Sento-me cuidadosamente
como quando era menina.
Afastava os folhos
dos vestidos princesa.
Lembro-me que já sou fruto maduro
e posso meditar entrecruzando
partes do corpo crescido
no tempo que me é permitido.
Lembro-me dos eucaliptos fantasma
que assobiavam ruidosamente.
Tão altos, tão perto do céu…
Decerto neles morava o vento
que me assustava
e todo o mistério
que já questionava.
Abria um olhar desmesurado
quando o mistério me acenava.
Sabia que um dia
seria companhia
deste olhar irrequieto.
Que vai para lá do infinito
onde me sento,
onde medito,
onde me sinto.
O vento já não assobia.
Eleva-me a brisa
ao teu cheiro maresia.
Por ali me tardo,
esperando-me,
permitindo-me
ser noite fantasia,
ser mistério que rezas no rosário.
Relíquia
num intocável relicário.
OF- 09-08-14
É bom que se saiba: o passado é apenas um "agora anterior", ou propriamente dito, uma peça do agora. Dito isso, que tal viver todos os "agoras anteriores" no agora hein?! Ops será que é isso que você ta fazendo agora?!
ResponderEliminarConcordo, Ricardo. Mentalmente, "os agoras anteriores" não se distinguem do agora. Por isso aparecem assim tão nítidos na escrita...:)
EliminarEiii Odete querida. Antes de mais nada gostaria de agradecer sua (pre)ocupação comigo. Sumi da blogosfera (até hoje) pq logo na primeira semana do ano, faleceu um tio amaaado. Único irmão de minha mãe (de seis) que ainda estava vivo e trazia ela, fisica e amorosamente, pra mais perto de mim, minimizando as saudades. Senti muito e triste não consigo escrever uma linha até hoje. Mas estou de volta rsrs.Poesia e imagem lindas! Como sempre. Não me canso de ler e admirar. "Lembro-me que já sou fruto maduro"...
ResponderEliminarQue bom quando nos permitimos,(e devemos), a graciosidade e a curiosidade trazidas da infância.... Do tempo em que até as árvores pareciam ter sons misteriosos, como se nelas morasse o vento. A altura em que tudo o que acontecia era novo, e poderia funcionar como medo, espanto ou encantamento. Uma atracção que ficará para sempre.
ResponderEliminarQuem continua a guardar, em si, essa curiosidade e atracção pelo mistério, encontrá-lo-á sempre nesses momentos, ao mesmo tempo feitos de meditação, onde novamente se permite a descoberta do mistério do outro, fazendo também para o outro, parte desse mistério.
Muito bonito, Odete.
Desta vez até tomei atenção à data!;-))
xx
Queria dizer: " ao mesmo tempo feitos de meditação e sentimento"...
ResponderEliminarSoneto-acróstico
ResponderEliminarPermitindo
Àquela que em palavras sonhos traduz
Ousando vislumbres de réstias de luz
Deixo aqui minha profunda admiração
Encantado pelo que seus poemas são.
Trazendo na alma o olhar desmesurado
Em que transmite meditar entrecruzado
Fantasmas nos eucaliptos trazem vento
E ele memoriza esse mágico momento.
Relembra que se já fez um fruto maduro
Retendo os acontecimentos da infância
Em que existe passado e não há futuro.
Indiferente se há alguma redundância
Representa poema deletério esconjuro
Apenas não abre mão de sua elegância.
Regressei à infância...
ResponderEliminarGrato beijo, minha amiga, e bons sonhos :)
A nossa atitude vai mudando com a idade.
ResponderEliminarMas, mesmo mais velha, não deixes de afastar os folhos dos vestidos de princesa...
O poema é excelente, é o mínimo que posso dizer acerca dele.
Bom resto de semana, querida amiga Odete.
Beijo.
Sonhos de menina, sonhos de mulher...
ResponderEliminarGostei muito, Odete.
Beijos!
"Eu me permito, decidir o que é bom para mim nas situações conflitantes;
ResponderEliminarEu me permito viver a vida como quero, fazendo e decidindo eu mesma e por mim mesma;
Eu me permito, adaptar-me a qualquer ambiente sendo eu mesma, se sentindo segura e tranquila"... Como é bom nos permitir!... Abraço
Vou fazer os +possíveis por portar-me mal...
ResponderEliminarMas do seu poema, digo bem"!
Saudações poéticas!
Oi, Odete!
ResponderEliminarDizem que o tempo é algo criado pela nossa mente. Prefiro pensar que o tempo é algo que para a nossa mente não existe, pois podemos ir ao passado e voltar ao presente em um estalo. As lembranças da infância quando é solo que se pisa com segurança, só nos acrescenta riqueza aos dias atuais. Mas se for para escolher entre o vento e a brisa, prefiro essa útlima!
:)
Boa semana!!
Beijus,
Olá Odete, revisitando os cantos da memória?
ResponderEliminarE muito bem porque o que só regressamos a lugares onde fomos felizes.
bj
Uma permissão que nos proporciona uma viagem interior,
ResponderEliminarna estação infância com o olhar mágico em que o
sentir guia e registra com beleza única os
momentos sonhados (vividos)...
Um poema refletido da mágica dos sonhos,
maravilhoso,amiga!!
Bjo.
Mora uma menina no teu olhar irrequieto. O olhar que já trazia a inquietude dos sonhos.
ResponderEliminarMaravilhoso poema!
Beijinho, querida Odete.
Já que me diz do seu apego ás questões do tempo, digo-lhe que tenho andado a ultimar um poema NU TEMPO, onde só refiro essas questões.
ResponderEliminarO poema é muito longo (cerca de 80 páginas)....
Saudações poéticas!
Um dia seremos de novo crianças
ResponderEliminarBelo o seu poema
O tempo sempre chamando mulher à eterna menina que nem sabe do relicário.
ResponderEliminarAndamos em fase introspectiva?
A poesia deixou-me a pensar.
Gostei muito, tens uma leitura identificativa.
Beijinhos
Um poema maravilhoso. A magia dos tempos da infância e o regresso à inocência do olhar... Gostei tanto.
ResponderEliminarBeijo.
Um poema leve e gostoso de ler, passeando dos tempos de menina à mulher atual, num cenário repleto de aroma e encantamento!
ResponderEliminarOra, Odete, a você tudo é permitido!
Beijos e bom fim de semana!
VitorNani & Hang Gliding Paradise
Olá, o lindo poema reflecte muito bem o crescimento físico, no entanto, os sonhos da infância ficam para sempre.
ResponderEliminarOs traços de Van Gog encantam.
AG
Olá
ResponderEliminarDesculpa recorrer ao Copy & Paste… mas tenho que avisar muitos blogs que publiquei hoje, dia 24/01, um post que gostaria de partilhar contigo.
Fico-te aguardando.
Um beijo
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
E mesmo assim o vento está até no vazio....
ResponderEliminarBom domingo
=^.^=
Olá Odete:
ResponderEliminarNo embalo das palavras que desfias com mestria, deixamo-nos flutuar nos braços das árvores, onde o vento sussurra histórias que perduram, ecoando a melodia dos sentimentos que transportamos e alimentamos.
São as nossas memórias vivas, do livro da vida que nos dá gozo folhear.
Os escritos, riscos e sarrabiscos, que o tempo não apaga!
Afinal a escrita é uma estranha e bela amante!
JINHO
http://diogo-mar.blogspot.com/
Permito-me ler o teu rosário
ResponderEliminarDe contas brilhantes de ternura...
O serem lembranças num fadário,
Não deixam a Vida insegura,
Nem perdem o valor de Relicário.
Beijos
SOL
Permito-me agradecer a todos vós a vossa presença e os vossos agradáveis e pertinentes comentários.
ResponderEliminarMeu bjo :) :)
Belas palavras e ... porta-te bem :)
ResponderEliminarBeijos !
O vento mora aqui no teu poema. Fortes raízes.
ResponderEliminarBj