Obra de Lauri Blank
Nunca
soube dizer-te adeus.
A
magnitude da tua luz
ofusca
o meu próprio brilho
e só em
recantos escuros
surjo
vestida de branco
e pele
curtida pelo teu tempo.
Há um
durante que esbofeteia
a
inércia acumulada pela tua ausência.
Toco as
marcas da tua presença
como
languidez de noites possessas,
como
dança em ondas espreguiçadeiras,
areal
de branda ondulação,
sussurros
inconfidentes,
enquanto
me tomo
de água, ar e vento,
esvoaçando
entre
tules azuis
e o
azul do teu olhar
límpido
apenas
turvado pelas miragens
onde me
afundo.
Guiam-me
as velas de cheiros
e a
música intimista
que vagueia
pelo sentido de mim.
Nunca
saberei dizer-te adeus.
Enquanto
for, ser-te-ei fiel.
De uma
fidelidade entalada no berço do sono,
entre
estações
que se
revezam numa espera serena.
E
brindo, despedindo-me.
E
brindo, vestindo-me de outras cores.
OF (Odete Ferreira) – 21-09-16
Não costumo pedir nada mas, desta vez, atrevo-me: quem passar por esta partilha e não tenha estado nesta http://portate-mal.blogspot.pt/2016/09/visitacao.html
gostava muito que não a ignorassem. Obrigada.
Já por diversas vezes comentei que não tenho jeito nenhum para comentar poesia. É verdade. A poesia lê-se, sente-se ou não, emociona-nos ou não, entende-se ou não. Mas para comentá-la, não basta isso. É preciso que se vista a pele de quem a escreveu. E não é fácil. daí que eu me limite a dizer. Gostei muito.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Um poema-confissão de um grande amor que não mede o tempo da espera para se concretizar. Tocantes versos no enfoque da fidelidade!
ResponderEliminarAbraço.
Há fidelidades que duram uma vida.
ResponderEliminarAssociei logo a história do filme Titanic...
Amores assim, tão intensos, perduram além de tudo.
Uma criação poética singular, de um lirismo emocionante!
O desenrolar de um tema pungente em estrofes diáfanas e sensuais.
Fico comovida e grata por nos deixares mais um poema de rara beleza.
~~~ Abraço, querida amiga. ~~~
muito belo teu poema, Odete
ResponderEliminarprivilégio esta partilha.
grato.
beijo
O mais importante é ser feliz, dizia a minha mãe...
ResponderEliminarUm excelente poema, quase confessional, em que se pode intuir alguma mágoa... Estarei errada?
Uma boa semana.
Beijos.
Amiga Graça, apenas uma criação poética. :)
EliminarNunca se despede um sentimento.
ResponderEliminarbj
Querida Odete,
ResponderEliminarA começar pelo o título que é lindo (no sentido de uma frase
afirmativa no afeto), com o efeito expressivo tão poético!...
O poema encantador, com uma imagética hipnotizante, uma melodia
e uma sensualidade cativante de uma beleza rara, poeta!
Bravo!!
Adorei!!
Beijos.
Ps: Acabei de responder ao seu último comentário lá, quando puder,
voei lá para ler...rss
Tantas cores nas suas palavras
ResponderEliminarBj
Bom dia Odete.
ResponderEliminarTantas vezes dizemos adeus enquanto o peito grita tantos "fica" e acabamos nos despedindo de nós também.
Você escreve com a alma, lindo demais o teu labor, feliz por ter chegado aqui.
Parabéns! Um abraço.
Não aprendi dizer adeus
ResponderEliminarNão sei se vou me acostumar
Olhando assim nos olhos teus
Sei que vai ficar nos meus
A marca desse olhar
Não tenho nada pra dizer
Só o silêncio vai falar por mim
Eu sei guardar a minha dor
Apesar de tanto amor vai ser
Melhor assim
Não aprendi dizer adeus
Mas tenho que aceitar
Que amores vêm e vão...
Conhece essa música brasileira Odete? É de um cantor sertanejo. Sua poesia me fez lembrar...
Beijuuss
perto da luz eu quero estar...
ResponderEliminargrande abraço amiga !
O que mais gosto em seus versos, é a propriedade com que retém a narrativa, provocando um desejo de tentar adivinhar o final.
ResponderEliminarNão, eu também, nunca saberei dizer adeus a teus poemas, Odete!
Beijão!
Li também Visitação.
EliminarSimplesmente excelente!
Encantada com sua sensibilidade à flor da pele em cada verso lido . Obrigada pela partilha , sempre . Beijos
ResponderEliminarCriação poeta magnífica, minha amiga. A demonstrar que és uma poeta que sabe encontrar nas palavras todos os sentimentos, próprios ou alheios...
ResponderEliminarObrigada e um beijo.
Sentimos, mas nem sempre conseguimos colocar em palavras a grandiosidade do que nos vai na alma. Maravilhoso, como sempre. Enquanto nos abraça o afeto, impossível dizer adeus. Bjs.
ResponderEliminarDizer adeus não é fácil.
ResponderEliminarE o melhor mesmo é nunca o dizer...
Excelente poema, querida amiga, gostei imenso.
Odete, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Bom dia, lindo poema, seu dom poético é enorme, é preferível dizer até já do que um adeus.
ResponderEliminarBom domingo,
AG
O conceito de adeus, apesar de aparentar simplicidade, tem muito que se lhe diga. Parece-me o caso, em que, para uma mãe, todo e qualquer voo da sua cria é quase um derradeiro adeus. Nunca o é, a não ser em circunstâncias trágicas, mas o amor de mãe, o mais profundo de que há conhecimento, tem estas cambiantes: a sua cria, fruto que, para se começar a assumir, teve que lhe "rasgar" as entranhas, num acto do que de melhor tem o primitivo, vai-se separando dela, ganhando carta de alforria. Mas, para uma mãe, dê as voltas que o mundo der, será sempre o fruto de si, amor incondicional até ao fim dos dias.
ResponderEliminar(Caramba, Odete, estou emocionado...!)
Um beijinho :)
Resto de feliz semana,
ResponderEliminarAG
ResponderEliminarNo acto de dizer adeus vai parte de nós. Desgarrados, os momentos já vividos e os que estão para vir entram em conflito, trazendo-nos a sensação de que um mundo hostil e sem luz tomará conta de nós.
Beijinhos
Olinda
E eu também nunca saberei dizer! Não fui moldada para despedidas, nem curtas, nem longas, nem para sempre. Me dá uma tristeza, um aperto, um nó dolorido demais.
ResponderEliminarAplausos pra você, Odete!
beijo.