Obra de Paula Rego
Cala-se a voz, emudece um povo,
chora a
terra, enluta-se um país,
nódoas
de dor, olhos de gato judiado,
teias
de sublevação a nascer
quando
das escuras es-quinas
espreitam
tochas a refulgir o brio perdido.
Silenciosas
noites, fervilhantes poemas,
metáforas
encapuçadas, hipocrisias descaradas,
bailados
de cadeiras, tiranias apalavradas,
quando
pela palavra se amordaça a língua.
Afoitam-se
os passos nos paços dos abutres
esperando
a madrugada redentora.
Há um
cravo vermelho na seiva primeira,
cravado
na espinha dorsal da Lusitânia,
no
jardim de pinhais e cânticos de vontade
donde
os rijos mastros saíram para navegar.
De vez
em quando amoucha-se o cravo vermelho
e o
sangue que o alimenta esvai-se de vergonha.
De
novo, tremem os passos nos paços dos abutres,
chamando
a madrugada redentora.
A
liberdade medra em terra de pão,
a
independência é gente de largo chão.
OF –01-12-16
Belíssimo este poema, com que assinala o dia da restauração. Um grito de alerta, uma pedrada no charco dos abutres, que nos rondam.
ResponderEliminarUm abraço
Muito bonito amiga Odete,e com tanto sentido...Pois na realidade, continuamos rodeados de abutres, que nos vão comendo até ao nosso íntimo!!!
ResponderEliminarMaravilhoso poema, Odete. No Brasil é bem pior. O mundo está sem moral? Ou o planeta está lotado como uma gaiola de doidos. Parabéns! Abraço fraterno. Laerte.
ResponderEliminarO teu poema é lindissimo...
ResponderEliminarQuanto a Paula Rego não lhe aprecio a obra.
Beijinhos e feliz Dezembro
Um dia será outro dia
ResponderEliminarnos mastros mais altos
"gente de largo chão" tantas vezes, ao longo da sua história, pioneiro...
ResponderEliminarbeijo
Um canto dum realismo intensamente cru e impressionante!
ResponderEliminarE eu pensando que tínhamos ultrapassado o tempo do opróbio,
que vivíamos um tempo de muita esperança e que lenta, mas
seguramente, íamos recuperando o brio e a nossa soberania...
Como tenho vivido nas nuvens! Fico grata por me colocares
de sobreaviso...
O poema está de uma magistralidade espantosa e o monstrinho
da Paula Rego ficou ótimo como ilustração do desespero...
Por agora, vivamos o Advento em solidariedade, com a certeza
que só o amor e a arte nos poderão ajudar a consolidar a
nossa força.
~~~ Abraço, querida amiga ~~~
"a independência é gente de largo chão." Que nunca se cale a voz de quem assim nos alerta para os perigos de um país que emudece. Um poema com imensa força, Odete. A pintura da Paula Rego "a mulher cão" vai muito bem a ilustrar as tuas palavras.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Seu belo poema, Odete, bem poderia ser dedicado a este país irmão, que tal qual uma galera à deriva, navega num mar de águas turvas!
ResponderEliminarMas aí, na terra dos descobridores de continentes, os cravos vencerão os abutres mais uma vez!
Beijos e boa semana!
Odete, minha amiga
ResponderEliminarEste poema, além de muito bonito (com beleza, pura e simples) é duma força inaudita. Nada melhor - para assinalar a data da Restauração da nossa Independência.
A Liberdade e a Independência têm que andar de mão dada, mas precisam ser muito protegidas, em permanente alerta, porque os abutres espreitam a cada canto...
Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Boa tarde!
ResponderEliminarEstou passando para deixar um abraço fraterno!
Maria alice
http://www.mariaalicecerqueira.com.br/
OI ODETE!
ResponderEliminarPARECE=ME QUE O MUNDO ESTÁ SE DEBATENDO E NÓS,MEROS JOGUETES NAS MÃOS DE POUCOS QUE NOS TOMARAM PELO CABRESTO.
AQUI NO BRASIL, TAMBÉM ESTÁ UM CAOS. O POVO VAI AS RUAS, GRITA, CONSEGUE ALGUMA COISA E QUANDO VEMOS, NA CALADA DA NOITE OS ABUTRES ENSAIAM OUTRO GOLPE.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Um poema que é um grito de luta e liberdade.
ResponderEliminarMuito belo e empolgante.
Um beijinho Odete
A tua força e energia está estampada neste teu grito . Interessante que ao ler pareceu poesia apropriada para um hino ! De resto a "dança " continua haja ou não geringonça. Nada se perde , tudo se recria ! Fantástico Odete . Abraço !
ResponderEliminarUma poesia que serve tão bem ao meu Brasil também! Abração
ResponderEliminarMinha amiga,
ResponderEliminarUm poema de excelência (sempre aqui...) e de uma
inspiração que grita pela voz do povo, que quase
sempre roubada nos seus direitos de igualdade
democrática.
A imagem escolhida é perfeita para o poema,
na força da intervenção da "gente de largo chão".
Um momento de leitura único e grata por este momento!
Bjos.
Olá, caríssima amiga! Como tem passado?
ResponderEliminarVenho desejar-lhe uma excelente Quadra Natalícia!
Bjjjjsss!
Um puro grito de desespero, de indignação, de dor! Serve para teu país, serve para meu Brasil. Grito de tudo, de revolta. A obra está maravilhosa no sentido de casar com a situação, realista. Parabéns, amiga!
ResponderEliminarE sem gritos, na fusão das nossas vontades, deixo a você os meus votos de saúde, de mais alegria, de paz, de justiça.
Beijo, amiga!E digo-lhe obrigada amiga por tão bom intercâmbio!