segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Momento(s)


Obra de Pawel Kuczynski

Momento(s) - XXX

A vida aparece de sopetão.
Engano nosso se pensamos tê-la na mão.
Por isso os caminhos são tão sinuosos,
preguiçosos,
sorrateiros,
matreiros.
Raposas de orelhas arrebitadas,
rindo a bandeiras despregadas
quando o corpo marca marcas zangadas.

Raiva centrifugada
num processo mental.
Escorre liquefeita
enformada numa alma
depurada da maleita.

E segue-se outro caminho,
diferente do indiferente
mundo de verbal diarreia…

OF, 27-06-14  

25 comentários:

  1. Olá Odete,
    Arrasou. Estrondosas palavras tão bem niveladas e certeiras.
    Bj amg

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  2. "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Beijos

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  3. "Raiva centrifugada" não é o que sinto, a minha está concentrada cada vez mais!!

    Gostei muito do poema, amiga, e te deixo grande abraço.

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  4. Belo poema sobre a vida e os caminhos com surpresas ao virar de cada esquina. Quando pensamos que podemos controlar as bermas, acabamos por nelas derrapar. Centrifugue-se a raiva e a desilusão, aposte-se noutro caminho alheio à "verbal diarreia" que de nada servirá.
    Gostei do poema, muito incisivo, e a forma como o ilustraste tem tudo a ver com o poema.
    Boa semana, Odete!
    xx

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  5. Os caminhos são sempre diferentes. Mas, dado que todos eles vão dar a qualquer lado, acabam por ser bastante parecidos. Sinuosos, preguiçosos, etc., etc.
    E o teu poema também é parecido com os que já li teus, mas só na excelência poética das tuas palavras, que é uma constante.
    Tem uma boa semana, querida amiga Odete.
    Beijo.

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  6. As obras do artista falam, são como alertas e provocam reflexão. Bela escolha!
    Alguns se perdem nas curvas da vida, por imaginá-la um caminho certo. Jamais a teremos em nossas mãos, eis que nos apresenta surpresas a todo instante. Faz com que, satisfeitos ou não, mudemos o rumo. E para isso, não podemos perder o prumo. Momentos se sucedem e todos deixam marcas, sejam de riso, sejam de dor. Seus versos são especiais. Bjs.

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  7. E que este novo Caminho seja sempre um caminho verdadeiro!

    Muitos abraços, Poeta!!!

    Jorge Vicente

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  8. Por isso eu acredito no destino.
    Desiluda-se quem pensa que pode orientar toda a vida a seu bel prazer.
    Há tantas condicionantes a "levar-nos" por caminhos inimagináveis!...
    Mas o teu excelente poema di-lo muito melhor do que eu... (eu, Miguel, entenda-se... , não EU...)
    Que tenhas dias muito felizes.
    Um beijo
    Miguel

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  9. Perfeito, Odete!
    E a vida é tão curta...

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  10. Boa tarde, os caminhos mudam e transforma-se inesperadamente, na vida tudo pode ser planeado mas não evita o inesperado.
    AG

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  11. Olá Odete,
    Pura ilusão acharmos que a nossa vida esta em nossas mãos. De repente tudo muda, nossos planos, nossas ideias, nossos conceitos. Então vamos viver cada dia como se fosse único e fazer dele nosso instante de felicidade plena...
    Lindo poema! Adorei!
    Beijos com carinho
    Marilene

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  12. Feliz momento de inspiração, querida Odete! Bem assertivo!
    Momentos díspares, como se o mundo entrasse em verbal diarreia! É mesmo o que apetece dizer! Andamos tão enjoados!
    Beijinhos, amiga!

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  13. São tantos os nossos caminhos, são tantos os nossos momentos e tão belo é esse poema.
    Odete, amor, paz e alegria!

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  14. Palavras fortes e sábias, bem ilustradas pelas imagens de Kuczynski, que ilustram em verso esta realidade prosaica.
    Beijoca.

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  15. Oi tia vim te agradecer pelo seu carinho.
    Andava sumida pois o pc da minha avó estava na UTI e junto com ele foi o meu E-mail, mas enfim tudo resolvido.
    Eis-me aqui matando as saudades e saboreando desta maravilhosa leitura.
    Obrigada por partilhar conosco.

    Bjsss

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  16. Odete , comungo com suas palavras . Excelente , como sempre , seu texto . Agradeço a partilha e suas generosas visitas ao meu espaço . Belo final de semana . Beijos

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  17. Olá. EU
    Bom tudo.

    Vim, desejar-te, um fim de semana, bem bom.
    Muita Paz. Desejos de alegria. Certeza sim, que independente da tua religiosidade, o Criador, está sempre de plantão, olhando por mim e por ti, e nos convidando, a refletir sempre, que o melhor do mundo, somos nós, os seres humanos. Por isso, somos humanos e, criados, à sua semelhança.
    Dito isto, te convido a vim " cumê' um "manuê" cá no meu blogue.
    Um abraço.

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  18. A vida com caminhos e descaminhos que temos de trilhar...
    Um beijo.

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  19. Os caminhos e os sentimentos nem sempre nos conduzem ao que "conhecemos"; sabemos que havemos de percorrê-los e senti-los, mas os resultados podem ser bem diferentes.
    Não vale a centrifugação da raiva. Ela se esvai com o tempo.
    Belo Poema.


    Beijos.


    SOL

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  20. Saudades saudades saudades de vir aqui. Perdi-te encontrei-te nao te deixo nunc mais. Andei perdida tb
    E iz-me que é fito da Nina? Perdi-lhe o rasto, quero encontrá.la.
    Kis kis kis
    Saudades!

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  21. OI ODETE!
    ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO ONDE SOMOS FORÇADOS A OUVIR VERDADEIRAS DIARREIAS VERBAIS, PRINCIPALMENTE VINDAS DE POLÍTICOS, HAJA PACIÊNCIA.
    BONITO E INSTIGANTE TEU POEMA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  22. Sempre tão generosas as palavras que me deixam!
    Por tal sou-vos grata.
    Apraz-me dizer que, sobretudo se tenho pouco tempo disponível para escrever, rabisco um "Momento", geralmente um estado de alma, um sentir, Vale o que vale. Depois de divulgado, também é vosso...
    Bjo, amig@s :)

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  23. Soneto-acróstico
    À poeta

    À essa poeta fecunda deveras
    Ousada em rima e pensamento
    De certo modo também esperas
    Encantar-se com esse portento.

    Tudo que ela escreve é retidão
    Em sua obra há um certo primor
    Faz da poesia perfeito galardão
    E nos versos vestígios de calor.

    Raiva demais, que centrifugada
    Rareia na razão inversa da ideia
    Em torno de algo ou quase nada.

    Indiferente à universal diarreia
    Ri de maneira insana alucinada
    Ainda que perceba sua plateia.

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