terça-feira, 16 de agosto de 2016

Momentos improváveis


- Sabes quanto custam as carteiras desta marca?*
- Eu não, eu nem conheço o c…… da marca!
- ???
- Não, eu quando vou às compras, vou direta às lojas x e y. Custam-me pouco a ganhar 50 euros, quanto mais andar a saber de marcas! Olha, a minha mochilinha custou 5 euros!
(…)
Gosto destes momentos improváveis: sentada numa esplanada à cata de conversas banais, mas que são o quotidiano de gente tão comum quanto eu, nas quais o palavrão adquire estatuto de português vernáculo. E, acreditem, este excerto da conversa, foi uma leve amostra!
Entretanto, chegam à mesa as francesinhas pedidas; os meus vizinhos deste espaço social, dois jovens casais e uma linda menina aparentando 2 aninhos, atacaram-nas com visível saudade do seu sabor ou do sabor deste descontraído convívio. Saudades lusas, certamente! É que, de vez em quando, soltavam-se algumas palavras do país vizinho…
*Contextualizando: nas festas da cidade, verifiquei que se vendiam bem as carteiras de “marca” e, tal como uma das jovens, confesso que também não conheço a maior parte delas. Mas, em abono da verdade, o gato passava bem pela lebre! Pelo menos a olho nu!

Odete Ferreira - 14-08-16 
(O breve relato não tem outra intenção que não o registo de momentos que me deliciam; por isso privilegio, no verão, a ida a uma esplanada "comum" para tomar o meu café de final da manhã; de vez em quando, apanho conversas para todos os gostos. Esta foi bem apimentada!)

16 comentários:

  1. Olá, Odete.
    Dão tema para pequenas crónicas ou descompromissadas divagações.
    bj amg

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  2. Também gosto desses "momentos improváveis", Odete. O olhar atento aos outros. Não só às palavras, mas às atitudes. E para o bem ou para o mal é sempre extraordinariamente interessante. Gostei da reflexão...
    Um beijo.

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  3. saudade de uma francesinha, carago! - e dessa "pronúncia do norte"...

    um gosto grande em ler-te
    em qualquer registo.

    beijo

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  4. Sentei na tua mesa para este café neste momento improvável,
    as palavras de uma excelente escritora nos coloca
    dentro do cenário-vida!...

    Sempre um momento especial aqui em viajar
    na tua encantadora literatura.

    Beijo, querida!

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  5. Os momentos improváveis podem ser deliciosos, sim


    Beijinhos, amiga

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  6. Se estivermos atentos, ouvem-se coisas interessantes numa esplanada...
    Odete, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

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  7. Também gosto desses momentos improváveis. Infelizmente agora só vou ao café quando o rei faz anos... O café em casa sai-me muito mais barato, mas perde esse encanto.
    Um abraço

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  8. O registo perfeito e bem humorado de um momento
    de carisma deliciosamente luso, com o tempero
    quente da nossa formidável 'Invicta'...
    Grata por estes excelentes momentos de leitura. Muito prováveis...
    Beijinho sorridente, Odete.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~

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  9. O mundo, à nossa volta, tem uma eterna capacidade de nos surpreender, por maior que seja o cepticismo.
    Bela crónica, Odete!

    Um beijinho :)

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  10. Boa tarde, no desfrutar do prazer de uma esplanada inesperado também pode acontecer, julgo que as conversas serem ou não banais é relativo, para mim as conversas banais são aqueles debates na televisão ou na radio que a maioria dos ouvinte não perceberam nada do que falado, foi banal falar só para eles e não para o ouvinte.
    Bom fim de semana,
    AG

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  11. Bom dia, Odete

    Eu também gosto muito de prestar atenção ao que me rodeia.
    Nos transportes públicos e em outras situações como
    filas, aprecio a vida que ali se desenrola e vou aprendendo
    com isso.

    Obrigada.
    Bj
    Olinda

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  12. Retorno para salientar a irrelevância de certas marcas na qualidade do nosso viver. Mas, e todos sabemos o porquê, as ervas daninhas encontram "saudável" pousio em qualquer lugar. Exige-se, cada vez mais, a sabedoria necessária.

    Um beijinho :)

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  13. Gostei desta observação e deste momento improvável que se tornou o contrário.
    Vim através da mão de Majo.
    Gostei muito da tela do post seguinte.
    Foi um prazer visitá-la.
    Boa semana!:))

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  14. Boa tarde, Odete, sabe que pareceu-me estar por perto e também ouvi a conversa, você realmente captou bem um momento que seria apenas, algo sem valor, mas com sua maestria o colocou no centro da Literatura. Abraço!

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  15. Hoje , se estivesse mais "provável", leria tudo o não pude ler.
    Há momentos de "faits divers" que valem quantas carteiras, Odete!
    Bem apanhado esse teu olhar perspicaz!
    Abraço!

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  16. Os olhos foram criados para ver, os ouvidos para escutar e a personalidade é única... a observar.
    Não ajuízo dos preços da carteira, da mochila, mas das "coisas" que se dizem sem sentido provável.
    Pertinente o teu texto.
    Parabéns.

    Beijo
    SOL

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