Obra de Tomasz Alen Kopera
Sossego-me
de vida em gesto lento,
apascentando
colos de verde alimento.
Há
corpos cansados em varandas de espera,
tardinhas
secas, dessecadas, moribundas,
Já nada
resta do que foi uma praça.
Despega-se
a saudade do seu sentido.
É ao
vazio que se cantam loas
de
silêncio, de olhar mudo, de boca caída,
na
apatia de escombros adormecidos.
Pelas
ruas que já foram,
Cuido
das flores azuis, sobreviventes,
testemunhas
de sonhos recentes
e da
crença na inalterabilidade dos elementos.
São
ares a quebrar vidros,
instantes
de roncos intestinos,
ira de
deuses proscritos
da
perfeita ideia legada.
Falha
nossa. Pela boca morrem os atos.
Talvez
sejam avisos, mensagens cifradas
no
livro da Terra inscritas,
mas ao
senso do Homem cerradas.
Que não
se perturbem os silêncios emprestados.
São
eles que nos permitem o caminho.
OF (Odete Ferreira) – 31-08-16
Muito denso mas belo
ResponderEliminarUm poema para desbravar devagar
Cá estarei
Bom dia, pelo poema que entra na perfeição como as testemunhas de sonhos recentes.
ResponderEliminarContinuação de boa semana,
AG
Ops!! Que belíssimo poema, Odete! Gostei imenso, amiga!
ResponderEliminarÉ para ler, reler como um bom vinho, degustado devagar.
Um dos mais belos que li por aqui. Um ótimo domingo, Odete.
Aplausos!
bjs
"Talvez sejam avisos, mensagens cifradas
no livro da Terra inscritas,
mas ao senso do Homem cerradas.
Que não se perturbem os silêncios emprestados.
São eles que nos permitem o caminho."
Que maravilha , Odete . Adorei . Beijos e boa semana .
ResponderEliminarPoema enigmático, profundo e transcorre metaforicamente tão
ResponderEliminarbelo sobre a existência, transcender as mortes (perdas...)
e renascer dos nossos silêncios "emprestados" (genial isso, não
somos donos de nada, o ego que pensa, erroneamente...), "são eles
que nos permitem o caminho".
A vida é uma passagem, viagem e é tão bom não ter bagagem (pesos...)
e levemente seguir como voo do fênix e renascer sempre!...
A imagem escolhida belíssima e harmônica com o título
neste todo de obra de arte que sempre nos oferece, querida amiga!
Beijinhos.
Belíssimo poema, Odete! Parabéns! Eu gosto muito dessas rimas ocasionais sem muita rigidez de composição que muitas vezes engessa a forma e tolhe a poesia em aparecer. Muito bom. Meus cumprimentos! Abraço fraterno. Laerte.
ResponderEliminarEm tempo - venho agradecer seus cumprimentos pelo meu aniversário. Minha gratidão. Laerte.
EliminarVejo no teu poema toda a tristeza dolorida pelas vastas
ResponderEliminarregiões carbonizadas do nosso país e o sofrimento de quem
ficou privado do seu ambiente e dos seus haveres...
Uma urdidura singular de sentires expressos em versos e
estrofes assaz eloquentes, onde não faltou uma ironia ao
imenso burburinho da avaliação de responsabilidades.
Sinto-me em sintonia com o teus sentimentos...
O poema está magnífico pela forma elevada da abordagem e
pela memória do imenso sofrimento do que é irrecuperável.
Grande abraço, Odete amiga.
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Votos de continuação de boa semana,
ResponderEliminarAG
"Talvez sejam avisos, mensagens cifradas
ResponderEliminarno livro da Terra inscritas,
mas ao senso do Homem cerradas.
Que não se perturbem os silêncios emprestados.
São eles que nos permitem o caminho."
Gostei deste final que me parece a síntese perfeita do poema todo. Muito bom, Odete.
Um beijo.
Li e reli e penso haver leituras mais ou menos perceptíveis, mas será a poeta que guardará o significado profundo da obra. Contudo, logo pelo título, somos arrastados para o destino fatídico a que, parece,estamos condenados: os incêndios.
ResponderEliminarSente-se o voo de Fênix a pairar sobre as nossas cabeças e, consigo, a fatalidade da imolação.
Grato pela presenca no meu lugar.
Bjs.
Li e reli. Com gesto lento...
ResponderEliminarE gostei muito, muitíssimo. A tua poesia é genial.
Bom fim de semana, amiga Odete.
E boas férias, se for o caso.
Beijo.
Que belo poema minha amiga, um poema para ler e reler.
ResponderEliminarGostei bastante da ilustração escolhida para este poema.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Chegou domingo e persistem as sombras que escureceu este verão. Voltei a ler o teu poema inspirado, brilhante.
ResponderEliminarBjs.
Os nossos silêncios são tão culpados como os actos que eles permitem. Difícil o renascimento das cinzas e o recolocar das pedras, cimentando o que já foi e talvez não volte jamais. Talvez se preencha o vazio com outras histórias arrancadas de folhas queimadas revolteadas pelo vento.
ResponderEliminarBeijinhos.
Olinda
Um poema muito belo e profundo... talvez uma alusão ao nosso Portugal mais profundo... cada vez mais desertificado das suas gentes... e mais recentemente, do pouco verde que lhe ia restando... mas que teima em não se deixar desaparecer por completo... renascendo, nem que seja sob a forma de pequenas flores azuis...
ResponderEliminarMais um trabalho notável, que apreciei imenso, Odete!
Beijinhos! Continuação de dias felizes, aí a Sul...
Tudo de bom!
Ana