Chego a casa. Tarde. O dia foi longo mas pequeno para tanta
grandeza literária. Tenho muitos dias assim, mas nem sempre os presenteio com
um registo que os diferencie na memória. Como esta não se compadece com o tempo
e, desconfiando da sua fidelidade para com esses dias, perante a concorrência
de outros que vivi ou viverei, preciso de lhes dar, em palavras, o tempo de antena
que merecem. É que os dias são tal e qual os amigos ciumentos: se se fala de
uns, os outros logo pensam que os desgostamos ou preterimos. Afinal, cada um de
nós, traz em si, uma poderosa central informativa, onde os conteúdos se
digladiam para ter honras de primeira página! Desta vez, abriram o meu
telejornal 28 e 29 de maio, dias iniciais da Feira do Livro da minha cidade. Uma
cidade em que muitas das pedras se moldaram em flores e oliveiras e que o rio,
agora sereno, aconchegou. Contam histórias e cantam versos. São também as
raízes que, a dado momento, se emaranham na palavra memorial de transmontanos
que se bastam e alimentam neste reino maravilhoso, cantado pelo nosso Miguel
Torga.
Patrícia Aires (A música do Rio, romance), José Maldonado (Vinho
Novo da Pipa Velha, poesia) e Cidália Fernandes (A Casa da Lua, romance), foram
o rosto das suas obras, brilhantemente apresentadas por, respetivamente, Maria Gentil
Vaz, Goreti Dias/Dionísio Dinis e Padre Mário de Oliveira, sendo os momentos
marcados com apontamentos musicais, também respetivamente, Grupo de Cavaquinhos
da Universidade Sénior Rotary de Mirandela e a nossa excelente Esproarte; a obra de Victor Rocha, esteve em foco através de uma entrevista informal (Goreti
Dias); por último, refiro a minha presença, com um breve tributo à terra e à
região, dizendo quatro poemas meus, acompanhada por um professor e um aluno da
Esproarte, momento que apelidei de Mira(n)delas.
E é com estes e tantos outros eventos de qualidade que,
teimosamente, se faz valer uma região, viveiro de homens de alma elevada e,
quantos, mesmo visionários. Talvez porque foram (somos e seremos) compelidos a
olhar para lá dos montes. E não, não estou a ser presunçosa! Se o valor das
gentes nascidas em territórios mais isolados fosse devidamente respeitado,
ainda que singelos anónimos, não haveria lugar a tolices como as de um alguém,
que, ironia do destino, ouvi ao chegar a casa. Tarde, como referi. Mas tão
cheia! Bendito alimento pois que, dele, não advém o pecado da gula!
Diz-se que uma imagem vale por mil palavras. Não estas que aqui
vos deixo, porquanto as palavras, nestes dois dias, fizeram a festa e ecoaram
para lá do espaço da Feira. E o meu Tua aplaudiu. Pelo menos eu ouvi…
Odete Ferreira – 30-05-16
Belíssimo relato que gostei de acompanhar com a leitura
ResponderEliminaraqui,tu sabes somos aquarianas e eu não tenho muita paciência
para ciumeiras, mas que existem, existem....rss
Esta tua última foto com a amostra das pernas, amiga
tu tens uma beleza rara, super em forma, corpinho e
mente brilhantes, qual é a receita da juventude?...rss
Não revele a receita, são receitas que devem ficar
em segredo...rss
Beijos, querida.
~~~
ResponderEliminarGostei muito do teu texto, das excelentes notícias da tua
cidade natal e da simpática reportagem fotográfica,
No seguimento de uma altercação com um jornalista amigo,
senti-me compelida a defender Trás-os-Montes, pelo que,
recorri à memória de raízes torguianas que constam da
minha última publicação.
O amigo foi um dos primeiros a concordar com a homenagem.
Continuação de sucessos e dias alegres e brilhantes para
ti e para a tua cidade.
Grande abraço afetuoso.
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Belo o rio da nossa aldeia
ResponderEliminarnem imaginas minha satisfação por reconhecer na tua "reportagem" fotográfica, alguns rostos do meus "bons velhos tempos" de Liceu.
ResponderEliminarenfim, tanto quanto a distância o permite afirmar...
parabéns pela iniciativa.
são gestos assim que nos permitem olhar por cima do Marão.
(ou através dos túneis)
beijo
Mereces! Um dia de festa em grande. Parabéns.
ResponderEliminarBjs
Só hoje me apercebi deste texto que ainda não tinha lido. Deve ter sido um dia/noite muito bonito. Não conheço Mirandela, infelizmente Trás-os-Montes e Alentejo conheço muito pouco.
ResponderEliminarUm abraço e parabéns pela reportagem
Parabéns por estares a colaborar com esse evento cultural na tua terra. Fica-se com a esperança de que nem tudo está tão mau como parece. As fotografias são excelentes. E o Tua correu com a serenidade que as pedras lhe pediram...
ResponderEliminarUm beijo.
Engrandecida e Honrada seja a Terra que tão bons Filhos tem.
ResponderEliminarA força que tens, a mostras doando(-te).
Parabéns.
Beijo
SOL
Nesse evento, em que participaste tão empenhadamente, tenho a certeza que o Tua se sentiu cortejado.
ResponderEliminarEm boa onda andas tu, Odete.
Um beijinho :)
Com a energia que te cerca , tudo fica com
ResponderEliminarmais juventude junto de ti . Depois... As nossas raízes! Como elas nos falam !
Ótimo trabalho Odete
Abraço !