Foto, Odete Ferreira
É sempre um sentimento de
plenitude, quando aqui me sento; o rio pausado no descanso das margens largas,
abertas ao acolhimento gracioso; a esplanada despretensiosa e despreconceituosa,
cenário perfeito para qualquer enredo e personagem; o som alternativo,
emergente de emoções que só este adentramento permite; a postura sorridente que
capto e captura as palavras, libertando-as para, de imediato, as aprisionar no
escrito, testemunha de uma possível definição de felicidade…
E todas as inquietações
capitulam.
E todos os sorrisos são
risos loucos.
E todos os rostos amados
se endeusam.
E todas as almas que não
retive em momentos como este, são o quase, o senão para a assunção da
felicidade em estado sólido.
E humidifica-me o seu
estado líquido, barrento, como tempestade castigadora.
Mesmo nestes momentos. De poesia. Imperfeita, em todo o caso…
Mesmo nestes momentos. De poesia. Imperfeita, em todo o caso…
(25-06-17)
… e para os casos em que todas as vozes castradas de uma réstia
de bom senso se atropelam nas tragicomédias destes tempos. Definitivamente, o
acessório saltou para a ribalta. Porque os olhos (e os ouvidos) se tornam, cada
vez mais, fúteis. E, assim sendo, o essencial é domínio dos raros. Que serão os
novos loucos a precisar de instituir uma outra sanidade…
Odete Ferreira
(30-06-17)
*as datas são relevantes
no escrito
Há lugares assim, como os que falas na primeira parte do teu poema. Como se a paisagem agasalhasse a infância e a memória estivesse repleta de ternura.
ResponderEliminarDizes bem, quando continuas o poema que "o acessório saltou para a ribalta". E nós não vivemos para consentir frases inúteis em torno dos dias...Dois estados de espírito tão diferentes, Odete.
Uma boa semana.
Um beijo.
É bom ter um local assim, onde o copo se encontra com a alma. Mas... e lá vem o inevitável mas, não podemos construir à nossa volta uma torre que nos isole de todo o sofrimento que vai pelo mundo e que de uma maneiro ou de outra sempre nos atinge.
ResponderEliminarAbraço
Como te entendo! Que a lucidez nunca nos falte, Odete.
ResponderEliminarUm beijinho :)
" E, assim sendo, o essencial é domínio dos raros. Que serão os novos loucos a precisar de instituir uma outra sanidade…"
ResponderEliminarForte tuas palavras, e tão verdadeiras... E tão contemporâneas! Encaixa no tempo, nas horas, em todos.
Beijo, querida amiga.
Gostei muito da primeira fotografia que ilustra muito bem o texto e o rio quando corre calmo e tranquilo transmite-nos paz de espírito.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Minha querida, estamos em tempo de Kay Yuga, sem dúvida...
ResponderEliminarQue esse teu refúgio te acolha sempre em paz e serenidade!
Carinhoso abraço
Bonita fotografía a contraluz y es así como, a veces está el alma, volviéndole la espalda a la luz de las emociones. Un abrazo. Franziska
ResponderEliminarSentimo-nos sempre bem na contemplação de uma vastidão de água...
ResponderEliminarAfirmam que o facto se deve ao tempo em que fomos seres aquáticos, na matriz e na história da evolução...
Que o teu amado Tua continue a relaxar-te e a encantar-te...
Sejamos, então, os novos loucos...
Os afetos são sempre profundamente essenciais.
Beijinhos, num dia em relembro arte e beijos...
~~~~
olá, os loucos contribuíram de uma maneira ou de outra para a evolução do mundo, não se pode viver isolado, viver com lucidez, é necessária em todas as situações, que venha mais contribuição dos bons loucos.
ResponderEliminarFeliz fim de semana,
AG
O problema é que somos grandes consumidores do que é acessório (é quase como se déssemos às crianças apenas as comidas que elas preferem). Assim sendo, há uma indústria montada para o acessório e que é altamente rentável...
ResponderEliminarMagnífico texto, gostei imenso.
Odete, um bom fim de semana.
Beijo
Odete , estou voltando ao espaço dos amigos depois de um mês de muito trabalho . Vir aqui é sempre ser presenteada com sua escrita que nos prende e emociona . Obrigada . Beijos e boa semana .
ResponderEliminarQuerida Odete,
ResponderEliminarAdorei o título; a sanidade acontece neste processo de
sentir-ser sã em qualquer idade...rss
Como tem saúde, luz e sentir contagiante a tua escrita, minha amiga:
"E todos os risos são risos loucos"...
A sanidade é a lucidez das escolhas para a expressividade de
"uma loucura" por dentro que seja altiva em relação a
"Todas as vozes castradas de uma réstia de bom senso"...
Adorei estes teus dois registros poéticos, filosóficos
e arte, arte sempre!
Saudades e gosto muitoo de ocê! (como se diz na minha terrinha...rss).
Semana luminosa para ti!
Bjos.
Amiga
ResponderEliminarJá andei por este post umas quantas vezes. Tantas que estava convencida de que já o tinha comentado. Mas não. O que fiz foi deter-me naquela varanda, olhando o rio, ouvindo palavras que me fizessem entrar na pele da autora. E, não foi difícil olhar à minha/nossa volta pelos seus olhos, porque ela nos transmite emoções enredando-nos na sua poesia de forma irremediável e gratificante.
Detive-me nas datas, importantes, no caso, para a sua escrita. Escrutinei-as. Procurei adivinhar nelas algo que me fizessem transcender o momento, algo de muito grandioso ou o seu contrário. Consegui-o? Como numa paleta de cores cuja gradação ultrapassa a nossa imaginação percebi que só uma artista poderia traçar um quadro tão perfeito de modo a deixar-nos perceber as falhas com que somos brindados, a loucura dos nossos dias, a necessidade de palco para aqueles que conseguem banalizar as nossas tragédias.
Obrigada, querida Odete.
Bj
Olinda
Um texto muito belo e assertivo!... Do qual, ficarei com algumas palavras debaixo de olho, para as destacar lá no meu canto, com o correspondente link para aqui... se não vir qualquer inconveniente, Odete, qualquer dia destes!...
ResponderEliminarTambém eu estava convencida de que tinha comentado este post... mas o que tenho a certeza de ter feito antes... foi de o ter anotado, no meu caderninho de destaques...
Parabéns, por mais um trabalho notável!
Beijinhos
Ana