velhos, todos têm direito à dignidade. O Ser Bondoso que festejei hoje veio para nos lembrar isso mas muitos se esquecem ou não querem saber...
ResponderEliminarMerci d'être passée me voir sur mon blog, un peu délaissé, je confesse, mais dont les portes sont toujours ouvertes pour les gens de bien. Merci de te souvenir de moi !
Je te souhaite une Joyeuse Fête de Pâques, que ce jour soit le début d'un renouveau pour toi et pour tous ceux que tu aimes !
Bisous de
Verdinha
Um poema registrando a triste realidade do teu País, mas também mundial.
ResponderEliminarInfelizmente seres humanos mergulhados num abandono cruel,
totalmente desprovidos de uma identidade de direito,
esmagados pela injustiça e sem dias melhores...
Um poema dorido,tocante e repleto da tua sensibilidade
que sangra,querida poetisa.
Beijinhos.
No teu poema há uma revolta profundamente dorida, imbuída da negritude dos dias. Que bem dirigiste a palavra, querida Odete!
ResponderEliminarUm poema lazarento sugere-me a ideia de um comando que faz falta.
Apetece gritar para que a ressurreição do país aconteça.
Bjuzz.
Olá amiga, um poema ajustado aos dias de hoje. Resta a dignidade que muitos se recusam a perdê-la. Um poema muito belo mas muito sofrido. Beijos com carinho
ResponderEliminarHá dias e tempos assim...se deixarmos.
ResponderEliminarBeijinhos
Sim, é verdade, vivem-se dias lazarentos.
ResponderEliminarUma deslumbrante construção poética, um mimo.
bj
Minha querida ,como vou estar ausente , venho deixar um abraço grande e os votos de bom fim de semana prolongado ...e viva o 25 de Abril(apesar de tudo, estamos bem melhor do que antes) !
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