sexta-feira, 23 de junho de 2017

De profundis

De profundis

Queimam-nos as palavras, por estes dias.
Numa dor que arde para lá dos dedos.
Gritam os silêncios, lancinantes.
Sabemos, agora, do inferno.
E da imolação de almas inocentes.

Têm nome, os cemitérios negros.
E o luto será expiação permanente.
As coisas tiveram posse e raízes verdes.
Os lugares, o espírito das pessoas.
As pedras, quando purificadas pelas águas,
contarão do suplício humano
e do inferno sem redenção.

Por elas, saberemos da cegueira dos homens,
do choro seco e da palavra ardida.
Do tição que ainda há pouco fora vida…

OF (Odete Ferreira) - 21-06-17
Por opção, não quis o poema acompanhado de qualquer imagem

16 comentários:

  1. Muito bonita esta homenagem e ao mesmo tempo um grito de dor e revolta.
    Um abraço e boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  2. Há noites intermináveis
    Bj

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  3. Minha querida, a dor é tão grande....

    Abraço apertado

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  4. O dia do longo desespero não se apagará da memória dos vivos.
    Abraço e bom fim-de-semana

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  5. Um poema que nos lembra o que não podemos esquecer. Tudo. O fogo queimou-nos o coração e as nossas lágrimas não podem apagá-lo...
    Um beijo, minha querida Amiga.

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  6. Boa tarde, Odete.
    Triste homenagem ao terror que ocorreu em Portugal.
    Uma dor que não tem como ser esquecida.
    Só Deus para ajudar a confortar os familiares.
    Sua poesia ficou perfeita!
    Beijos na alma.

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  7. Triste, muito triste, Odete! Não precisaria de fotos, já vimos o suficiente aquele horror. Penso ser impossível esquecer, mesmo com o passar de muitos anos. A imaginação não se faz, o que ficou não sairá da retina.
    Beijo, querida.

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  8. Hay que estar hecho de piedra de granito para no sentirse espantado aante el horror de esas muertes en la fiereza de las llamas. No solo es la muerte, es también el espanto de cómo se han producido esas muertes. Que descansen los cuerpos en paz pero nunca se les podrá olvidar. Un abrazo. Franziska

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  9. Olá Odete,
    Lancinante poema o teu De profundis.

    "Sabemos, agora, do inferno"
    que não sabemos!
    Imaginamos vermelho, negro, cinza,
    mas por mais que pintemos
    nunca lhe saberemos a cor,
    nem o silvo que se eleva da dor.

    Bj.

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  10. Uma homenagem que se lê com um soluço entalado na garganta.
    Foram dias de horror para sempre inesquecíveis.
    Belas as tuas palavras, e óptima a opção de não foto.
    Dias felizes para ti e linda família.

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS




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  11. Um acontecimento que vai perdurar na nossa memória.
    O poema é excelente. Nunca o fazes por menos...
    Odete, um bom fim de semana.
    Abraço.

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  12. Obrigada, amiga, por expressares tão bem o que me vai no coração.

    Beijinhos

    Olinda

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  13. Negros tempos, escurecidos por uma falsa luz: a do efémero da ribalta.
    O poema tocou-me, Odete.

    Um beijinho :)

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  14. Dilacerante, mas perfeito e belíssimo, querida poetisa.
    Ainda não me recompus e tenho dificuldade de encontrar
    temas adequados para o meu blogue...
    Grande abraço de muito pesar.
    ~~~~~~~~~

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  15. Uma homenagem belíssima, assinalando este acontecimento tão trágico, que tão breve não será esquecido... esperemos que também, por quem deverá apurar as respectivas responsabilidades...
    Gostei imenso deste tocante trabalho! Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  16. E eu torno a partilhar amiga...Infelizmente!!! Bjs

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