Obra de
Edward Hopper
Desceu-te
a noite. Mas era tão clara
a hora
marcada nas tuas primaveras.
Tremor
a travar teus ruidosos passos,
os
francos sorrisos. Até a pressa
da
raiva, no momento.
Assaltou-te
a mudez. Tu que eras
a
loquacidade de todos os espaços
e a
promessa das vozes perdidas
nos
becos. Escuros. Mas onde
deixavas
archotes vivos.
Cobriu-te
a dor. Ferida exposta
a
tantos rostos desconhecidos,
mas
iguais na nudez do corpo,
nas
marcas disfarçadas pelos cuidadores
da
dignidade arrancada – quando? –
na
emboscada da vida.
Pesou-te
a derrota.
Capitulou
o orgulho de seres.
Visionaste
o fim do império construído.
O vale,
onde as lágrimas eram criação,
secou-te
o húmus e perdeste a fé
na
eternidade dos montes. Teus!
Visitou-te
o rio. Dele bebeste
a força
de todas as nascentes
e as
palavras que o homem inventou
para se
ancorar.
E nele
lavaste a roupa ensanguentada.
Vestida
de branco e olhar de lua,
estendeste
o braço. Pacientemente.
Naquela
sala, iniciaste a luta. A tua!
OF (Odete Ferreira) – 19-10-16
É preciso erguermo-nos sempre e reiniciarmos a luta,
ResponderEliminarpor mais destrutiva que tenha sido a queda...
Há um tom épico no poema, que o torna ainda mais belo,
incentivador e expressivo.
Grande abraço, Poeta amiga.
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Gostaria de partilhar contigo a postagem que publiquei no dia 19/10/16, no meu blog A CASA DA MARIQUINHAS/, que assinala o meu regresso à blogosfera após as férias.
ResponderEliminarDesde já o meu “Bem hajas!”
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
PS – Desculpa o “copy & paste”
Levantada do chão
ResponderEliminarGostei do seu poema
Bj
Às vezes é preciso quase morrer. É preciso desarticular o medo, transgredir todas as solidões para encontrar o rio que purifique todas as sedes...
ResponderEliminarTão belo, o poema, Odete! A pintura de Hopper ilustra-o muito bem.
Um beijo.
Pois... cada um tem a sua luta. E quase sempre ela começa pelas noites. Bjjjssss!
ResponderEliminarPortei-me bem e vim ver esta coisa linda de se ler!...
ResponderEliminarDesce o verso a ti. "Desceu-te a noite. Mas era tão clara
ResponderEliminara hora marcada nas tuas primaveras."
A vida e o decorrer dos seus dias vai deixando marcas, algumas tão profundas que, em algum momento, há que iniciar "a luta".
ResponderEliminarE isso pode acontecer até mesmo numa sala...
Gostei muito deste poema.
Agradeço os comentários acerca do conto que publiquei em três episódios. E fico feliz por teres gostado.
Obrigada, amiga.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Um poema grandioso, provoca a reflexão profunda e veste
ResponderEliminara noite como silêncio inquietante, questionamentos que
se deixam ir na nudez da alma...
Maravilhoso, num todo de arte: poema e a imagem que
se comunicam em harmonia e completude.
Um final de semana luminoso e alto astral, querida Odete!
Beijo.
É assim. Só se levanta quem cai. A força para a luta advém do sofrimento que se venceu.
ResponderEliminarUm abraço
Pois é, querida Odete, muitas vezes fico pensando como a vida traz desgraça exagerada a muitos, e que mereceriam uma vida mansa, mais leve, pois são almas tão boas. E me pergunto, mas quem nos disse que viemos nesse planetinha para passearmos, para vivermos felizes sempre?
ResponderEliminarBelo seu poema, gostei, e é bom pensarmos.
Beijo, amiga.
Que bonito, parabéns mais uma vez...Beijinho
ResponderEliminarMinha amiga, que belo este teu poema!
ResponderEliminarTemos mesmo seguir em frente , enfrentando as amarguras.
Apertado abraço
Tenho alguma dificuldade em comentar este belo poema, mas não queria passar por aqui sem deixar a minha presença, e como diz a Elvira e com razão, só se levanta quem cai.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
É triste, muito triste quando já não conseguimos valer-nos a nós próprios e que apesar do amor e da amizade dos cuidadores das nossas dores, a nossa dignidade fica exposta. Trata-se de uma nudez sem volta. As palavras, todas as palavras inventadas num "dia claro" despem-se de sentido. Apenas restará a essência nossa evolada num plano quase inacessível.
ResponderEliminarUm belo Poema, cara Odete. A tua escrita me encanta.
Beijinhos
Olinda
Bom dia, Odete, seu poema me levou às lágrimas, senti cada palavra, pareceu-me estar vivendo a situação da derrota ou do final da esperança. São tantas as leituras que podemos fazer nesta sua escrita, mas o que senti vivenciei no coração. Grande abraço!
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