Foto de Carlos Alvarenga
Nasceste mulher.
Do ventre de outra mulher.
De pernas abertas de luz que te é caminho,
solfejo de ais musicais de riso adormecido,
numa cama ou num chão de terra batida,
desejada ou indesejada antes de o seres.
Tanto faz.
Fizeram-te mulher.
Do seio maternal jorrava leitoso
o leite que te colava a moldes ancestrais.
E eras feliz vestida do tecido rosa da fantasia.
Nem sequer foste maria-rapaz.
Consciente ou inconscientemente
brilhavas em qualquer guião.
Fizeste-te mulher.
No dia em que te olhaste ao espelho.
Já corria de ti o vermelho da paixão.
Percebeste a simbologia da tua anatomia
e amaste os ângulos que te fizeram acontecer.
Soubeste que geravas vidas.
Eras poder.
Apeteceu-te ser mulher.
Voaste alto alcançando penhascos
nas asas escuras do condor.
Seduzes-te nas recônditas alturas
e mergulhas a pique nas ondas do teu sabor.
És de ti, do outro, do
teu lugar, do mundo.
És…Mulher!
OF – 04-03-15
Dias de…
Dias de… Por vezes escrevo para esses dias. Mas não por obrigação.
E, raramente, os escritos são pura elegia. Evocativos de algo, sempre! Interventivos
pela palavra que solta o sentir de uma realidade indigna da Humanidade.
Todos os dias, os alvos dos Dias de convivem com as suas dores. Não
considero que se seja hipócrita por evocar um Dia de. A hipocrisia vê-se nos
atos e gestos dos dias que não são Dias de. As palavras só serão hipócritas, quando
proferidas por bocas mentirosas.
Eu tenho, pelo menos, quatro Dias de. Deles não abdico e celebro-os,
à minha maneira. O Dia em que nasci e fui filha, o Dia em que fui mãe, o Dia da
minha condição feminina e um outro em que projeto o que sou. Em suma, sou Dia
de sempre que respondo ao meu chamado…
Odete Ferreira – 08-03-15
Um poema muito bom. Eu não ligo muito aos dias de, qualquer coisa, mas às vezes também escrevo neles e para eles. Nunca com o seu talento.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Oi Odete!
ResponderEliminarUm depoimento que me faz mais admiradora das suas palavras, pois há de ser um despertar onde as palavras jorram livremente e que o amago vem à superfície dar uma espiada para logo em seguida ficar à espreita de uma nova investida.
:)
Beijus,
Mulher a eterna diva dos tempos sem idade.
ResponderEliminarA mestra o garante do amanhã!
JINHO
Uau. Tanta bela só poderia ser vertida dos dedos de uma mulher! abraços
ResponderEliminarExistem homem a cantar esplendidamente a Mulher, mas tantas mulheres o fazem tão bem, porque donas da ancestralidade do que é ser mulher. O teu poema é excelente; mulher que nasce de outra mulher, e que vai aprendendo durante o o seu próprio crescimento, a reconhecer-se como mulher, dona desse poder da beleza e da vida, e ser de plena pertença a este mundo.
ResponderEliminarGostei muito! E fazes muito bem em celebrar os dias que apontaste. Eu no dia da Mulher fico um pouco triste, sobretudo devido ao fenómeno da violência doméstica, no entanto não há que baixar os braços!
xx
Os teus Dias não são hipócritas e os meus tamb+em não .Tal como de milhões de outras pessoas.
ResponderEliminarNo entanto, também são utilizados , estes Dias de..., para acalmarem pruridos de consciência de muita gente, infelizmente...
Querida Odete, um abraço e que tenhas feliz semana!
O dia em que nos encontramos e o hoje para te dar uma flor e um beijo com carinho
ResponderEliminarDia da Mulher, é desde que nasceu e continuará a ser até ao dia final; há alguma digninade ao desejar-se marcar um Dia especial, quando todos os dias são especiais.
ResponderEliminarComo podemos festejar as dores e as agruras?
Como bem dizes "[...A hipocrisia vê-se nos atos e gestos dos dias...]"
Parabéns a ti, MULHER.
Poema lindo.
Beijos
SOL
Uma Ode ao ser Pleno, a origem de tudo.
ResponderEliminarParabéns Odete, por ser mulher e por escrever dessa forma única.
Ah, Odete,
ResponderEliminarAbençoada inspiração de que tomou-se para compor este hino à mulher e para construir este post tão i-n-t-e-n-s-o.
Lindo.
Frontal.
Como deve ser.
;)
Um poema muito inspirado, amiga.
ResponderEliminar"Eras menina e havia nos teus olhos tanta fé que nem o céu nem o mar excediam em grandeza o teu olhar. Depois foste mulher e aprendeste que crescer é lutar por não perder o direito de sonhar e tentar vencer"...
Um beijo.
Excelente poema....
ResponderEliminarCumprimentos
Amei esse poema lindo, Odete!
ResponderEliminarBeijos!
Olá
ResponderEliminarHoje, 14/03, quando Celebramos o Dia Nacional da Poesia ( no Brasil ) vim, saudar-te, e trazer-te um pedaço da minha alegria.
És grande, portanto, sóis poeta poetisa.
Que o dom da luz divina, te guarde proteja.
Um abraço, e desejos de Paz e muita Luz.
Odete , este seu poema dedicado às mulheres nos abraça e nos dá colo . Suas palavras tecidas com a sensibilidade que lhe é inerente nos presenteia . Muito obrigada . Beijos
ResponderEliminarBoa noite, Odete.
ResponderEliminarPoesia muito linda, forte, falando de cada momento de uma mulher, intenso.
Adorei no final tuas considerações sobre os "Dias de".
De fato, a hipocrisia somente existe no coração de algumas pessoas, e não no nosso que desnuda a nossa alma a escrever.
Tenha uma excelente semana de paz.
Beijos na alma..
Todo dia é o dia da mulher. Somos internacionalmente dia a dia! Amei o texto!... AbraçO
ResponderEliminarEU,
ResponderEliminaraqui vê-se a poetisa mulher, imortalizando mais uma vez as qualidades deste ser o qual Deus escolheu para nos por no mundo!
Eu sou eternamente grato!
Um abração carioca.
Todos os dias são dias devotados às mulheres e ao que elas sabem fazer melhor: dar amor. Fora os aniversários, outras datas não me dizem muito, porque celebram sempre qualquer coisa convencionada. Os sentimentos não se convencionam. O ventre que gera vida, gera também um amor incondicional e primitivo, a protecção, o instinto , a força. É isso que descreve o género no feminino.
ResponderEliminarBeijinho, minha querida. Como sempre , adorei ler. Não sou tão assídua como gostaria, mas não gosto de ler na transversal e depois mais vale tarde do que nunca. :)
Um " eu" curioso por este outro " eu". E há "eus" com tais afinidades que no fim sorrimos .
ResponderEliminarUm gosto Eu, recebê-la na casa deste "eu"
Boa noite, Odete,
ResponderEliminarlindíssimo poema que nos passa com palavras os ciclos de vida da mulher em sua efêmera existência, sua analogia com o vermelho da paixão e de ser mulher. Metáforas muito bem construídas que deram sabor ao poema. Beijos!
Belos versos, ditados por sua sensibilidade e talento. Seus "dias de ..." foram muito bem escolhidos. As comemorações, quando nascem do íntimo, são verdadeiras. O que nunca aprovei é a utilização desses "dias de " para finalidades escusas e interesses questionáveis. bjs.
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