quinta-feira, 30 de junho de 2016

Rendição


Obra de Lauri Blank

Não sei se é o remanso de um sol tardio,
se a moleza das palavras lerdas no pensamento.
Ou se saber-te escondido na rosa rubra da lapela.

Assim sendo, tomam as palavras a rédea
e seguem, a trote, as veredas.
Folgam apenas os instantes necessários
para beberricar das fontes oferecidas
(à beira dos caminhos cumprem a sua obrigação:
dar tempo ao destempero do passo apressado).

Se me atento em alguma premissa,
perseguindo uma eventual lógica,
não deduzo, não infiro,
mero exercício silogístico.

São assim os momentos límbicos,
não avançam, nem recuam,
pairam para lá dos abismos,
sabedores do fraco equilíbrio das pontes.

Mas, quando em mim se eriçar o pulsar,
é porque saíste da rosa rubra da lapela.
E o fogo, em língua azul mar,
consome-se em céus de boca,
vermelhos de poentes incendiados.

OF – 21-06-16

8 comentários:

  1. Belo poema...Espectacular....
    Cumprimentos

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  2. Ah , deixa que as palavras tomem a rédea do teu esvoaçar , porque os teus voos são por demais deliciosos para se aquietarem nas copas . Se perderem o fôlego , destronam os pensamentos que tão bem sabes soltar !
    Grande poema , Odete
    Abraço !:)

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  3. Prolongam-se e saboreiam-se os momentos límbicos
    num inseguro distanciamento do qual se conhece bem
    o desfecho, quando a formalidade se puser de lado...
    É esta a minha leitura, mas o que é realmente
    importante é a imensa qualidade verbal, formal
    e estética deste belíssimo poema.
    ~~~~ Abraço, Poeta amiga ~~~~

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  4. Querida Odete,

    Um poema belíssimo e de uma sensualidade delicada
    inscrita da tua excelência poética.

    Quanto a te proporcionar a conhecer a arte de Lauri Blank,
    fico alegre de tu dizeres que ficaste fã dela. Quanto a mim,
    sou fã da arte dela e fã da tua arte poética também.
    Na questão as vistas no blog, já expressei várias vezes,
    nos conhecemos desde o inicio dos nossos blogs e sem
    nenhuma pressão de comentar, apenas a nossa amizade
    e admiração poética mútua, certo!...
    Beijo.

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  5. Muito belo, o poema, onde as palavras tomam as rédeas e voam em busca do encantamento e "pairam para lá dos abismos,sabedores do fraco equilíbrio das pontes."
    Um beijo.

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  6. OI ODETE!
    PALAVRAS QUE POR SI SÓ, SÃO UM POEMA, NÃO PRECISAM DE INTERPRETAÇÃO, BASTE SEREM SENTIDAS.
    LINDO AMIGA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  7. As Palavras e os Poemas sempre cavalgam nos sentidos; o Amor, esse, fica preso das fontes que o dessedentam.



    Beijo
    SOL

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