Todos
somos aditos e, como seres capazes de discernimento, ainda que o seu valor
lexical nos leve a discussões intermináveis entre o meu e o de outros,
reflexionando-nos, a atitude que nos confere o respeito pelo ser que somos, só
pode ser a da assunção desta condição.
Com a
evolução galopante da pesquisa científica, incluindo tudo o que ao ser humano
diz respeito, pode causar-nos um impacto significativo quando são reveladas
informações do género “O mapa genético da banana revelou que x% (ouvi a notícia
mas não fixei a percentagem) é igual ao ser humano.” Pois é, afinal ingerimos algo
que, com jeitinho, podia ser um ser humano! Brinco e sorrio, mas que isto dá
bem que pensar, lá isso dá!
E talvez não seja por acaso. E talvez
exista mesmo um Senhor do Universo!
É
verdade que nos diferenciamos pelas idiossincrasias. Contudo, também é bem
verdade que, frequentemente, seja no mundo real, seja no virtual, sentimos que
esse outro podia ser eu, tal a sintonia que nos imaniza. Um deslumbramento.
Acontece-me tanto estes orgasmos intelectuais! Este sexo entre olhares! Não
dispenso. Faz parte da minha abrangente adição. Tal como só escrever à mesa de
um café ou esplanada. Tal como saborear um domingo vagaroso, escrever de
preferência prosa, após a bolo de eleição e o café sem açúcar.
Sou dependente
de muitos rituais; todavia, na mesma proporção em que o meu discernimento me leva a rechaçá-los,
sobrepondo a minha independência e alguma irreverência perante a mediocridade
de um pensamento global. Apetece-me sempre pertencer à minoria, seja ela de que
índole for. E as pedradas no charco fazem desenhos tão originais!
Fixo
novamente o olhar num pedaço de monte enxameado de arbustos onde, quando
árvores, serão liberdade no voo de pássaros irrequietos. Desta e doutras
adições nunca me desintoxicarei. São venenos benéficos…
(Ah,
mudou a hora mas o tempo é o mesmo…)
Odete
Ferreira, 30-03-14
Pintura
de Hu JunDi
Nota: este é apenas um texto reflexivo,
como muitos outros que divulgo no blogue, embora há muito o não fizesse; validar
algo cientificamente, não é objeto do que escrevinho; muito menos ser dogmática...
Muito teriam que dizer evolucionistas e criacionistastas destas tuas fantásticas linhas.
ResponderEliminarBoa semana. Bjk. D
Teria sido por acaso que resolvi escrever uma nota, não sendo meu hábito fazê-lo???
EliminarE ainda acrescento, D., e escolas filosóficas e as religiões e demais apêndices...
BJO :)
Olá Odete,
ResponderEliminarUltimamente é o que mais tenho feito refletir sobre tudo e todos, acho que faz bem sair um pouco do pensamento trivial de todos os dias, também sou adepta a rituais de manha de tarde e a noite, mas faz parte do ser humano, ao menos penso assim.
Agradeço de coração pelo carinho e por estar sempre lá no eternamente, mesmo não retribuindo a mesma gentileza. Mas vamos que vamos que o mundo não para e como escreveste " mudou a hora mas o tempo é o mesmo…"
Com certeza estarei mais por aqui.
Um grande abraço e um bom inicio de semana.
Novo blog
http://criandoumsonhoaqui.blogspot.com.br/
Ainda acredito que quanto mais o ser humano esmiúce as partículas, mais vai encontrar o senho do Universo. No espaço fica-se mais evidente as belezas divinas! abraços
ResponderEliminarAfinal ingerimos o que condiz connosco, e connosco intrinsecamente se assemelha, e somos todos aditos...:-)
ResponderEliminarEste teu texto surpreendeu-me. No fundo se estamos tão próximos geneticamente da banana, também o estamos dos macacos, algo que os Evolucionistas defendem mas os Criacionistas não gostam sequer de discutir.
Gostei desse "sexo entre olhares" como metáfora para identificações que podem pôr a cabeça a mil à hora, mas que pelos vistos no teu caso te levou a uma reflexão mais profunda...:-)
Engraçado que também gosto de escrever, não à mesa do café porque raramente frequento Cafés, mas num banco da avenida perto do mar. No entanto a noite é que é a minha grande companhia, a que me suscita alguns orgasmos intelectuais, porque de dia ando um pouco distraída.
A minha adição tem toda a ver com a noite, e tens razão "as pedradas no charco fazem desenhos tão originais" num tempo sempre igual.
Adorei!
xx
Querida Odete,
ResponderEliminarConcordo e me identifico com a tua escrita,a tua visão de mundo. Este
sentir o mundo com muitos questionamentos,o humor presente
na leitura da vida e a independência na liberdade das escolhas...
Nesta nossa sintonia sedimentada pela partilha da poesia,partilhamos
também o Ser (alma) e uma admiração imensa numa construção
da afetividade,que mesmo num espaço virtual, é real,genuinamente
no espaço da autenticidade.
Adoro a excelência da tua escrita na poesia,prosa e ensaios e
partilhar da emoção transmitida pelo teu talento.
Beijinho,amiga querida!!
Todos diferentes, todos iguais. Afinal, ao que parece, os seres vivos tiveram todos a mesma origem... portanto, os vegetarianos deviam comer outras coisas, mas não sei bem quais...
ResponderEliminarGostei muito da tua reflexão.
Odete, tem uma óptima semana.
Beijo.
Uma reflexão partilhada que mexeu com as minhas adições.
ResponderEliminarCom o tempo, acumulam-se, variam, enfim vão dizendo quem somos ou não.
Beijinhos
Somos seres estranhos em permanente transumância. Seres mutantes perdidos em labirintos de letras.
ResponderEliminarAssim vivemos.
Na verdade relativa de todas as divagações
ResponderEliminaro que menos suporto são as absolutas
talvez por isso aprecie os seus comentários
sempre lúcidos
nem sempre assertivos
quando se foca na poesia
Bjs tantos
Relendo o seu texto
ResponderEliminarrenovo os meus bjs
Adições seletivas seriam incoerentes com os sentimentos, eis que a maioria das escolhas está fundada em uma harmonia que surge do nada e que não se fixa em parâmetros. Daí a sintonia que muitas vezes surge nesse mundo virtual, embasada, tão somente, em palavras escritas. Pertencer à minoria é estimulante e condiz com mentes pensantes, já que seguir a procissão, desconhecendo o santo venerado, nada tem de louvável. Seu texto provoca reflexões em caminhos diferentes. Bjs.
ResponderEliminarvcs apreciadores das palavras me impressionam por tao complexas viagens com as palavras....
ResponderEliminarTambém não dispenso a abrangência do teu olhar solto à mesa do café e imiscuído em problemas que nos assolam o espírito. Na verdade entendo que prefiras pedradas no charco e dispenses um qualquer aditivo a estragar-te a pureza do café. Estamos de acordo!
ResponderEliminarFantástico texto, Odete!
Bjuzz.