Se custou? Em absoluto!
Sinto-me como peixe na água, ou melhor, como aquariana num aquário ilimitado de
água e tempo! A cadência da contagem mental, medindo a distância, manteve-se
ágil. As bordas esbranquiçadas ainda marcam os limites conforme a maré; as
ondas permanecem leves como os espíritos que as seguem. O corpo… O corpo é
ainda de água a escorrer a malícia do sal benfazejo…
Toquei uma das rochas e o
contentamento rebentou, incontrolado, iluminando o rosto e ostentando, sem
pudor, as marcas da idade. Durante anos, o conjunto de rochas desiguais,
delimitando a praia, foi uma espécie de meta, a marca da superação da caminhada
praia afora. Daí que, o gesto simbólico do toque, soubesse ao rebuçado que ainda me
é permitido saborear. E, por largos momentos, a sensação de festa não teve
idade, apenas um experimento emotivo, o único que sustém o tempo e mantém as
asas de anjo…
E todos os pensamentos se
assemelhavam, se repetiam, teimando em reproduzir as memórias de verões (sobretudo
pela Figueirinha, Portinho da Arrábida e Tróia) com o rebento a apalpar a
areia, a chapinhar, a desafiar o mundo azul. Curiosamente, este ano, o olhar só
ia na direção da cumplicidade entre avós e netos. E os ouvidos engatilhavam
diálogos a partir da doçura das palavras, intensificada pelas bolas de berlim,
que os netos e as netas mais crescidos aceitavam prontamente. Ora, férias são férias. E não se deve recusar ofertas duplamente saborosas dos avós!
Tontices e lamechices… E é
tanto!
Odete Ferreira, 18 de
julho de 2017
Fotos de Odete Ferreira
Um apontamento sobre o regresso
à praia de Monte Gordo, após alguns anos de ausência.
Onde me atrevo a nadar sem receio…
O hábito de deixar chapéus de
sol, cadeiras e toalhas na praia, à hora de almoço, mantém-se.
Maravilha de consideração sobre tempo, idade, netos e avós! Cumplicidade é a sustentação de toda essa sinceridade. Fotos que nos embelezam mente e espírito.
ResponderEliminarAbraço.
Gostei deste teu regresso à praia de Monte Gordo. Posso imaginar-te a mimar os netos e a interiorizar todas as coisas diferentes que encontraste e os velhos hábitos que se vão mantendo. Consigo entender que "por largos momentos, a sensação de festa não teve idade".
ResponderEliminarFantástico o teu texto, Odete.
Um beijo.
Boa tarde, Odete, que linda paisagem, que bela recordação.
ResponderEliminarBelíssima praia de Monte Gordo, nome diferente. Nada melhor que estar com seus filhos e netos, viver a cumplicidade de estar em família. Penso sempre como será ser avó, mas não sei se terei netos, pois a idade está avançando e nada rssssssssssss. Belíssima postagem. Bj!
Fico muito feliz por ti...
ResponderEliminarContinuação de um Verão muito agradável, gozando as doçuras
do teu novo e veterano estatuto familiar.
Abraço, estimada amiga.
~~~~
Olha que bom aqui tão perto! Férias são férias, já deves ter apanhado montes de conquilhas.
ResponderEliminarContinua feliz rodeada de gente feliz.
Bjs
Quanta ternura há nessas suas Tontices e lamechices, Odete!
ResponderEliminarE quanta beleza e tranquilidade nas praias de suas férias!
Lamento dizer que aqui, o gesto de deixar objetos na praia e sair para almoçar é impraticável, rsss!
Beijos!
Olá, andou pertinho de mim, possivelmente até estivemos perto um do outro, quando temos a beleza para desfrutar diariamente, não ligamos muito (meu caso), quando estamos afastados e volta-se a desfrutar é o encantamento, foi pena não a encontrar, certamente que aceitava o convite para uma mariscada algarvia para a Odete e família, no TAPAS.
ResponderEliminarContinuação de boa semana,
AG
Lindo teu texto! Mas vendo o que você fez, sair para almoçar e deixar várias coisas esperando sua volta... tive de rir, aqui não é possível fazer isso! rs
ResponderEliminarBeijo, Odete, dias felizes pra você, sempre. Linda praia!
Gosto das praias com rochas e algas, com cheiro a maresia e ricas em iodo. Não são boas para nadar, mas são óptimas para estar, principalmente no inverno e com rebentação bem forte. Estou a falar de algumas praias do Minho, por exemplo, cuja água a 16ºC até faz doer os ossos...
ResponderEliminarMas, por deveres familiares, acabo por frequentar muito mais as praias sem cheiro, sem rochas e quase sem ondas... Mas são muito boas para brincar com os netos ou para ler à sombra de um guarda-sol...
Gostei do texto, aqui e ali com ondas poéticas...
Bom fim de semana, amiga Odete.
Um abraço.
Um texto fantástico! Parabéns! :)
ResponderEliminarSim, amiga, toda aquariana adora água (mar, rio, piscina...)...rss
ResponderEliminarTão bela a tua narrativa, com a poesia no fluxo das ondas do
pensamento a partilhar teus momentos alegres com os teus
afetos raízes-familiares. As tontices e lamechices são sabores
especiais e essenciais a vida!
Adorei a partilha!!
Bjos.
Odete, ainda não havia lido crônica literária de tamanha solidez poética. E fico confuso em saber como classificar este teu texto. Para mim é um poema narrativo ou uma prosa poética feita não a plágio, mas à moda de Fernando Pessoa em um dos seus heterônimos. Sempre admirei os teus textos, mas este é por demais especial. Somente uma pessoa ligada à área da Educação poderia escrever tão veemente exemplar do cotidiano atual, passado, futuro e extemporâneo quando a arte é eternizada pela solidez da construção, como as pirâmides ou as palavras do profeta que são mais estáveis que a estrelas do céu. Creia em mim - estou extasiado pelo deleite deste poema indefinido. Grande abraço e minha admiração.
ResponderEliminarUm texto belíssimo, repleto de doçura, ternura, alguma nostalgia, cumplicidades... e lamechices... que só cada um saberá o quanto significam... e o quanto nos são essenciais!
ResponderEliminarAdorei cada palavra, Odete!
Beijinhos! Desejando-lhe óptimos dias de férias, aí a Sul...
Ana
Figueirinha, Arrábida e Tróia, as minhas praias favoritas, as praias que banham a minha cidade de Setúbal cidade do rio azul.
ResponderEliminarEspero que tenha tido umas belas e agradáveis férias.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Odete , sou repetitiva mas adoro vir aqui e saborear suas palavras . Como disse a amiga Suzete , também aquariana como
ResponderEliminarnós , a água nos encanta e apazigua . Grata pela partilha . Beijos
As tuas palavras tiveram ainda hoje- que já é Setembro bem fresco- o mesmo bailado das ondas que ainda te brindam com a alegria da tua graciosidade !
ResponderEliminarUm texto tão maravilhosamente visualista, sem deixar de ser descritivo...que te sorri, daqui! Gosta do teu estilo, Odete!
Abraço, amiga!